![]() | Um estudo de 2017, publicado na revista Science, revelou que, ao longo da história humana, geramos e descartamos 6,3 bilhões de toneladas métricas de polímero plástico. Apenas 9% dessa enorme quantidade foi reciclada, enquanto 12% foram incineradas. O que aconteceu com o resto? Você adivinhou: acabaram em aterros sanitários ou lixões, apodrecendo. E cerca de 10% dos resíduos dos aterros sanitários acabaram indo para o litoral e, por fim, para o mar ajudando a aumentar ainda mais "A Grande Mancha de Lixo do Pacífico". |

Oito anos depois, a situação não melhorou e, na verdade, piorou. Alguns governos proclamaram iniciativas de "plástico zero". No entanto, as fábricas ainda produzem 400 milhões de toneladas de plástico anualmente, agravando o acúmulo de resíduos.
E só recentemente descobrimos que os plásticos se decompõem em microplásticos. Os fragmentos menores que 5 milímetros se tornaram outra preocupação ambiental. Tanto que quase rivalizam com a gravidade da crise climática.
Sabemos também que microplásticos se alojaram em todos os cantos do mundo. Cientistas os encontraram na terra, no mar e até no ar. Na verdade, eles também se infiltraram no corpo humano, habitando a corrente sanguínea, o coração, os pulmões e até mesmo a placenta.
Houve tentativas e esforços para resolver esse problema, como todos sabemos agora. Infelizmente, tais iniciativas às vezes têm resultados negativos. Isso é revelado em uma investigação de "greenwashing" liderada por pesquisadores da Unifesp.
Eles examinaram produtos supostamente biodegradáveis só para descobrir que nenhum deles atendia aos critérios mínimos para serem realmente consideradas biodegradáveis.
A verdade é que biodegradáveis ainda são plástico: destinam-se a uso de curta duração e, muitas vezes, permanecem no meio ambiente por muito tempo antes de se degradarem de fato. Depois de anos de conscientização sobre essa verdade simples, os pesquisadores da atualidade se convenceram que produzir plásticos com propriedades biodegradáveis não é uma solução para o lixo.
Alternativas descartáveis rotuladas como "compostáveis", "biodegradáveis" ou "de base biológica" são cada vez mais populares. Isso gera confusão não apenas entre os consumidores, mas também entre legisladores e ONGs.
Proibições ao plástico de uso único estão sendo introduzidas em todo o mundo, mas seus resultados serão diluídos se os plásticos "bio" receberem isenções inadequadas.
Plásticos "compostáveis" não desaparecem no meio ambiente. Eles requerem condições específicas para se biodegradar em usinas de compostagem industrial, como temperatura, microrganismos, oxigênio, umidade e tempo definidos.
Em condições naturais, os plásticos podem se biodegradar lentamente ou não se biodegradar, ou se fragmentar em microplásticos. De fato, a única maneira eficaz de lidar com a pressão que os plásticos exercem sobre os oceanos é reduzir seu uso, incentivar a reutilização e, como último recurso, reciclá-los.
Existe uma ampla gama de normas que especificam as condições para a biodegradação do plástico. Elas são utilizadas, por exemplo, para determinar a compostabilidade de plásticos, avaliar as características químicas, a ecotoxicidade e a degradação em compostagem industrial ou doméstica.
No entanto, ainda apresentam deficiências consideráveis, que, por sua vez, têm um grande impacto ambiental: se o método que descreve o comportamento de um produto plástico na composteira for imperfeito ou não refletir as condições da vida real, o produto simplesmente não é verdadeiramente compostável.
Aprimorar métodos de teste, regras e padrões para plásticos "biodegradáveis" e "compostáveis" é essencial e uma parte importante da pesquisa atual. Mas a única solução para combater a crise do plástico é reduzir sua produção.
Os formuladores de políticas devem promover produtos duradouros e abrir caminho para a eliminação de produtos plásticos leves e de vida curta, que inevitavelmente acabam se acumulando em nossos oceanos e no meio ambiente como microplásticos. É muito importante que esta mensagem seja ouvida e que os consumidores não sejam induzidos a acreditar no contrário por falsas alegações ecológicas em produtos plásticos.
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