O lago rosa que rende 60.000 toneladas de sal é mais salgado que o Mar Morto

Ao norte da península senegalesa de Cabo Verde, ao nordeste do país, há um lago de cor rosa brilhante, conhecido localmente como Lago Retba ou Lac Rose. O adjetivo "rosa" é por causa da cor de suas águas, que se tornam especialmente rosáceas durante a estação seca. O alto nível de salinidade permite que, assim como acontece no Mar Morto, as pessoas flutuem com facilidade. O lago é conhecido por fazer parte das muitas compilações de lugares mais surreais da Terra, mas também por trazer riscos consideráveis para os mineradores locais.

Em torno do lago, que ficou conhecido a nível mundial por ter sido a chegada do rally Paris-Dakar em quase todas suas edições, encontram-se pequenas empresas familiares de extração de sal.

A região gera 30 milhões de toneladas de sal anualmente. Cerca de um terço desse sal vem do leito seco do mar, e acaba em sabonetes, detergentes e sal de mesa.

Os principais perigos da extração de sal no Lago Retba incluem a contaminação da água por inundações, que prejudica o ecossistema e a economia local, e riscos à saúde, pois o contato prolongado com altas concentrações de sal pode ressecar e irritar a pele.

Muitos salineiros trabalham de 6-7 horas por dia no lago, que tem um teor de sal de cerca de 40% (maior que o do Mar Morto). A fim de proteger a pele, eles são obrigados a espalhar manteiga de carité sobre todo o corpo, que serve como um excelente emoliente usado para evitar danos nos tecidos.

Além disso, a infraestrutura de sal e os meios de subsistência podem ser destruídos, impactando a vida de coletores de sal, barqueiros e vendedores.

Inundações advindas das fortes chuvas causadas pelo aquecimento global geralmente alteram a composição química da água, afetando as algas que a tornam rosa e impactando o ecossistema local e a economia.

Ademais, a contaminação da água pelas inundações pode destruir o microbioma único do lago, ameaçando a salinidade e a qualidade para futuras colheitas de sal.

Inundações podem destruir montes de sal e outros bens materiais, causando perdas financeiras significativas para os produtores de sal.

A extração de sal pode gerar efluentes, que podem contaminar o solo e a água.
É importante notar que a extração de sal é uma atividade econômica crucial para a região, mas os riscos associados a ela precisam ser geridos de forma adequada para proteger o meio ambiente e a população local.

Em 2023, após uma grande enchente, o lago perdeu sua cor característica e parecia bem lamacento, mas em 2024 a salina se recuperou e o tom rosa voltou. trazendo hordas de turistas.

Mas o turismo tem sido uma bênção e uma maldição para este lago em medidas iguais. A remoção das dunas próximas para dar lugar a hotéis e casas de veraneio causou a erosão do lago.

Muitos desses empreendimentos não possuem um sistema de esgoto adequado, então despejam resíduos não tratados no lago, elevando os níveis de nitrato na água, às vezes até contaminando o sal.

Os cientistas temem que, se essas crostas de sal se tornarem inutilizáveis se não forem extraídas, elas podem preencher essa depressão e, dentro de alguns anos, o lago poderá desaparecer para sempre.

Embora o Senegal seja a maior produtor de sal da África Ocidental, gerando cerca de meio milhão de toneladas por ano, globalmente não está entre as 10 maiores. A China é a maior fabricante, produzindo 53 milhões de toneladas de sal por ano, seguida pelos EUA e pela Índia.