![]() | As galinhas (Gallus gallus domesticus), os famosos faisões galiformes, são tão onipresentes no nosso mundo que nos esquecemos que um dia eram animais selvagens que foram domesticados. De fato, existem na atualidade vários países onde ainda existem galinhas-vermelhas-da-selva (Gallus gallus) , as ancestrais da galinha doméstica. Elas são encontradas principalmente na Ásia, em países como Bangladesh, Camboja, Vietnã, Tailândia, Malásia, Nepal, Vietnã e Indonésia, além de algumas ilhas no sudeste asiático. |

E como dá para apreciar pela foto acima, elas não são muito diferentes da galinha-comum, a não ser que são menores mais majestosas, coloridas, ariscas esquivas e os galos, conhecidos como bsanquivas ou bravos, são muito afressivos.
Dia desses estava vendo um sobre a vida desgraçada de mães solteiras vietnamitas, quando de repente apareceu uma jovem caçando um galo-banquiva. Uma cena muito incomum que muitos usuários do Youtube não entenderam porque não sabiam o contexto.
Algumas galinhas domésticas conseguem sobreviver na natureza se as condições forem adequadas, encontrando alimento e abrigo por conta própria.
Essas são as galinhas-ferais, que fugiram de algum galinheiro e voltaram a ciscar em liberdade no mato. Elas podem ser encontradas em muitos lugares ao redor do mundo, incluindo o Brasil, Estados Unidos América Central e até mesmo em algumas áreas da Europa e da África.
Essas galinhas-ferais são protegidas em algumas regiões, como no Havaí, onde são consideradas uma atração turística.
Os anais do antigo rei egípcio Tutemés III descreviam uma maravilhosa ave estrangeira que "dá à luz diariamente". Os zoroastristas as viam como espíritos cujos gritos revelavam a luta cósmica entre a escuridão e a luz.
Os romanos as levavam em suas campanhas militares para prever o sucesso de batalhas futuras. E hoje, essa ave ainda ocupa uma posição importante, embora muito menos honrosa, em nossos pratos.
Como dizíamos, a galinha moderna descende principalmente da galinha-vermelha-da-selva e, em parte, de três outras espécies intimamente relacionadas, todas nativas da Índia e do Sudeste Asiático.
Os bambus da região produzem enormes quantidades de frutos apenas uma vez a cada poucas décadas. A capacidade das galinhas-selvagens de botar ovos diariamente pode ter evoluído para aproveitar esses banquetes raros, aumentando sua população quando a comida era abundante.
Isso era algo que os humanos podiam explorar de forma consistente, e a fraca capacidade de voo das aves e a limitada necessidade de espaço as tornavam fáceis de capturar e conter.
As primeiras galinhas domesticadas, datando de pelo menos 7.000 anos atrás, não foram criadas para alimentação, mas para algo considerado menos saboroso hoje em dia.
A agressividade dos machos reprodutores, mantida no galo-bravo-vermelho, armados com esporas naturais nas pernas, tornou as brigas de galo um entretenimento popular.
Por volta do segundo milênio a.C., as galinhas se espalharam do Vale do Indo para a China e o Oriente Médio para ocupar os zoológicos reais e serem usadas em rituais religiosos. Mas foi no Egito que o próximo capítulo da história da ave começou.
Quando uma galinha choca ovos naturalmente, ela para de botar novos e fica em uma "ninhada" de 6 ou mais ovos por 21 dias.
Em meados do primeiro milênio a.C., os egípcios aprenderam a incubar ovos de galinha artificialmente, colocando-os em cestos sobre cinzas quentes.
Isso liberou as galinhas para continuarem botando ovos diariamente, e o que antes era uma iguaria real ou oferenda religiosa tornou-se uma refeição comum.
Na mesma época em que os egípcios incubavam ovos, os mercadores fenícios introduziram as galinhas na Europa, onde elas rapidamente se tornaram parte essencial da criação de animais europeia.
No entanto, por muito tempo, o status reverenciado da galinha continuou a existir ao lado do seu valor culinário.
Os antigos gregos usavam galos de briga como exemplos inspiradores para jovens soldados. Os romanos consultavam as galinhas como oráculos. E até o século VII, a galinha era considerada um símbolo do cristianismo.
Ao longo dos séculos seguintes, as galinhas acompanharam os humanos aonde quer que fossem, espalhando-se pelo mundo por meio do comércio, da conquista e da colonização.
Após as Guerras do Ópio, raças chinesas foram levadas para a Inglaterra e cruzadas com galinhas locais. Isso deu origem a um fenômeno chamado "Febre da Galinha" ou "A Fantasia", com agricultores de toda a Europa se esforçando para criar novas variedades com combinações específicas de características.
Essa tendência também chamou a atenção de um certo Charles Darwin, que se perguntou se um processo de reprodução seletiva semelhante ocorreria na natureza.
Darwin observaria centenas de galinhas enquanto finalizava seu trabalho histórico que introduziu a teoria da Evolução.
Mas a maior contribuição da galinha para a ciência ainda estava por vir.
No início do século XX, um trio de cientistas britânicos conduziu um extenso cruzamento de galinhas, com base nos estudos de Gregor Mendel sobre herança genética.
Com sua alta diversidade genética, muitas características distintas e apenas 7 meses entre gerações, as galinhas eram o tema perfeito.
Esse trabalho resultou no famoso Quadrado de Punnett, usado para mostrar os genótipos que resultariam do cruzamento de um determinado par.
Desde então, inúmeras iniciativas de reprodução tornaram as galinhas maiores e mais carnudas, permitindo que elas botassem mais ovos do que nunca.
Enquanto isso, a produção de frangos mudou para um modelo industrial, semelhante a uma fábrica, com as aves criadas em espaços com uma pegada ecológica não maior que uma folha de papel.
E embora tenha havido uma mudança para a criação ao ar livre devido aos direitos dos animais e preocupações ambientais, a maioria dos mais de 22 bilhões de frangos do mundo hoje são criados em granjas industriais.
As primeiras galinhas chegaram ao Brasil com os exploradores portugueses em 1500. Essas aves foram trazidas ao país durante o período colonial e desde então se tornaram uma fonte vital de alimento no Brasil.
De gladiadores e presentes aos deuses, a companheiros de viagem e objetos de pesquisa, os frangos desempenharam muitos papéis ao longo dos séculos.
E embora possam não ter surgido antes do proverbial ovo, a fascinante história das galinhas nos diz muito sobre a nossa.
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