O hino 'Bohemian Rhapsody' do Queen encontra uma nova voz em zulu

Tenho quase certeza de que, se Freddie Mercury estivesse vivo para assistir a este vídeo e experimentar a versão zulu da obra-prima de sua banda Queen, "Bohemian Rhapsody", ele ficaria absolutamente encantado. Acho que um dos principais objetivos de uma versão cover -fazer com que ela se destaque por si só- é que o novo artista tome posse da música e a torne sua. Este cover faz isso magnificamente e se seu exagero é uma homenagem deliberada ao falecido e grande Freddie, quem pode dizer?

Entra em cena o Coro Jovem Ndlovu, de Limpopo, África do Sul, que traz uma nova dimensão refrescante à canção mais conhecida do Queen. Sua versão em isiZulu -o prefixo isi é usado em zulu para indicar um idioma- de "Bohemian Rhapsody", não é um exercício de mimetismo, mas uma suave retomada da peça, mesclando tradições corais com um dos épicos mais reconhecíveis do rock.

O resultado é surpreendentemente natural: as harmonias se encaixam confortavelmente na estrutura da canção, enquanto a mudança de linguagem confere aos versos familiares uma textura diferente.

Ela soa ao mesmo tempo respeitosa ao original e silenciosamente confiante em sua própria identidade, que é exatamente o que a destaca. Você não precisa saber uma palavra de isiZulu para sentir seu espírito, embora a tradução adicione outra camada de riqueza e alguns versos sejam mantidos em seu inglês original, e você sai com a sensação de que esta é uma canção que ainda tem muito espaço para viajar.

O Coro Jovem Ndlovu alcançou fama internacional no America's Got Talent em 2019, e depois lançou esse novo projeto ousado.

É a primeira vez que o Queen autoriza uma tradução do icônico hino do rock.O diretor artístico do coral, Ralf Schmitt, afirma que os membros sobreviventes da banda e o Mercury Phoenix Trust deram sua aprovação.

O lançamento acontece durante o 50º aniversário de "Bohemian Rhapsody". Ralf conta que a ideia de criar uma versão africana surgiu enquanto o grupo trabalhava na Tanzânia.

- "Claro, Freddie Mercury nasceu Farrokh Bulsara na Cidade de Pedra em Zanzibar", disse ele. Mais tarde, a família de Freddie mudou-se para a Grã-Bretanha, e ele nunca mais retornou à ilha africana onde nasceu.

Ainda que não haja nenhuma evidência direta ou menção de que Freddie tivesse um gosto específico pela música Zulu, seus anos de formação na Tanzânia, o expuseram a um rico ambiente cultural com diversas influências musicais, como cantos suaílis e ritmos africanos, que provavelmente moldaram seu estilo musical eclético. Suas experiências de infância na ilha, repletas de sons e ritmos de seu ambiente, teriam contribuído para a diversidade de sua música.

Para Sandile Majola, membro do coral, que ajudou meticulosamente a traduzir a música para o zulu, o projeto tinha um significado profundo.

- "Abordamos a tradução com o máximo cuidado, mantendo-a o mais fiel possível ao original", disse ele. - "Dar vida a esta música na minha própria língua deu-lhe um significado totalmente novo para mim."

Para alguns membros, a música foi uma descoberta completa. A vocalista Lungelo Masango disse que nunca tinha nem ouvido falar da música nem da banda. O verdadeiro desafio, segundo ela, foi adaptar a letra para o zulu:

- "As palavras em zulu são muito longas. Você tem que encontrar as palavras certas, porque a mensagem ainda precisa ser a mesma."

O processo de tradução levou anos, e algumas letras surreais, como a famosa "Galileo, Galileo!, permanecem em inglês. A nova versão se inspira em tradições musicais africanas, desde estilos locais como isicathamiya até o swing congolês de kwassa kwassa.