Dolinas podem surgir do nada, mas são mais comuns do que as pessoas pensam

Um sumidouro é uma depressão ou buraco no solo causado por alguma forma de colapso da camada superficial. O termo às vezes é usado para se referir a dolinas, depressões fechadas e a aberturas onde a água da superfície entra em passagens subterrâneas conhecidas como ponor, buraco de andorinha ou andorinha .Um cenote é um tipo de sumidouro que expõe as águas subterrâneas por baixo. Sumidouro e sumidouro de riacho são termos mais gerais para locais que drenam água da superfície, possivelmente por infiltração em sedimentos ou rochas esfareladas.

O Grande Buraco Azul, próximo à ilha de Cayo Ambergris, em Belize, é uma dolina marinha.

Era uma manhã chuvosa de 11 de dezembro de 1995 no bairro de Sea Cliff, em São Francisco, nos Estados Unidos, quando a Terra se abriu. O solo subitamente cedeu, transformando-se em uma dolina de 12 metros de profundidade que engoliu uma garagem, parte de uma rua e uma mansão multimilionária, felizmente desocupada. Os sumidouros podem parecer surgir do nada, destruindo estradas ou até mesmo quarteirões inteiros em um piscar de olhos. E eles são mais comuns do que as pessoas costumam pensar.

Por exemplo, há muitas dolinas no Brasil, principalmente em regiões com rochas carbonáticas onde ocorre relevo cárstico, como as encontradas em Mato Grosso do Sul (Buraco das Araras), Bahia (Dolina do Lago Azul), e São Paulo (Vale do Ribeira).

Existem dezenas de milhares de dolinas somente no estado americano da Flórida, que variam de menos de um metro a mais de 100 metros de largura.

As dolinas se formam quando algo escava o espaço subterrâneo. E, na natureza, esse algo geralmente é a água da chuva que é tipicamente levemente ácida, podendo derreter o leito rochoso, formando cavidades e cavernas bem abaixo da superfície.

Neste ponto, pode não haver sinal de problema, mas, à medida que a água continua fluindo para as cavidades do leito rochoso, ela carrega consigo sedimentos e solo sobrejacentes, formando um buraco oculto nos sedimentos moles acima.

Esses sumidouros podem desabar sem aviso, especialmente se a camada superior que as oculta for rígida. Nesse caso, um veículo ou pedestre que passe por ali poderia ter peso suficiente para desencadear um colapso.

Por exemplo, no oeste da Flórida, em 2023, uma dolina se abriu repentinamente sob um carro que passava, prendendo seus dois passageiros em uma poça crescente de água lamacenta até que fossem resgatados.

Embora esses tipos de colapsos possam ser particularmente chocantes, muitas dolinas são menos notáveis, pois se desenvolvem ao longo de períodos mais longos. Elas podem se abrir gradualmente à medida que uma coluna de sedimento desce para uma cavidade abaixo ou quando a água se acumula em uma depressão rasa da rocha e a corrói lentamente.

Algumas condições podem tornar as dolinas mais prováveis. Elas frequentemente se formam em paisagens cársticas, ou regiões onde o leito rochoso é composto por calcário corroído pela água.

Isso ocorre porque o calcário é uma rocha carbonática, que se dissolve facilmente em ácido. Mas dolinas em paisagens cársticas nem sempre são desastres, algumas são maravilhas geológicas.

Os lendários cenotes da Península de Yucatán, no México, são dolinas cheias de água, usadas pelos antigos maias como locais de rituais e que se acreditava serem aberturas para o submundo.

E os sumidouros também podem ser poços profundos de biodiversidade. A 600 metros de profundidade, no fundo do maior sumidouro do mundo, o Xiaozhai Tiankeng, ou "Poço Celestial", na China, uma floresta intocada abriga um ecossistema distinto de plantas e animais raros, incluindo árvores de ginkgo e leopardos-nebulosos.

É claro que a maioria dos sumidouros não é considerada uma maravilha natural. Na verdade, muitos não são naturais. Um cano rompido entre os labirintos de encanamentos sob nossas cidades pode despejar água no solo e abrir um canal de escape para água carregada de sedimentos. Uma situação como essa foi o que levou ao sumidouro no bairro de Sea Cliff em 1995.

Mais recentemente, em 2007, na Cidade da Guatemala, a combinação de fortes tempestades e um vazamento na rede de esgoto causou a abertura de um sumidouro de 60 metros de profundidade no meio de uma rua da cidade, levando três vítimas.

E outras atividades humanas, como o bombeamento de água subterrânea e a perfuração em busca de combustíveis fósseis, também podem desencadear sumidouros.

Enquanto isso, as mudanças climáticas estão intensificando a seca e as chuvas em todo o mundo, que juntos podem escavar sumidouros com mais eficácia.

Tempestades são obviamente poderosos agentes de erosão. E as secas podem incentivar o colapso de sumidouros, baixando os lençóis freáticos, que ajudam a sustentar os sedimentos sobrejacentes.

Como muitos sumidouros são resultado da interferência humana, podemos preveni-los regulamentando a indústria, limitando a quantidade de água subterrânea que bombeamos e melhorando a manutenção dos sistemas de encanamento.

É até possível detectar potenciais sumidouros usando ferramentas como radar ou passando correntes elétricas pelo solo e medindo sua resistência.

Mas mesmo se encontrássemos todos os sumidouros escondidos abaixo da superfície hoje, em breve haveria mais para descobrir. A Terra pode parecer parada, mas há muita coisa acontecendo logo abaixo dos seus pés.