![]() | Alguns adeptos e admiradores da biologia evolutiva dizem que "tudo tem uma razão ou explicação de uma perspectiva evolucionária", mas não é bem assim. A evolução não é uma força consciente orientada a objetivos, senão que um processo cego que favorece características benéficas para a sobrevivência e reprodução em um determinado ambient.. Embora a evolução forneça uma estrutura para entender os fundamentos biológicos de alguns comportamentos complexos, essas ainda são áreas de pesquisa e debate em andamento, e muitos aspectos não podem ser totalmente explicados apenas pela biologia evolutiva. |

Embora a evolução biológica explique a diversidade da vida por meio de processos como seleção natural e deriva genética, no caso dos humanos ela não leva em conta todas as características biológicas ou comportamentos humanos complexos e fenômenos culturais.
Por exemplo, muitas ações humanas modernas, como tomar banho ou usar computadores, não são comportamentos intrínsecos à evolução, e algumas características são resultado de mutações aleatórias ou são características adaptativas.
Uma explicação científica requer evidências, e os cientistas são honestos sobre o que ainda não é conhecido ou explicado "assim ou assado". A ausência de uma explicação evolutiva clara para algo não significa que o fenômeno seja impossível ou que a evolução esteja incorreta.
Exemplificando: estudos concluíram que as cobras desenvolveram veneno principalmente para subjugar presas e para defesa, sendo a captura de presas a principal força motriz de sua evolução.
O veneno surgiu como simples enzimas digestivas na saliva que se tornaram mais potentes por meio de mutações genéticas, permitindo que as cobras dominassem as presas com mais facilidade e sobrevivessem.
Com o tempo, isso levou a um sistema mais complexo e eficaz de proteínas tóxicas e sua liberação, embora também seja usado para defesa contra predadores.
Outro exemplo são as acácias, que evoluíram para ter espinhos como uma forma de defesa física contra herbívoros, que de outra forma comeriam suas folhas.
Essa adaptação ajuda as árvores a proteger sua folhagem rica em nutrientes, especialmente em ambientes áridos, onde as folhas são escassas. Algumas espécies também mantêm uma relação mutualística com formigas que vivem nos espinhos e atacam fisicamente os animais que tentam comer a árvore.
Muitos dos nossos comportamentos são aprendidos por meio da cultura e da experiência, em vez de serem intrínsecos à evolução. Coisas como tomar banho, fazer contas ou usar um computador são ações modernas e não evolutivas.
Entretanto e se eu disser que ninguém sabe por que alguns cogumelos são psicodélicos. Quer dizer, sabemos que eles contêm um composto chamado psilocibina, que interfere na química cerebral de muitos animais, incluindo humanos. Mas não sabemos por que ser psicodélico seria útil para os cogumelos.
Quando a psilocibina interage com o cérebro dos animais, ela faz com que eles se comportem de maneiras incomuns: aranhas constroem teias ruins, cigarras ficam anormalmente atrevidas, lesmas têm convulsões e humanos têm alucinações. Que vantagem Maria Leva ao deixar animais doiodões?
Cientistas consideraram inúmeras ideias e vamos falar sobre três delas. A primeira é que os cogumelos podem não obter nada produzindo psilocibina. Talvez o composto seja um acidente evolutivo, como os" bicos de viúva", ou um vestígio evolutivo do passado da espécie, como o cóccix (vestígio de cauda), o apêndice (que auxiliava na digestão de plantas em ancestrais herbívoros) e os dentes do siso (usados para moer alimentos mais fibrosos).
Engana-se, no entanto, quem diz que o cóccix não tem mais função. Embora pareça ser inútil para quem não tem mais rabo, o cóccix é fundamental para a ancoragem de músculos e ligamentos, especialmente para a sustentação dos órgãos internos e controle do esfíncter. Sim, sem o cóccix cada peidinho deixaria uma freada de jamanta na sua roupa íntima.
O nitrogênio é um componente crítico da psilocibina, mas a maioria dos fungos que produzem psilocibina vive em ambientes com pouco nitrogênio no solo.
Para produzir psilocibina, os cogumelo0s precisam limitar a quantidade de nitrogênio que dedicam a tarefas importantes como crescimento e reprodução, mas alguns fungos produzem um monte de psilocibina. Portanto, considerando o custo, a psilocibina deve fazer algo por esses fungos.
Outra ideia é que talvez os ajude a afastar bichos famintos... afinal, espécies que vivem no solo produzem todos os tipos de substâncias químicas cujo sabor amargo ou toxinas mantêm os herbívoros afastados.
Mas a psilocibina não é nem muito amarga nem tóxica e, se for um impedimento, provavelmente funciona por meio do controle mental.
Não estou dizendo que a psilocibina faz com que os insetos tenham alucinações da mesma forma que nós, pois não há evidências disso. Mas ela faz com que as moscas-das-frutas se reproduzam como coelhos e pode fazer com que colônias inteiras de formigas se voltem umas contra as outras.
Esses são comportamentos que podem distrair esses animais da mastigação por um tempo ou torná-los mais vulneráveis a predadores, eliminando-os completamente. Mas há um problema com essa ideia também: certas larvas de insetos se alimentam alegremente de cogumelos produtores de psilocibina, então, embora a psilocibina possa ser um impedimento para alguns animais, certamente não os impede de fazê-lo.
Uma terceira ideia é que a psilocibina ajuda o fungo a espalhar seus esporos reprodutivos por toda parte. Por exemplo, digamos que uma lesma mastiga um cogumelo, desencadeando uma convulsão induzida pela psilocibina.
Aquela lesma pulando com a barriga cheia de esporos pode atrair a atenção de um sapo, que pode comê-la e então pular para longe antes que ele expulse os esporos.
Mas essa ideia também não é perfeita, porque se a função da psilocibina fosse simplesmente fazer os animais moverem seus esporos, não está claro por que ela precisaria fazer os animais se comportarem de forma estranha, quando simplesmente ser saborosa e nutritiva provavelmente bastaria.
Portanto, apesar de muitos estudos, os cientistas ainda não têm uma grande teoria unificada sobre o que a psilocibina faz com os fungos.
E é possível que não haja uma; talvez a psilocibina seja usada de forma diferente dependendo da espécie que a produz, ou talvez seja o equivalente químico do Tradutor do Google: ela é boa o suficiente em muitas coisas (idiomas) diferentes sem se destacar em uma função específica.
Por enquanto, a questão principal é que, quando se trata da nossa compreensão científica da psilocibina, ainda há muito a melhorar.
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