![]() | Aprender algo novo é inerentemente desconfortável. Você precisará tomar atitudes com as quais não está familiarizado, correr riscos desconhecidos e tentar coisas que podem ser frustrantes no início, porque não funcionarão na primeira tentativa. Certamente você se sentirá desajeitado e cometerá erros. Você pode até se sentir envergonhado, principalmente se estiver acostumado a ter sucesso com frequência. Seja um músico, um atleta de nível mundial ou um cientista, sua proficiência parece quase mágica. |

No entanto, por trás de cada indivíduo excepcional, existe uma jornada de prática deliberada, dedicação e aprimoramento contínuo, como diz o ditado popular: "A prática leva à perfeição!"
Com base nisso, o jornalista britânico Malcolm Gladwell popularizou a "regra de 10 mil horas", que afirma que, para se tornar realmente bom em algo, é preciso dedicar 10.000 horas de prática.
Malcolm usa vários exemplos em seu livro -que nem vou citar o nome por se tratar de lixo de auto-ajuda- ao apresentar essa regra: um deles é a pesquisa feita com alunos de violino em uma academia de música em Berlim, que descobriu que os alunos mais talentosos haviam dedicado 10.000 horas à prática musical até completarem 20 anos.
Com base em "achismos" Malcolm também estima que os Beatles dedicaram 10.000 horas à prática musical, e que Bill Gates dedicou 10.000 horas à programação antes de fundar a Microsoft.
Assim nasceu a regra das 10.000 horas: dedique 10.000 horas à prática e torne-se um especialista em determinada área. De repente coachs, gurus e jornalistas repetiam a regra como papagaios.
A regra das 10.000 horas não se baseia em ciência sólida, o que sabemos sobre prática e como dominar uma habilidade? Algumas coisas que sabemos com certeza são que nem todo aprendizado ou prática é igualmente útil e nem todos começam do mesmo ponto.
É precioso também considerar que nem toda prática é igual. Se você quisesse melhorar sua pontaria com arco e flecha, seria a mesma coisa praticar sozinho por 3 horas ou praticar com um especialista por 3 horas, que lhe daria dicas sobre postura e técnica para que você melhorasse?
A resposta é óbvia. E essa é a primeira falha da regra das 10.000 Horas: ela se concentra na quantidade de tempo praticado, não na qualidade da prática, e nem toda prática é igualmente útil.
Malcolm não diferencia os tipos de prática, embora seja uma distinção muito importante. A melhor maneira de se aprimorar em algo é por meio da "prática deliberada", que basicamente significa praticar para melhorar: realizar atividades recomendadas por especialistas para desenvolver habilidades específicas, identificar pontos fracos e trabalhar para corrigi-los, e intencionalmente se desafiar e sair da zona de conforto.
Essa distinção entre prática deliberada voltada para um objetivo específico e prática genérica é crucial, porque nem todo tipo de prática leva a uma melhoria da habilidade. Você não obtém benefícios com a repetição mecânica, mas sim ajustando sua execução repetidamente para se aproximar do seu objetivo.
Muitas pessoas são muito boas em algo desde jovens, e outras mudam completamente de rumo na idade adulta e demonstram um talento incrível.
No vídeo que empresta contexto a este post, o jornalista David Epstein explica que você não precisa se dedicar a uma atividade específica desde a infância para se tornar realmente bom nela.
Às vezes, é preciso experimentar um pouco para descobrir onde estão seus talentos ou qual é a sua paixão. Se você encontrar algo que te empolgue, a "prática deliberada" não parecerá trabalho. E se você começar a se sentir à vontade com o que está fazendo, quem vai contar as horas?
Isso nos remete a Confúcio: "Escolha um trabalho que você ame e você nunca terá que trabalhar um dia sequer na sua vida.".
Uma meta-análise realizada pela psicóloga Brooke Macnamara, descobriu que a prática deliberada e a habilidade estão relacionadas, mas longe de serem perfeitamente correlacionadas, demonstrando a falsa ideia de que qualquer pessoa pode se tornar especialista em uma determinada área apenas dedicando tempo.
Isso tudo indica que há limites para o poder da prática. Nem todos podem se tornar violinistas virtuosos mesmo com 10.000 horas de prática, e eu acho que sou um deles. Existe uma habilidade inata necessária para se tornar um mestre em uma área.
Malcolm Gladwell acertou em cheio em um ponto, sem dúvida: são necessários muitos anos de esforço concentrado e prática para se tornar um verdadeiro especialista em uma área. Mas isso até minha avó sabia. Embora o tempo dedicado à prática seja importante, está longe de ser o único fator.
Nem todos podemos ser mundialmente famosos por nossos talentos, mas todos podemos ser bons em alguma coisa.
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