![]() | Em 2024, 11,6% dos adultos brasileiros ainda eram fumantes, um aumento que interrompia uma tendência de queda que durava quase duas décadas. Apesar da queda drástica nas taxas de tabagismo, as guimbas de cigarro continuam sendo o lixo mais comum no mundo. Estima-se que os 1,3 bilhão de fumantes do mundo produzam 4,5 trilhões de pontas de cigarro fumados por ano, totalizando 1,2 milhão de toneladas. O pior da coisa? Dois terços das pontas são jogadas no chão de forma inadequada, representando um grave problema ambiental. |

Isso permite que seus diversos poluentes, incluindo nicotina, metais pesados &&e compostos aromáticos cíclicos, sejam liberados no meio ambiente.
Há algo que possa ser feito para combater essa vergonha ambiental?
Na última década, pesquisadores exploraram a possibilidade de reciclar bitucas, relatando alguns usos potenciais. Estudos demonstraram que pontas de cigarro podem ser decompostas ou transformadas em materiais de construção, polpa de celulose para papel, produtos químicos para controle de pragas e biofilme para tratamento de águas residuais.
Esses esforços são louváveis, mas merecem ceticismo. A reciclagem, da coleta à reutilização, em geral, não correspondeu às expectativas.
Alguns materiais, como aço, papel e alumínio, são passíveis de reciclagem, mas outros, principalmente o plástico, não. Em qual categoria as bitucas de cigarro podem se enquadrar?
Como as guimbas de cigarro são um poluente comum e identificável de forma única, elas poderiam ser descartadas em recipientes distintos e coletadas em massa em diversos locais. Pense em locais públicos como bares, casas de shows, estádios esportivos e áreas com grande circulação de pessoas.
É claro que muitos fumantes ainda jogam as bitucas no chão, mas uma quantidade significativa poderia ser desviada para um único fluxo não contaminado. Uma vez coletados, o que fazemos com elas?
Um grupo de pesquisadores italianos da Universidade de Pisa apresentou recentemente uma solução intrigante: pontas de cigarro poderiam ser decompostas em água fervente e filtradas, transformando-as em celulose ou outros resíduos (incluindo papel e tabaco).
Essas diferentes substâncias poderiam então ser adicionadas ao solo para formar substrato para o crescimento de gramados. Além disso, a água coletada durante o processo de refino, infundida com os produtos químicos das pontas de cigarro, poderia ser usada como uma espécie de fertilizante.
Como os pesquisadores revelaram em um artigo publicado no periódico Sustainability, ao longo de sete semanas, eles tentaram cultivar a grama Paspalum vaginatum, comumente usada em toda a bacia do Mediterrâneo em campos de golfe, quadras de tênis e parques públicos, em diferentes misturas de pontas de cigarro/solo e com diferentes aplicações da água infundida.
Eles descobriram que a grama cresceu tão bem em substratos sólidos aumentados com bitucas quanto no solo. A concentração de material de cigarro adicionado, 25% ou 50%, não importou.
Os pesquisadores também descobriram que a aplicação do líquido uma vez por semana aumentou o crescimento em comparação aos controles, embora aplicá-lo duas vezes por semana inibisse o crescimento. Basicamente, doses baixas foram benéficas, mas doses maiores foram tóxicas.
A pesquisa revela o potencial de reaproveitamento do lixo mais predominante no mundo.
Os italianos não são os únicos que querem aproveitar o item mais descartado do mundo. Uma empresa na Índia está reciclando pontas de cigarro em novos produtos: papel, travesseiros e até brinquedos de pelúcia.
A empresa foi fundada por Naman Gupta, da cidade de Noida, em Uttar Pradesh. Quando estava na universidade, Naman notou muitos estudantes jogando bitucas de cigarro no chão. Com a ajuda de seu irmão Vipul, ele começou a pesquisar sobre reciclagem.
Agora, a empresa de Naman, chamada Code Effort, paga 300 rúpias (20 reais) por quilo a mais de 2.000 pessoas em toda a Índia para coletar guimbas. Na fábrica da empresa em Noida, os trabalhadores separam os cigarros em três partes que podem ser recicladas.
Eles separam o filtro de fibra de acetato de celulose do tabaco e, em seguida, limpam e clareiam as fibras para remover as toxinas. A fibra purificada é então processada em uma descaroçadora de algodão para criar um enchimento branco e macio usado para encher brinquedos de pelúcia e travesseiros.
O papel de cigarro é reciclado em coisas como sacolas, envelopes e papel para escrever cartas. E o tabaco é reciclado para compostagem.
A maioria dos filtros de cigarro é feita de plástico e também contém muitos produtos químicos prejudiciais ao meio ambiente.
Os esforços de Naman para resolver esse problema são impressionantes. De acordo com o site da Code Effort, a empresa já reciclou mais de 300 milhões de bitucas de cigarro.
A Code Effort não é a única empresa no mundo a reciclar bitucas. Nos EUA e no Canadá, a TerraCycle coleta e recicla não apenas bitucas de cigarro, mas também maços de cigarro.
E na França, outra empresa chamada MéGo! recicla filtros de cigarro em móveis de plástico.
O MDig precisa de sua ajuda.
Por favor, apóie o MDig com o valor que você puder e isso leva apenas um minuto. Obrigado!
Meios de fazer a sua contribuição:
- Faça um doação pelo Paypal clicando no seguinte link: Apoiar o MDig.
- Seja nosso patrão no Patreon clicando no seguinte link: Patreon do MDig.
- Pix MDig: 461.396.566-72 ou luisaocs@gmail.com
- Depósito direto em conta corrente do Banco do Brasil: Agência: 3543-2 / Conta corrente: 17364-9
- Depósito direto em conta corrente da Caixa Econômica: Agência: 1637 / Conta corrente: 000835148057-4 / Operação: 1288
Faça o seu comentário
Comentários