O aqüífero que poderia deter um genocídio

Desde 2003, uma violenta luta civil no Sudão (África central) está provocando o que muitos consideram o primeiro genocídio do século XXI. Mais de 200 mil mortos e milhões de refugiados são vítimas de uma situação provocada principalmente pela escassez de recursos naturais; especialmente o de água potável.

O mais importante fator do conflito desatado entre grupos de agricultores sedentários contra tribos nômades criadoras de camelos, é o controle da água doce. O aumento da desertificação nos últimos anos na região de Darfur obrigou às tribos nômades a deslocar-se para territórios ocupados por agricultores, quem também precisam da água para sobreviver. O apoio unilateral do governo à etnia nômade em demérito as tribos sedentárias fez com que a violência aumentasse progressivamente até sair do controle.

Num país deserto, não existe elemento mais valioso que a água. Felizmente, os geólogos do Centro de Deteção Remota da Universidade de Boston (Estados Unidos) descobriram recentemente que embaixo de Darfur se encontra um lago subterrâneo que ocupa uma superfície de mais de 30 mil quilômetros quadrados. Trata-se de um dos maiores aqüíferos encontrados até agora e sua exploração poderia converter o deserto do Sudão num verdadeiro oásis, resolvendo o crítico problema e terminando com as atuais matanças.

Numerosas ONGs já estão buscando o financiamento necessário para a instalação de poços e sistemas de extração da água. Estima-se que o custo da cada poço seria de 10 milhões de dólares e já se estão conseguindo doações do setor privado para a criação dos primeiros poços. Enquanto, todos esperamos ardentemente que a água traga a paz tão ansiada para os moradores de Darfur o custo da guerra no Iraque pode chegar a dois trilhões de dólares.