Teste de Reflexão Cognitiva: a maioria não acerta essas 5 perguntas

Quando enfrentamos um problema temos o costume de entrar no automático, ignorando todas as alternativas possíveis, separando o crucial do incidental, o improvável do impossível, até chegar à resposta final. Por isso, inclusive as pessoas melhor instruídas em grandes universidades são incapazes de resolver satisfatoriamente as cinco questões seguintes.

Para ser justo consigo mesmo, anote a primeira resposta que vier à cabeça. Não vá equacionar para obter a resposta. Note que as cinco perguntas são bem simples. Não vale enganar hein? As 3 primeiras questões pertencem ao teste de reflexão cognitiva (TRC) de Shane Frederick, as quais acrescentei mais 2 perguntas:

1. Uma caneta e um bloco custam 1,10 reais ao todo. A caneta custa um real a mais do que o bloco. Quanto custa o bloco?
2. Se cinco máquinas demoram cinco minutos para fazer cinco peças, quanto tempo demorariam cem máquinas para fazer cem peças iguaizinhas?
3. Em um lago, há um conjunto de flores aquáticas. Todos os dias, o conjunto dobra de tamanho. Se são necessários 48 dias para o conjunto cobrir todo o lago, quantos dias seriam necessários para que ele cobrisse metade do lago?
4. Luis está olhando para Ana, mas Ana está olhando para Claudio. Luis é casado; Claudio não é. Há uma pessoa casada olhando para uma solteira?
5. Temos 4 cartas sobre a mesa. Cada uma delas tem uma letra de um lado e um número do outro, conforme mostra a imagem abaixo. A regra é: se uma carta tem uma vogal de um de seus lados, terá um número par no verso. Quais cartas você deve virar para descobrir se esta regra é verdadeira?

Para não causar spoiler e estragar a diversão da tentativa de repostas, não vou publicar (ainda) as respostas, mas todas elas seguem uma padrão errôneo, que inclusive são dadas por pessoas com alto QI, tal e qual assinala Maria Konnikova em seu livro "Aprenda a Pensar Como Sherlock Holmes":

"Quando fizeram as mesmas perguntas a estudantes de Harvard, a pontuação média foi de 1,43 respostas corretas e 57% acertaram apenas uma ou nenhuma. Em Princeton ocorreu algo similar: a pontuação média dos estudantes foi de 1,63 e 45% acertou uma ou nenhuma. Os estudantes do MIT foram melhores, mas não de todo: a média foi de 2,18, 23% dos estudantes, isto é, quase um quarto, acertaram uma ou nenhuma. É que estes problemas não são tão simples quanto pode parecer à primeira vista".

O curioso é que quando as questões do TRC eram escritas com letras pouco legíveis -o que nos obriga a prestar mais atenção-, a taxa de erro decrescia em média 35%.

Ainda que o TRC possa parecer muito distante dos problemas reais que nos deparamos em nossa vida quotidiana, a verdade é que prediz com bastante exatidão nossa atuação em uma infinidade de situações onde entram em jogo a lógica e a dedução.

Um bom rendimento nestas perguntas prediz uma resistência a várias falácias lógicas frequentes que, por sua vez, prediz a observância das regras básicas do pensamento racional. Inclusive prediz a capacidade de razoamento em problemas dedutivos formais: se temos baixo rendimento no teste, tendemos a validar silogismos que não o são.

De fato, estas perguntas demonstraram ser um teste bem mais revelador do que as medidas de aptidão cognitiva, de disposição ao pensamento e de função executiva, mostrando o que alguns cientistas chamam de "preguiça" presente no cérebro, esta tendência que todos temos de adotar a primeira resposta que vem à cabeça, e que muitas vezes nos leva a aprontar coisas idiotas.

Respostas:
1. 5 centavos. As respostas errôneas mais comuns são 10 centavos (erro matemático) ou 1,15 já que o cérebro, ainda que alerta para fazer a conta, assume que a caneta não pode custar mais do que o bloco. Mais de 45% erram esta pergunta.

2. 5 minutos e não 100 minutos como grande parte das pessoas responde. Mais de 35% erram esta pergunta.

3. 47 dias e não 24 dias. Se as flores dobram de tamanho a cada dia, no dia anterior elas tinham a metade do que terão hoje. Mais de 40% erram esta pergunta.

4. Evidentemente que sim, pois se Ana for solteira está sendo olhada por Luis que é casado. Porém se ela for casada, estará olhando para Claudio que é solteiro. Mais de 80% das pessoas que respondem a esta simples pergunta, não importa o QI, erram a resposta. A condição de que o status de Ana não é revelado sugere para a gente que não há informação suficiente e nosso sistema intuitivo nos leva a responder, sem pensar direito, que é impossível determinar se há uma pessoa casada olhando para uma solteira.

5. Cartas A e 5. Um acachapante 90% das pessoas erram a resposta. A maior parte escolhe a carta 8, quando o enunciado indica que "as vogais têm número par no verso", mas não fala nada sobre todos os números pares terem uma vogal do outro lado. Isso acontece por uma tendência irracional que o nosso cérebro tem em se focar em confirmar uma regra em vez de tentar mostrar quando ela é falsa. Este conceito é conhecido dentro da psicologia como viés de confirmação.