Miniferas. Bichos rastejantes. Insetos. Invertebrados. Temos tantos nomes diferentes para os insetos, e ainda bem, porque eles podem ser encontrados em quase todos os habitats do planeta Terra. Ser capaz de diferenciá-los é uma ótima maneira de aprender mais sobre o mundo ao nosso redor, e cientistas e amadores coletam, preservam e identificam todas essas criaturas rastejantes e voadoras há centenas de anos! Se soubermos que tipo de inseto estamos observando, podemos aprender muito mais sobre ele e sobre seu habitat e a ecologia de coisas como cadeias alimentares e biodiversidade. |
Mas sou assombrado pelo conhecimento de que essas criaturas estão em declínio. A cada ano que passa, há um pouco menos de borboletas, menos abelhas: menos de quase toda a miríade de bichinhos que fazem o mundo girar. Essas fascinantes e belas criaturas estão desaparecendo, formiga por formiga, abelha por abelha, dia após dia.
As estimativas variam e são imprecisas, mas parece provável que a abundância de insetos tenha diminuído em 75% nos últimos 50 anos, em um fenômeno hoje chamado de "apocalipse dos insetos". A evidência científica disso fica mais forte a cada ano, à medida que são publicados estudos que descrevem o colapso da borboleta-monarca, o desaparecimento de insetos de florestas no mundo todo.
Os insetos formam a maior classe do Reino Animal, são mais de 800.000 espécies conhecidas. Embora possam ser muito pequenos, o seu pequeno mundo é tão complexo quanto o nosso. Existem herbívoros e carnívoros. Existem predadores e presas. Camuflagem e emboscada! É um mundo igualmente selvagem, entre a grama e as folhas das árvores.
Vejam o caso da lagarta da grande-borboleta-azul (Phengaris arion), encontrada no Reino Unido, que sabe como sobreviver em um ambiente perigoso. Normalmente, as formigas comeriam uma lagarta, mas esta tem alguns truques impressionantes na manga.
Como muitos membros do gênero Phengaris, as lagartas da grande-borboleta-azul são parasitas de ninhada, dependendo de outro inseto para criar seus filhotes. Neste caso, os hospedeiros são espécies de formiga Myrmica.
Ao olhar para outras criaturas em busca de sinais de inteligência, os insetos raramente são os candidatos mais óbvios, mas o caso desta lagarta é notável demais para não pensar em cognição. Primeiro, ela produz uma gota de melado por uma glândula em suas costas para atrair uma formiga operária. Em seguida, ela infla seu corpo e emite um som que imita o pedido de socorro de uma formiga-rainha, enquanto libera feromônios para atrair ainda mais a formiga.
A operária, completamente encantada, "resgata" a lagarta e a leva para dentro do ninho, ledo engano. Embora a maioria das lagartas Phengaris se comporte de maneira semelhante antes de entrar no ninho da formiga hospedeira, uma vez adotadas em um ninho, as larvas adotam uma de duas estratégias.
A primeira é a estratégia do "cuco". Uma vez no ninho, a lagarta usa mimetismo acústico para esconder sua identidade. As larvas que usam a estratégia do cuco ficam próximas das formigas enquanto produzem um ruído muito semelhante ao de uma formiga rainha larval. Ao imitar uma rainha, elas são alimentadas pelas formigas operárias e recebem tratamento preferencial em relação às larvas das próprias formigas. As lagartas que usam a estratégia do cuco tornam-se membros de status tão alto do formigueiro que as formigas matam suas próprias larvas para alimentar a lagarta e salvam a lagarta primeiro em caso de perigo.
A segunda estratégia é a de redadora, a grande-azul se torna um predador uma vez no formigueiro. Alimenta-se das pupas da formiga enquanto continua a se passar por uma formiga Myrmica, caracterizando o único caso de uma lagarta de borboleta carnívora. Mas nesse caso, mesmo com mimetismo, a mortalidade da grande-azul dentro do ninho é alta. Uma explicação é que cada espécie de Phengaris é mais adequada para uma única espécie de Myrmica.
As lagartas que são adotadas por uma espécie desconhecida de formiga são frequentemente mortas e comidas. Mesmo se combinadas com o hospedeiro correto, muitas borboletas-azuis são incapazes de sobreviver. Se o mimetismo não for perfeito e as formigas suspeitarem, a morte é altamente provável.
Além disso, as formigas em ninhos sem um suprimento consistente de comida são muito mais propensas a identificar a grande-azul como uma intrusa. As lagartas são mais propensas a serem atacadas durante os primeiros 10 dias após serem adotadas pelas formigas hospedeiras. Isso ocorre porque, nessa época, as lagartas se tornam maiores do que as larvas típicas da rainha da formiga Myrmica.
O método "cuco" é visto como uma estratégia mais bem-sucedida, pois estudos têm consistentemente encontrado mais larvas por ninho para espécies de borboletas cuco do que borboletas predadoras. Casa qualquer uma das estratégias dê certo a lagarta continua se alimentando das pupas. É um pouco triste para as formigas porque, nos próximos seis meses, essa lagarta vai consumir quase toda a colônia.
Após sua festa, quase um ano depois, em um dia primaveril quente, ela executa sua metamorfose final emergindo da mortalha de sua crisálida como uma deslumbrante grande-borboleta-azul.
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