Por que não devemos colocar objetos de metal no micro-ondas?

O físico, engenheiro elétrico e inventor Percy Spencer desenvolveu a tecnologia de RADAR da Segunda Guerra Mundial que ajudou a detectar aviões nazistas, mas que logo mostrou potencial para outras aplicações surpreendentes. Um dia, em 1945, Percy estava perto de uma instrumento de RADAR chamado magnetron, uma válvula eletrônica que produzia micro-ondas de alta intensidade que podiam ser refletidas em aviões. De repente, ele notou que a barra de chocolate em seu bolso havia derretido. Como assim?

Ele expôs outras coisas ao magnetron e, de fato, grãos de pipoca estouraram e um ovo explodiu na cara de um colega. Logo depois, o primeiro forno de micro-ondas ficou disponível, operando com a mesma tecnologia.

Então, como funciona? Toda a energia luminosa viaja em ondas de campos elétricos e magnéticos oscilantes. Essas oscilações abrangem uma faixa de frequências que compõem o espectro eletromagnético. Quanto maior a frequência, mais energética.

Raios gama e raios X têm as frequências mais altas; micro-ondas e ondas de rádio, as mais baixas.

Geralmente, o campo elétrico oscilante da luz exerce forças sobre partículas carregadas, como os elétrons em uma molécula. Quando a luz encontra moléculas polares, como a água, ela pode fazê-las girar, à medida que suas regiões positivas e negativas são empurradas e puxadas em direções diferentes.

A frequência com que a luz viaja também determina como ela interage com a matéria.
As micro-ondas interagem fortemente com as moléculas de água encontradas na maioria dos alimentos.

Essencialmente, elas fazem as moléculas se chocarem umas contra as outras, criando calor por atrito.

Os fornos de micro-ondas domésticos são equipados com magnetrons de cavidade. Quando você ativa um forno de micro-ondas, um elemento aquecido dentro do magnetron ejeta elétrons, e um ímã forte os força a espiralar para fora.

Ao passarem pelas cavidades metálicas do magnetron, os elétrons induzem uma carga oscilante, gerando um fluxo contínuo de micro-ondas eletromagnéticas.

Um tubo de metal direciona as micro-ondas para o compartimento principal de alimentos, onde elas ricocheteiam nas paredes metálicas e penetram alguns centímetros no interior do alimento.

Quando as micro-ondas encontram moléculas polares no alimento, como a água, elas as fazem vibrar em altas frequências. Isso pode ter efeitos interessantes dependendo da composição do alimento.

Óleo e açúcar absorvem menos micro-ondas do que água, então, se você aquecê-los sozinhos, não acontece muita coisa. Mas quando as micro-ondas encontram sopas, caldos, molhos e alimentos cozidos com água tendem a aquecer de forma mais uniforme e rápida, pois a água absorve bem as micro-ondas e distribui o calor.

A manteiga é essencialmente uma suspensão de gotículas de água em gordura. Quando aquecida no micro-ondas, a água vaporiza rapidamente, fazendo com que a manteiga derreta rapidamente, e, às vezes, com um pouco de violência.

Assim, as micro-ondas aquecem as moléculas dos alimentos mecanicamente, por atrito, mas não as alteram quimicamente.

A sopa aquecida no micro-ondas, por exemplo é molecularmente indistinguível da sopa aquecida no fogão ou forno.

Alimentos como batatas, carnes densas e outros alimentos com baixa quantidade de água podem levar mais tempo para aquecer e podem precisar de mais tempo no micro-ondas para ficarem totalmente aquecidos.

Evite aquecer carnes processadas e embutidos como salsichas no micro-ondas, pois elas podem ressecar, soltar faíscas ou explodir devido à alta concentração de sais e aditivos.

Ovos com casca, mesmo cozidos, podem explodir ao serem aquecidos no micro-ondas devido à pressão do vapor que se acumula dentro da casca.

O termo "radiação de micro-ondas" pode ser alarmante para leigos. Mas, em física, "radiação" descreve simplesmente qualquer transferência de energia através de uma abertura.

A radiação ionizante de alta frequência pode ser prejudicial, pois pode remover elétrons de moléculas, incluindo o DNA. No entanto, as micro-ondas não têm energia suficiente para alterar ligações químicas. E os fornos de micro-ondas são projetados para evitar vazamentos, por questões de segurança e eficiência.

No entanto, para limitar totalmente a exposição, os especialistas recomendam simplesmente ficar a alguns metros de distância quando um forno de micro-ondas estiver ligado.

Aquecer metal no micro-ondas é perigoso, certo? Bem, depende. Os metais são condutores, o que significa que seus elétrons estão fracamente ligados aos seus átomos e se movem livremente em resposta a campos elétricos.

Em vez de absorver a radiação de micro-ondas, os elétrons do metal se concentram na superfície, levando a altas tensões em bordas afiadas, cantos e pequenas aberturas.

Isso inclui áreas entre os vincos de uma folha de papel alumínio, os dentes de um garfo ou um objeto metálico e as paredes metálicas do forno de micro-ondas.

Às vezes, as tensões ficam altas o suficiente para remover elétrons das moléculas de ar ao redor. Esse gás eletricamente carregado, ou plasma, pode então formar faíscas semelhantes a raios e crescer à medida que absorve mais micro-ondas.

Assim que o forno é desligado, o plasma se dissipa. Mas nem todos os objetos de metal produzem faíscas no micro-ondas, embora possam fazer com que o cozimento seja um pouco irregular.

Na verdade, muitas embalagens próprias para micro-ondas aproveitam isso, usando uma fina camada de metal para deixar a superfície do alimento crocante.

E, no geral, desde que não se aproxime das paredes do forno, deixar uma colher de metal em uma tigela de sopa no micro-ondas deve ser uma tarefa bastante tranquila.
Esse é apenas mais um benefício interessante de cozinhar com o RADAR.