![]() | Em 1984, um médico australiano empreendedor chamado Barry Marshal decidiu arriscar, literalmente. Muitos de seus pacientes se queixavam de fortes dores abdominais devido a úlceras estomacais, que são feridas no revestimento do trato intestinal superior. Na época, havia poucos tratamentos eficazes para úlceras, e muitos pacientes precisavam de hospitalização ou até mesmo cirurgia. |

Desesperado por respostas, Barry engoliu um caldo turvo de bactérias coletadas do estômago de um de seus pacientes. Logo ele estava sentindo as mesmas dores abdominais, inchaço, queimação e vômitos.
Dez dias depois, uma câmera chamada endoscópio examinou suas entranhas, mostrando que seu estômago estava repleto das mesmas bactérias que seu paciente.
Ele também havia desenvolvido gastrite, ou inflamação grave do estômago, o precursor característico das úlceras.
A ideia do Barry desafiou um equívoco que persiste até hoje: o de que as úlceras são causadas por estresse, alimentação ou excesso de ácido estomacal. Barry acreditava que a culpa era das infecções bacterianas.
Inicialmente, sua ideia foi considerada uma loucura pelas mentes médicas mais brilhantes do planeta, mas, em 2005, ele e o médico Robin Warren receberam a validação definitiva ao receberem o Prêmio Nobel de Medicina.
Nossos estômagos são órgãos em forma de "J", com ecossistemas surpreendentemente complexos, repletos de hormônios e substâncias químicas.
O estômago está sob constante ataque de enzimas digestivas, bile, proteínas, micróbios e do próprio ácido estomacal. Em resposta, ele produz bicarbonato, muco e fosfolipídios chamados prostaglandinas para manter a integridade de seu próprio revestimento.
Esse delicado equilíbrio é constantemente regulado e chamado de defesa da mucosa.
Desde meados do século XIX, os médicos acreditavam que o estresse por si só causava a maioria das úlceras estomacais. Os pacientes recebiam antidepressivos ou tranquilizantes e eram orientados a visitar spas.
Essa crença acabou se transformando na noção relacionada de que alimentos apimentados e estresse são os culpados.
No entanto, nenhum estudo convincente demonstrou que transtornos emocionais, sofrimento psicológico ou alimentos apimentados causam diretamente a úlcera.
Em meados do século XX, era amplamente aceito que o excesso de ácido clorídrico levava o estômago a se autodestruir.
Os fervorosos defensores dessa ideia eram chamados de máfia do ácido. A maior falha nessa teoria era que os antiácidos proporcionavam apenas alívio temporário.
Agora sabemos que algumas úlceras raras são de fato causadas por excesso de ácido clorídrico. Mas elas representam menos de 1% de todos os casos.
Barry e Warren identificaram uma bactéria em forma de espiral chamada Helicobacter pylori como a verdadeira causadora.
A Helicobacter pylori é uma das companheiras mais antigas e frequentes da humanidade, tendo se unido a nós há pelo menos 50.000 anos e agora sendo encontrada em 50% das pessoas.
Anteriormente, pensávamos que o estômago era estéril por ser um ambiente tão ácido e hostil. No entanto, a Helicobacter pylori sobrevive à turbulência ácida do estômago com uma variedade de características que prejudicam a defesa da mucosa a seu favor.
Por exemplo, ele produz uma enzima chamada urease, que ajuda a protegê-lo do ácido gástrico circundante.
A Helicobacter pylori pode produzir mais de 1.500 proteínas, muitas das quais se dedicam a maximizar sua virulência.
Ainda temos perguntas sem resposta, como por que pessoas específicas desenvolvem úlceras em momentos específicos.
No entanto, sabemos que a genética individual, outros problemas médicos, o uso de certos medicamentos, o tabagismo, o alcoolismo e a diversidade genética das cepas de Helicobacter pylori desempenham um papel.
Em particular, descobriu-se que certos analgésicos usados para reduzir a inflamação nas articulações atuam com a bactéria para criar úlceras estomacais mais graves.
Barry acabou ficando bem após seu famoso, embora perigoso, experimento. Ele ingeriu uma série de antibióticos semelhantes aos que são tomados atualmente para úlceras.
Ser tratado com antibióticos simples é um triunfo moderno para uma doença que antes exigia cirurgia.
O trabalho de Barry também nos lembrou que o progresso científico nem sempre é tranquilo. Mas há valor em confiar na sua intuição proverbial, e às vezes literal.
Para concluir, fica aqui um alerta: os "amigos do copo" recorrem muito a um medicamento chamado Omeprazol para diminuir a queimação no estômago.
Ele é reakmente indicado para tratar certas condições em que ocorra muita produção de ácido no estômago. É usado para tratar úlceras gástricas e duodenais e refluxo gastroesofágico, mas seu uso prolongado deve ser evitado.
O uso prolongado de omeprazol pode apresentar riscos à saúde, especialmente se não for utilizado sob orientação médica. Embora seja um medicamento eficaz para reduzir a acidez estomacal, o uso indiscriminado e sem acompanhamento pode levar a efeitos colaterais e complicações a longo prazo, inclusive o desenvolvimento de um câncer de estômago.
Ele também pode causar dores de cabeça, diarreia, prisão de ventre, náuseas, vômitos, entre outros efeitos colaterais menos comuns. Quer acabar com a queimação? Beba menos!
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