
Nosso tour pelas doenças mais mortais da história começa quando os humanos viviam em pequenas comunidades de caçadores-coletores. As doenças que esses nômades pré-agrícolas encontraram provavelmente vieram dos vários animais que comiam e do solo e da água com os quais interagiam.
Lógico, não há registros escritos que nos ajudem a identificar essas doenças; no entanto, algumas delas deixam crescimentos ou lesões distintas no esqueleto, permitindo que bioarqueólogos diagnostiquem restos mortais.
E pesquisadores descobriram que ossos dessa época sugerem a presença de tuberculose e infecções treponêmicas. Embora essas condições sejam fatais, as doenças mais mortais invariavelmente fazem parte de epidemias generalizadas, e não há evidências de surtos em larga escala nesse longo período pré-agrícola.
No entanto, quando os humanos começaram a desenvolver a agricultura, há cerca de 12.000 anos, surgiu uma nova safra de doenças. Os primeiros agricultores sabiam pouco sobre gestão de resíduos e água, abrindo caminho para doenças diarreicas como a disenteria.
Pior ainda, a proliferação de campos abertos e irrigação criou poças de água parada que trouxeram mosquitos e, por sua vez, a malária, uma das doenças mais antigas e mortais da história.
Não sabemos exatamente quantos dos primeiros agricultores a malária matou, ou quantos ela deixou vulneráveis a outras infecções letais. Mas sabemos que essa doença transmitida por mosquitos continuou a se espalhar por meio do próximo grande desenvolvimento da humanidade: a urbanização.
Em pequenas comunidades, doenças infecciosas como sarampo e varíola só conseguem circular por um certo tempo antes de ficarem sem hospedeiros. Mas em regiões densamente povoadas com altas taxas de natalidade, vírus de rápida evolução, como o da gripe, podem infectar continuamente novos indivíduos e se transformar em diferentes cepas.
Quando grandes aglomerados populacionais se tornaram comuns, a ciência médica não havia avançado o suficiente para tratar ou mesmo distinguir essas variantes com eficácia. Também não estava preparada para lidar com uma das pandemias mais mortais de todos os tempos: a Peste Negra.
Da década de 1330 à década de 1350, a peste bubônica varreu a Ásia, a África e a Europa, reduzindo a população global de 475 milhões para aproximadamente 350 milhões.
Como a maioria das doenças afro-eurasianas, a peste só cruzou o Atlântico quando os europeus o fizeram no final do século XV. Mas no auge da peste na Europa, Ásia e Norte da África, a infecção era quase garantida, e a taxa de mortalidade da peste variava de 30 a 75%.
No entanto, a doença não era distribuída igualmente entre a população. Muitos senhores e proprietários de terras ricos conseguiam se manter seguros escondendo-se em suas casas espaçosas.
À medida que o conhecimento médico se tornava mais sólido, esse tipo de disparidade de classes começou a refletir quem tinha acesso a cuidados médicos. E essa divisão tornou-se particularmente evidente durante o reinado da nossa próxima doença mortal.
No início do século XIX, a tuberculose já era uma das causas mais comuns de morte na Europa e nas Américas. Mas a Revolução Industrial levou a condições de trabalho e de vida superlotadas e mal ventiladas, transformando a tuberculose em uma epidemia que matou um quarto da população adulta da Europa.
Os ambientes mais insalubres eram em grande parte povoados por indivíduos empobrecidos que frequentemente não recebiam tratamento, enquanto os médicos forneciam às vítimas mais ricas os cuidados mais avançados da época.
Ao longo do século XX, as vacinas tornaram-se comuns em muitos países, erradicando até mesmo a ameaça viral secular da varíola. O advento da vacinação, juntamente com melhorias na nutrição e higiene, ajudou as pessoas a viverem mais, em média.
E hoje, os avanços médicos em testes rápidos e vacinas de mRNA podem nos ajudar a combater novos surtos em tempo recorde, como aconteceu na pandemia de covid-=19.
No entanto, inúmeras regiões ao redor do mundo continuam sem acesso às vacinas, deixando-as vulneráveis a ameaças mais antigas. A malária ainda tira a vida de mais de 600.000 pessoas todos os anos, com 96% das mortes ocorrendo em comunidades por toda a África.
A tuberculose continua a infectar milhões, quase metade das quais vive no Sudeste Asiático.
É difícil inferir que a doença que matou nossos ancestrais recém-sedentarizados há 12 mil anos, a diarreia, continua sendo uma das principais causas de morte no mundo, principalmente entre crianças, com estimativas de cerca de 1,2 milhão de mortes em 2021.
O combate a essas doenças e àquelas que ainda estão por surgir exigirá que os cientistas desenvolvam medicamentos novos e mais eficazes. Mas algo que os governos e os sistemas de saúde podem fazer hoje é trabalhar para tornar os tratamentos que já temos acessíveis a todos.
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