Será que realmente chove mais nos fins de semana?

Durante muitos dos anos em que moro em Joinville, as semanas de primavera são cheias de céu claro e ensolarado. Mas quase todos os fins de semana trazem um tempo chuvoso e miserável. Em algum momento, você começa a pensar que isso não pode ser apenas coincidência. O que acontece? Será que é só minha imaginação que parece chover todos os fins de semana? Será que Tupã, o deus da chuva, do trovão e do raio, amaldiçoou o norte de Santa Catarina? Ou é algum fenômeno meteorológico estranho? Curiosamente... é a última coisa, "mais ou menos".

Centro de Joinviille. Via: LuisãoCS

Para começar Joinville é conhecida, às vezes, como "Chuville", tanto que a indicação da cidade para quem desce a serra de Curitiba é que "Joinville fica na primeira chuva à esquerda".

O mais ou menos no prefácio deste artigo se deve ao fato de que não há evidências científicas de que chove mais no fim de semana de forma geral, sendo esse um mito bem comum.

No entanto, é comum que a chuva ocorra nos fins de semana em algumas regiões específicas devido a padrões climáticos, como áreas de instabilidade ou frentes frias que se desenvolvem e atingem certas áreas nesses dias.

Muitas pessoas têm a impressão de que chove mais nos fins de semana, provavelmente porque associam o mau tempo a um dia de descanso que poderia ser melhor aproveitado com o sol.

Essa percepção é reforçada quando um fim de semana chuvoso é comparado com a semana de trabalho, que tem mais dias ensolarados, no geral.

Ou seja, há um componente psicológico na coisa toda: são mais perceptíveis porque interrompem seus planos para o fim de semana, de ir à praia ou fazer um churrasco com os amigos

Um estudo realizado no Rio de Janeiro pelo Sistema Alerta-Rio, já desmentiu essa crença, mostrando que a quantidade de chuva durante a semana e nos fins de semana é praticamente a mesma.

Embora não seja uma regra, alguns padrões de tempo podem coincidir com os fins de semana, como a formação de áreas de instabilidade, o avanço de frentes frias ou correntes de jato, o rio de ar em movimento rápido que viaja de oeste para leste através do globo.

Por exemplo, às vezes, as frentes frias e correntes de jato seguem um padrão aparentemente linear, mantendo por um tempo uma freqüência de sete em sete dias. Se calhar de cair exatamente em sábados e domingos, choverá por vários fins de semana seguidos.

Essa coincidência acontece mais no inverno e na primavera, pois é comum que estes fenômenos se aproxime de uma região durante a sexta-feira e sábado, causando chuvas intensas no sábado e domingo, que poderiam ter sido mais intensas durante a semana.

Em Joinville, por exemplo, o céu desabou nos dois últimos fins de semana e a previsão indica a possibilidade de chuva durante o próximo.

• Sábado: Nublado, com possibilidade de garoa pela manhã e à tarde, e chuva à noite.
• Domingo: Nublado, com possibilidade de chuva durante o dia e à noite.

Espero que em 2026 não fiquemos presos novamente nesses padrões climáticos estranhos que nos mantêm presos em ambientes fechados!

Mas, por enquanto quem mora no norte de Santa Catarina talvez precise tomar uma dose de vitamina D nos intervalos de almoço durante a semana e se contentar com museus e guarda-chuvas nos fins de semana.

Calçoene, no Amapá, é a cidade com o maior nível pluviométrico do Brasil, com uma média anual de cerca de 4.165 milímetros de precipitação. Outras cidades com volumes de chuva muito altos incluem Tabatinga, Baião, e Petrópolis, embora os volumes variem anualmente.

E sim, Joinville está entre as cidades com o maior índice pluviométrico do Brasil e é considerada uma das mais chuvosas do país. Quem mora na cidade já aprendeu uma lição: o guarda-chuvas é um item indispensável ao sair de casa.

Segundo dados da Epagri/Ciram, desde 2013, todos os anos registraram mais de 200 dias com chuva acima de 0.2 mm. É claro que nem sempre foi significativa, mas isso mostra que o fenômeno realmente não dá trégua no município.

O maior número de dias com chuva foi registrado em 2015, quando ela apareceu em 294 dias, ou seja quase 10 meses chovendo em um ano.

Naquele ano, aliás, foi notícia a ocorrência de 40 dias chuvosos seguidos no mês de novembro e até o comércio reclamou do baixo movimento por causa da falta de sol.

O maior volume de chuva é de 2015 também: mais de 3.700 milímetros de água caíram na cidade na época.