![]() | No século VII, o papel chinês foi introduzido no Japão através da Península Coreana, e os japoneses desenvolveram o washi melhorando o método de fabricação de papel no período Heian. O washi de qualidade superior é processado manualmente usando fibras da casca interna de uma arbusto japonês chamado gampi ou passerina (Wikstroemia indica) ou do arbusto mitsumata (Edgeworthia chrysantha). Mas comumente ele é mais feito com o kōzo, amoreira-de-papel (Broussonetia papyrifera). |
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De fato, com processamento suficiente, quase qualquer árvore pode ser transformada em washi. O gampi, mitsumata e kōzo são três fontes populares, sendo que a preferência recaia nesse último por ter maior distribuição.
A técnica de fabricação de papel desenvolvida no Japão por volta de 805 a 809 foi chamada de nagashi-suki, um método de adição de mucilagem ao processo da técnica convencional tame-suki para formar uma camada mais forte de fibras de papel.
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Ele é produzido de maneira semelhante ao papel comum, mas depende muito de métodos manuais. Envolve um processo longo e complexo que muitas vezes é realizado no clima frio do inverno, já que água corrente pura e fria é essencial para a produção de washi.
O frio inibe as bactérias, evitando a decomposição das fibras. O frio também faz com que as fibras se contraiam, produzindo uma sensação nítida no papel. É tradicionalmente o trabalho de inverno dos agricultores, uma tarefa que complementava a renda do agricultor.
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Como dizíamos, a amoreira-de-papel é a fibra mais comumente usada na fabricação do papel japonês. Os ramos do arbusto são fervidos e descascados e depois secos. As fibras são então fervidas com soda cáustica para remover o amido, a gordura e o tanino, e depois colocadas em água corrente para remover a soda cáustica.
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As fibras são então branqueadas -com produtos químicos ou naturalmente, colocando-as em uma área protegida de um riacho- e quaisquer impurezas remanescentes nas fibras são retiradas manualmente. O produto é colocado sobre uma pedra ou tábua e batido.
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Bolas úmidas de polpa são misturadas em uma cuba com água e um auxiliar de formação para ajudar a manter as fibras longas espalhadas uniformemente. Tradicionalmente, trata-se do neri, que é um material mucilaginoso feito das raízes da malva tororo aoi, conhecida no ocidente como aibika (Abelmoschus manihot, que contém óxido de polietileno.
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Então um dos dois métodos tradicionais de fabricação de papel, nagashi-zuki ou tame-zuki, é empregado. Em ambos os métodos, a polpa é colocada em uma tela e agitada para espalhar as fibras uniformemente. O nagashi (que usa neri na cuba) produz um papel mais fino, semelhante a seda, enquanto o tame (que não usa neri) produz um papel mais espesso.
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O washi é geralmente mais resistente que o papel comum feito de polpa de madeira e é usado em muitas artes tradicionais japonesas, como origami, shodō e ukiyo-e. O papel também foi usado para fazer vários bens de uso diário, como roupas, utensílios domésticos e brinquedos, bem como vestimentas e objetos rituais para sacerdotes xintoístas e estátuas de Buda.
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Com efeito, o papel foi usado até para fazer coroas de flores que foram dadas aos vencedores das Paraolimpíadas de Inverno de 1998. Ademais o washi também é usado para reparar propriedades culturais, pinturas e livros historicamente valiosos em museus e bibliotecas de todo o mundo, como o Louvre e os Museus do Vaticano, devido à sua espessura, flexibilidade, durabilidade superior a 1000 anos devido ao seu baixo teor de impurezas, e alta trabalhabilidade para removê-lo de forma limpa com umidade.
Este método artesanal de produção de papel está registrado como patrimônio cultural imaterial da UNESCO desde 2014. Ao contrário de muitas outras tradições artesanais e culturais relegadas ao esquecimento pelos mais jovens, o washi, ao que parece, terá vida longa, pois todas as 3 comunidades que fazem o papel orgulham-se da sua tradição e consideram-na como o símbolo da sua identidade cultural.
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