![]() | Entre 2023 e 2024, Taylor Swift voou em seu jato particular 396 vezes em 365 dias. E uma dessas viagens durou apenas seis minutos. Ademais, segundo a NewsWeek, ela emitiu 138 toneladas de CO2 em três meses só para visitar seu namorado, o jogador de futebol americano Travis Kelce, em Kansas. Quando foi duramente criticada, Taylor não teve melhor ideia que mostrar toda a sua arrogância e hipocrisia, afirmando ter comprado o dobro da quantidade de créditos de carbono necessários para compensar seus voos. |

A pegada de carbono de Taylor foi originalmente exposta por Jack Sweeney, um estudante que monitora o uso de jatos particulares por celebridades. Ele monitorando (legalmente) a emissão de carbono de Taylor, bem como a de outras celebridades, já que os padrões de voo, mesmo de jatos particulares de celebridades, são informações públicas.
Curiosamente, a ativista ambiental Taylor só começou a comprar créditos após as revelações de Jack para justificar esse estilo de vida de voar alto. Números como esse não são incomuns entre os jet-setters mais ricos do mundo.
A maioria dos voos particulares do mundo acontece nos EUA, onde até mesmo uma viagem relativamente curta é incrivelmente cara. Se você quiser voar em um jato particular, tem duas opções: comprar um jato ou alugar um. O aluguel de jatos pode custar aproximadamente mil por 40 mil reais por hora para voos domésticos a aproximadamente 95 mil por hora para voos internacionais.
Para contextualizar, são mais de 220 mil reais para voar de Los Angeles para Nova York e mais de 650 para voar de Nova York para Londres. E isso sem contar o pagamento de vários milhares de reais adicionais pela tripulação, combustível, taxas de pouso do aeroporto e impostos federais. Dito isso, esses custos de aluguel ainda são muito mais baratos do que comprar um avião.
Dependendo do tamanho, jatos novos custam entre de 11 e 370 milhões de reais. Além dos custos operacionais habituais de cada voo, os proprietários de jatos ainda precisam pagar por um hangar para estacionar e até 5 milhões de reais por ano para inspeções e manutenção de rotina obrigatórias. Isso já é absurdamente caro. Mas voos particulares também têm um custo ambiental significativo.
Embora aviões particulares e comerciais emitam muito CO2, os aviões comerciais o fazem para transportar muitas pessoas. Por exemplo, em 2022, aviões comerciais emitiram cerca de 800 megatons de CO2, transportando cerca de 853 milhões de passageiros.
Isso é pouco menos de uma tonelada de CO2 por pessoa por voo. Em média, a maioria das pessoas emite quatro toneladas de CO2 por ano. Portanto, fazer dois voos de ida e volta dobraria suas emissões.
Essa matemática já não é das melhores, mas jatos particulares pioram ainda mais a situação. Com apenas algumas pessoas a bordo, voos particulares emitem de 10 a 20 vezes mais emissões por passageiro, em média. E como seus passageiros tendem a ser passageiros frequentes, suas emissões individuais são astronômicas. Somente em 2023, os dez maiores aviões particulares dos EUA produziram mais emissões combinadas do que 6.500 pessoas.
E nos últimos anos, cerca de 1% dos passageiros foram responsáveis por quase metade das emissões da aviação. Essa discrepância é enorme e provavelmente continuará crescendo à medida que a indústria da aviação privada se expande.
No entanto, embora provavelmente não consigamos convencer celebridades e CEOs a voar em voos comerciais, uma abordagem promissora para reduzir as emissões de aeronaves é a troca do combustível de aviação existente por Combustíveis de Aviação Sustentáveis, ou SAF.
O combustível de aviação tradicional é feito de combustíveis fósseis e libera carbono na atmosfera quando queimado. Os SAFs, por outro lado, são feitos de materiais residuais, como óleo de cozinha usado, e culturas renováveis, como milho e algas.
Esses biomateriais ainda emitem carbono quando queimados, mas o cultivo dessas culturas extrai CO2 suficiente da atmosfera para compensar essas emissões em até 86%.
Se todo o pipeline de combustível de aviação fosse transferido para SAFs, as emissões da aviação poderiam ser reduzidas em até 94%. Mas, para que isso aconteça, os produtores de SAFs precisam superar dois obstáculos.
Primeiro, não há culturas suficientes para produzir biocombustíveis em larga escala. Pesquisadores estão desenvolvendo SAFs sintéticos que não requerem culturas, mas eles ainda estão sendo implementados.
Segundo, a produção atual de SAFs é relativamente pequena, o que a torna extremamente cara. Com um custo três vezes maior que o do combustível comum, a maioria das companhias aéreas nem sequer considera a mudança e, se o fizessem, o preço das passagens aéreas dispararia.
Governos de Cingapura, Japão e, principalmente, da UE, já iniciaram programas para apoiar a adoção generalizada de SAFs e financiar seu desenvolvimento. Mas é aqui que os voos privados podem realmente ajudar o meio ambiente.
A maioria dos proprietários de jatos já gasta centenas de milhares de dólares por ano em voos particulares, e usar SAFs sintéticos custaria apenas alguns milhares a mais por voo. Esse boom no uso financiaria tanto o desenvolvimento de SAFs quanto a produção em larga escala.
E esses avanços tornariam o combustível sustentável mais barato para todos, tanto para quem voa em voos particulares quanto para quem deseja voar.
O MDig precisa de sua ajuda.
Por favor, apóie o MDig com o valor que você puder e isso leva apenas um minuto. Obrigado!
Meios de fazer a sua contribuição:
- Faça um doação pelo Paypal clicando no seguinte link: Apoiar o MDig.
- Seja nosso patrão no Patreon clicando no seguinte link: Patreon do MDig.
- Pix MDig: 461.396.566-72 ou luisaocs@gmail.com
- Depósito direto em conta corrente do Banco do Brasil: Agência: 3543-2 / Conta corrente: 17364-9
- Depósito direto em conta corrente da Caixa Econômica: Agência: 1637 / Conta corrente: 000835148057-4 / Operação: 1288
Faça o seu comentário
Comentários