A estranha fisiologia do peixe-lua que o mantém protegido de predadores

O peixe-lua (Mola mola) tem uma fisiologia estranha e meio-corporal caracterizada por um corpo redondo e achatado, uma coluna vertebral fundida e uma estrutura única semelhante a um leme chamada clavus no lugar de uma cauda. Sem uma cauda tradicional, eles se impulsionam batendo suas grandes nadadeiras dorsal e anal como asas. Seus esqueletos são majoritariamente cartilaginosos, dentes fundidos formam uma estrutura semelhante a um bico e, em vez de uma bexiga natatória, possuem uma camada gelatinosa única, rica em água, sob a pele para flutuação.

A característica mais marcante é o formato do corpo truncado que o faz parecer meio peixe. O peixe-lua não possui uma cauda tradicional. Em vez disso, possui uma estrutura curta, oval e em forma de placa, chamada clavus, formada por extensões das nadadeiras dorsal e anal, que funciona como um leme.

Uma parte significativa do esqueleto é cartilaginosa, que é mais leve que o osso. Sua coluna vertebral é curta e tem menos vértebras em comparação a outros peixes.

Como dizíamos no início, os peixes-lua não possuem bexiga natatória para flutuação. Em vez disso, possuem uma camada rígida e gelatinosa de tecido, repleta de água e colágeno, que os ajuda a flutuar.

Muitos dos ossos da cabeça deles são fundidos, o que os torna menos flexíveis do que os de outros peixes. Dentes fundidos em uma estrutura semelhante a um bico, os impede de fechar completamente a boca. Ele também tem dentes faríngeos (dentes na garganta faríngeos).

Sua pele grossa e elástica, com textura áspera, às vezes é coberta de muco e parasitas. Ele é o peixe ósseo mais pesado do mundo. O mais robusto até hoje encontrado possuía 2,7 toneladas. Embora se acreditava que tinha a mesma toxina que os baiacus, não é venenoso.

Um estudo, publicado por pesquisadores da Universidade de Lisboa, confirmou que o peixe-lua não é conhecido por conter a potente neurotoxina tetrodotoxina e não é tóxico para humanos, ao contrário da crença de que pode ser tóxico devido à sua relação com o baiacu, seu parente.

A pesquisa não encontroou evidências de tetrodotoxina no fígado do peixe-lua, sugerindo que o risco de envenenamento é insignificante e que as restrições ao seu consumo devido à potencial toxicidade podem ser infundadas.

Embora nenhuma toxina tenha sido encontrada em peixes-lua, oligoelementos que podem ser tóxicos em baixas concentrações, como cádmio e chumbo, foram determinados no músculo branco e no fígado desses peixes. O maior conteúdo elementar foi encontrado no fígado, onde foi registrado maior índice de poluição por metais, destacando este órgão como um importante órgão de armazenamento de contaminantes.

No entanto esta é uma característica de quase todos os peixes tetraodontiformes, devido a sua dieta generalista, por isso é recomendável sempre descartar o fígado deste peixes antes de consumi-los.

A carne de peixe-lua é considerada uma iguaria em algumas partes da Ásia, como Japão, Coreia e Taiwan, mas geralmente não é apreciada por muitos e é ilegal vendê-la na União Europeia devido à equivocada crença da presença de tetrodotoxina.

As opiniões variam muito; alguns descrevem seu sabor como suave e doce, com uma textura única que derrete na boca, enquanto outros o acham insípido e sua consistência gelatinosa pouco atraente e desagradável.

Quando os peixes-lua atingem um certo tamanho, a maioria dos peixes predadores parece evitá-los, provavelmente presumindo erroneamente que seu tamanho lhes permite reagir, e porque suas partes externas são muito resistentes.

Mas orcas, tubarões e leões-marinhos às vezes atacam e dão uma mordida, geralmente apenas para dizer:

- "Não, obrigado, prefiro morrer de fome!" Porque, para grandes predadores, os peixes-lua são donuts de gelatina aquáticos, pouco nutritivos, cheios de cartilagem e infestados de parasitas.

As barbatanas em forma de asas os permitem nadar ativamente, atravessar e descer até a zona da meia-noite, onde buscam alimento e depois sobem à superfície para recuperar o calor perdido nas águas profundas e geladas.

À medida que o peixe-lua emerge, mais de 50 variedades de parasitas se fixam neles. No entanto, como eles têm uma relação simbiótica com aves e outros peixes, a pele deles é limpa pelo preço de uma refeição.

Os peixes-lua frequentemente nadam até a superfície para flutuar de lado, como uma panqueca. Eles tomam sol para se aquecerem novamente após mergulhos em águas frias e profundas. Mas também fazem isso para apresentar seu corpo a aves marinhas, como os albatrozes.

As aves começam a coletar os parasitas do corpo do peixe-lua, enquanto peixes menores que vivem perto da superfície cuidam da metade inferior, limpando-a em troca de um lanche.

A sempre perspicaz série animada Kurzgesagt lança um olhar colorido sobre o peixe-lua, observando como sua fisiologia o mantém a salvo de predadores.

Quanto mais comem, maiores ficam, o que os mantém protegidos dos predadores. Felizmente para eles, os peixes-lua são considerados o vertebrado mais fértil do planeta, pois uma única fêmea é capaz de produzir 300 milhões de ovos, que têm o crescimento mais rápido e extremo de todos os animais.

Os ovos são pequenos (0,13mm de diâmetro), o que significa que o crescimento até a fase adulta é de um aumento de cerca de 60 milhões de vezes a massa do indivíduo da etapa larval, sendo capaz de crescer aproximadamente 400 kg em 15 meses. Ou seja, o peixe-lua é capaz de ter uma taxa de crescimento de 0.82 kg/dia, em comparação com uma taxa média de outros teleósteos de 0,02-0,29 kg/dia.

Se você cresce rápido, precisa de muita comida nutritiva, por isso, os também chamados rolins, são predadoras generalizadas, com foco em coisas pequenas e macias. Seus olhos enormes enxergam incrivelmente bem, especialmente em águas turvas, e elas podem se aproximar furtivamente de pequenas presas ou vasculhar o zooplâncton à deriva. Principalmente larvas de peixes, lulas, camarões, moluscos, estrelas-do-mar, pequenos crustáceos, na verdade, qualquer bichinho macio que consigam alcançar.