![]() | A maioria dos turistas que visitam o Japão vai preparada para ver. Eles esperam se deslumbrar com as flores de cerejeira, o redemoinho de néon de Shinjuku, em Tóquio, ou a simetria tranquila dos templos de Quioto. Mas, em 1996, o Ministério do Meio Ambiente do Japão, como parte dos esforços do governo para combater a poluição sonora, convidou o país a fazer algo diferente: ouvir. Com 738 indicações públicas, eles compilaram uma lista das "100 Paisagens Sonoras do Japão um catálogo dos sons naturais e culturais mais apreciados do país. |

Das 738 inscrições as 100 "melhores" foram selecionadas após análise pelo Grupo de Estudos Sonoros do Japão. Essas paisagens sonoras pretendem funcionar como símbolos para as populações locais e promover a redescoberta dos sons da vida cotidiana.
Na época, as preocupações com o aumento da poluição sonora eram crescentes. As cidades estavam crescendo sem controle, as máquinas e o trânsito abafavam os sons mais sutis da vida cotidiana.
Ao nomear e celebrar essas paisagens sonoras, o governo esperava preservá-las, protegê-las e lembrar às pessoas que a identidade não se resume apenas às imagens e aos cheiros, mas também aos sons.
A lista compreende todo o Japão, abrangendo todas as 47 prefeituras, e inclui tanto o natural quanto o artificial. Alguns sons são atemporais, como o estrondo do gelo flutuante no Mar de Okhotsk, o coro das cigarras ecoando pelo templo montanhoso de Yamadera, em Yamagata, o chamado rítmico dos grous japoneses de Izumi, a "areia cantante" da praia de Kotobikihama.
Outros são distintamente culturais, como o tilintar dos sinos do festival de cavalos Chagu Chagu Umakko em Iwate, o badalar ressonante dos sinos dos templos budistas, o bater dos martelos contra o cinzel dos escultores de madeira em Inami e o agradável som da água espirrando dentro de um suikinkutsu.
Por que o som importa? Porque ele costuma ser a parte mais frágil do nosso meio ambiente. Uma cachoeira silenciada por uma represa, uma espécie de inseto perdida devido ao uso de pesticidas, um festival que desaparece com a mudança das gerações mais jovens.
Essas são mudanças que acontecem silenciosamente, até que um dia o som desaparece. Ao identificar 100 paisagens sonoras, o Japão criou uma forma de conservação cultural, elevando o comum ao nível de patrimônio.
E funcionou. Hoje, a lista inspira caminhadas sonoras, gravações de campo e até álbuns que permitem aos ouvintes vivenciar o farfalhar do bambu, o rugido de uma tempestade costeira ou o ritmo simples de um tear de rami.
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