![]() | A diabetes tem sido um flagelo do mundo desenvolvido, com uma estimativa de 400 milhões de pessoas em todo o mundo sofrendo dessa doença, e um aumento de 50% previsto para os próximos vinte anos. Infelizmente, segundo a Sociedade Brasileira de Diabetes, com base nos dados do Censo 2022, nosso país, com mais de 20 milhões de afetados, é o 6º país em número de casos, mas o 3º em gastos com a doença. Seus primeiros sintomas, que incluem sede excessiva e grande volume ao urinar, foram reconhecidos já em 1500 a.C. no Egito. |

Embora o termo diabetes tenha sido usado pela primeira vez em 250 a.C. pelo médico grego Apolônio de Mênfis, o diabetes tipo 1 e o diabetes tipo 2, associados respectivamente à juventude e à obesidade, foram identificados como condições separadas por médicos indianos em algum momento do século V d.C.
Pese que seja muito usado, o termo "diabete" não existe no português brasileiro. O certo é "diabetes", derivado de diabetes mellitus, cujo significado em grego é "atravessar" (diabetes) e mellitus (doce como o me). A junção dessas palavras descreve a condição de urinar em excesso e a presença de glicose (açúcar) na urina.
Mas, apesar da doença ser conhecida há tanto tempo, um diagnóstico de diabetes em um paciente humano era praticamente uma sentença de morte até o início do século XX, pois suas causas eram desconhecidas.
O que mudou essa situação terrível foi a ajuda do parceiro animal de longa data da humanidade: o Canis lupus familiaris, domesticado a partir de lobos-cinzentos há milhares de anos.
Em 1890, os cientistas alemães Josef von Mering e Oskar Minkowski demonstraram que a remoção do pâncreas de um cão fazia com que ele desenvolvesse todos os sinais de diabetes, estabelecendo assim o papel central do órgão na doença.
Mas o mecanismo exato pelo qual isso ocorria permaneceu um mistério até 1920, quando um jovem cirurgião canadense chamado Frederick Banting e seu aluno, Charles Best, avançaram as descobertas de seus colegas alemães.
Trabalhando sob a supervisão do Professor John Macleod na Universidade de Toronto, eles confirmaram que o pâncreas era responsável pela regulação da glicose no sangue, tratando com sucesso cães diabéticos por meio da injeção de um extrato que haviam preparado a partir do tecido pancreático.
Em 1922, os pesquisadores que trabalhavam com o bioquímico James Collip conseguiram desenvolver um extrato semelhante a partir do pâncreas bovino para tratar inicialmente um menino diabético de 14 anos, seguido por mais seis pacientes.
O processo de fabricação desse extrato, agora conhecido como insulina, foi eventualmente transferido para uma empresa farmacêutica que produz diferentes tipos de insulina injetável até hoje.
Frederick e John receberam o Prêmio Nobel de Medicina em 1923 por sua descoberta. Mas Frederick optou por compartilhar sua parte com Charles, por sua ajuda nos estudos iniciais envolvendo cães.
Aqui há uma grande injustiça nessa história em favor dos ocidentais. Em um artigo, de 1971, do Journal of the History of Medicine and Allied Sciences, intitulado "Paulescu e o Isolamento da Insulina", revelava que Nicolae Constantin Paulescu, o distinto fisiologista romeno, não recebeu o devido reconhecimento.
Na época em que a equipe de Toronto iniciava suas pesquisas, ele já havia conseguido extrair o hormônio antidiabético do pâncreas e comprovar sua eficácia na redução da hiperglicemia em cães diabéticos.
Acredita-se geralmente que Frederick e Charles foram os primeiros a isolar a insulina, sendo aclamados como seus "descobridores". Seu trabalho, no entanto, pode ser interpretado com mais precisão como uma confirmação das descobertas de Nicolae.
Considerando todas as circunstâncias, parece irônico que Nicolae, com toda a sua experiência, caiu no esquecimento, enquanto o jovem e inexperiente Frederrick é lembrado como se fosse o único responsável pela insulina.
Embora a experimentação médica em animais continue sendo controversa e criticada por bioeticistas, neste caso, pelo menos, não se tratava apenas de explorar cães para necessidades humanas.
Os cães desenvolvem diabetes a uma taxa de dois casos por cada 1.000 cães, quase a mesma que a de humanos com menos de 20 anos.
A maioria dos casos caninos é de diabetes tipo 1, semelhante ao tipo que crianças pequenas desenvolvem após a destruição do pâncreas pelo sistema imunológico, e estudos genéticos mostraram que a doença canina tem muitas características semelhantes à doença humana.
Isso permitiu que os veterinários invertessem a situação, usando com sucesso a insulina para tratar a diabetes no melhor amigo do homem há mais de 60 anos.
Muitos donos de cães se comprometem a controlar a diabetes de seus cães com injeções de insulina duas vezes ao dia, alimentação controlada e medições periódicas de glicemia usando os mesmos monitores de glicose para testes domiciliares usados por pacientes humanos.
E se a insulina suína purificada, comumente usada para cães, não funcionar para um determinado cão, o veterinário pode até recorrer a uma formulação de insulina humana, fechando o ciclo do processo.
Depois de tudo o que os cães fizeram por nós ao longo dos tempos, incluindo seu papel em uma descoberta médica que salvou inúmeras vidas humanas, usar esse mesmo conhecimento para ajudá-los é o mínimo que podemos fazer.
Diversos fatores, principalmente relacionados ao estilo de vida, à genética e à urbanização, explicam o grande número de brasileiros com diabetes. Hábitos alimentares inadequados e o aumento do sedentarismo são as principais causas, que se agravam com o envelhecimento da população e a crescente taxa de obesidade no país.
De fato, a obesidade é um dos principais fatores de risco para o desenvolvimento do diabetes tipo 2, com cerca de 60% a 90% dos diabéticos. Estudos indicam que mais de 60% dos adultos brasileiros estão com excesso de peso.
O consumo excessivo de açúcar, gordura e carboidratos simples, aliado à baixa ingestão de frutas, verduras e legumes, contribui diretamente para o aumento dos casos.
A prevalência de diabetes tem crescido consistentemente no Brasil. Entre 2013 e 2019, o número de casos aumentou em 36,4%. Em 2025, o número de brasileiros com diabetes é estimado em cerca de 20 milhões.
A diabetes representa um grande custo social e financeiro para os pacientes e para o Sistema Único de Saúde (SUS), impactando o orçamento com hospitalizações e tratamentos.
O controle da diabetes depende de ações focadas em educação e conscientização. A prevenção e acesso a tratamentos são essenciais.
A prática de exercícios físicos e uma alimentação mais saudável, com menos ultraprocessados, são as principais medidas para controlar a doença e reduzir o risco de desenvolvimento do tipo 2.
Se você nunca foi diagnosticado com diabetes, mas tem encontrado formigas no vaso sanitário após urinar, é muito importante procurar assistência médica.
Lembro-me que quando criança as pessoas mijavam perto de formigueiros para ver se acusava a presença de diabetes.
A explicação para isso é bem simples: em uma pessoa saudável, os rins filtram a glicose do sangue para que o corpo a utilize como energia. Em casos de diabetes não controlada, há um excesso de glicose no sangue que os rins não conseguem reter, fazendo com que o açúcar seja eliminado na urina. A glicose na urina atrai as formigas, que são atraídas pelo cheiro adocicado.
Mas atenção, o aparecimento de formigas na urina é um indício, não um diagnóstico. Outras condições de saúde podem causar glicosúria, por isso, a investigação médica é fundamental. Apenas um profissional de saúde pode confirmar o diagnóstico de diabetes.
O melhor mesmo é pagar "10 pila" na tira de teste de diabetes de farmácia, também conhecido como teste de glicemia capilar, que funciona com uma pequena punção no dedo para coletar uma gota de sangue, que é aplicada em uma tira reagente. O medidor de glicose analisa essa tira e fornece o resultado da quantidade de açúcar no sangue em poucos segundos.
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