Guia polêmico ensina homens a maltratar as mulheres

Vamos entrar agora em uma seara polêmica e muito espinhosa onde, ao que parece, algumas sementes continuam frutificando. São por coisas assim que, às vezes, me pego pensando horrorizado como é ser mulher e até compreendendo as feministas por saber que existe um livro cujo principal assunto é dar dicas a homens como exatamente bater nas suas esposas. É isso mesmo, há realmente um livro chamado "Um presente para o casal muçulmano" que incentiva um marido a judiar da mulher de forma comedida.

O controverso guia de relacionamento de 160 páginas, que foi publicado na Índia e é vendido ao redor do mundo, foi escrito por Hazrat Maulana Ashraf Ali Thanvi, recentemente esgotou em uma livraria em Toronto, no Canadá, segundo o jornal "Toronto Sun" que deu o alerta.

A página de abertura do livro já diz tudo sobre ele, quando aconselha o marido a ameaçar e usar a força contra a esposa se necessário. Na página 45, que, aparentemente, enumera os direitos de um marido, o livro diz que uma mulher não pode sair de casa sem permissão, ela deve realizar todos os seus desejos e que nunca deve "estar suja", sempre se embelezando para ele.

O tal guia não acrescenta nada útil depois disso. Na verdade há mais conselhos para homens sobre como realizar o castigo físico. O livro diz que um homem pode repreender sua esposa, bater nela com a mão ou uma vara, reter o dinheiro e puxar suas orelhas. Ah, e há um aviso para que o marido se "abstenha de espancá-la excessivamente". Tudo deve ser feito com muito carinho e respeito. Ao que parece este último parágrafo foi colocado ali para evitar ações judiciais no futuro.

Hazrat também tem uma maneira muito bizarra de aconselhar os homens a serem gentis com suas esposas, dizendo que:

- "O marido deve tratar a mulher com bondade e amor, mesmo que ela seja estúpida e burra às vezes."

É verdade que nem todos os muçulmanos concordam com o que está sendo propagado pelo livro. Tarek Fatah, por exemplo, afirma que as lojas deveriam ser cobradas pela venda de um livro como este.

- "Não se trata de ódio, mas isso incita os homens a bater nas mulheres", diz Fatah.

Não consigo de forma alguma aceitar que alguma religião realmente incentive a violência contra as mulheres. Por isso penso que este guia seja o trabalho nojento e vomitável de um indivíduo extremista.

O abuso físico de mulheres segue como um problema sério no mundo atual, seja através de religiões seja através de culturas, e livros como estes certamente não ajudam nem um pouquinho; ao contrário, podem provocar ainda mais maridos abusivos a reincidir outras ações. Duvido seriamente que "Um presente para o casal muçulmano" seja um livro que qualquer mulher gostaria de dar a seu marido.

Novamente, estou ciente que este é um assunto muito sensível -que possivelmente vai render insultos gratuitos-, e quero deixar claro que este artigo não condena de qualquer forma o Islã como religião, só desaprova a violência contra as mulheres e a sua promoção através deste tipo de lixo literário.