![]() | Em uma tarde de outubro de 1858, uma família inteira em Bradford, em West Yorkshire, norte da Inglaterra, foi acometida por uma doença repentina. Os pais Mark e Maria, juntamente com seus dois hóspedes, estavam debilitados, com vômitos e dores de estômago. Mas eram Orlando e seu irmão John Henry, de 2 anos, que estavam gravemente doentes. Orlando, de cinco anos, já estava morrendo quando o médico chegou. O médico disse aos pais aflitos que não havia nada que pudesse fazer. |

O Dr. John Henry Bell foi chamado à residência, onde encontrou Orlando "completamente sem pulso, com o rosto pálido, os lábios pálidos e lívidos, os olhos fundos e semicerrados". Orlando morreu 15 minutos após a chegada do médico. John Henry morreu logo depois.
Havia uma coisa em comum entre todos os membros da família: eles haviam comido balas de hortelã, um doce popular, que Mark comprara na noite anterior na feira do mercado local.
A partir dos sintomas da família, John rapidamente inferiu que eles haviam sido envenenados. Ele testou uma das balas com o teste de Reinsch, aquecendo a amostra com tiras de cobre. A camada escura que se formou confirmou suas suspeitas: o doce continha uma quantidade muito grande de arsênico.
A polícia visitou William "Humbug Billy" Hardacre, dono da barraca que vendia os doces venenosos. Mas o próprio William estava doente em casa, tendo experimentado seus próprios produtos mortais.
A pista levou ao confeiteiro atacadista Joseph Neal. Ele revelou que seus funcionários fabricavam os doces seguindo uma prática comum, porém perigosa: para cortar custos, ele substituía o açúcar caro por gesso de Paris.
O erro fatal ocorreu na farmácia, onde o assistente inexperiente William Goddard trabalhava há menos de três semanas. Quando o funcionário de Neal pediu a substância, William, por engano, pegou 5,5 kg de pó de um barril sem rótulo contendo arsênico.
Esse arsênico, misturado com açúcar e óleo de hortelã, resultou em 18 quilos de balas letais que foram entregues a William Hardacre em 30 de outubro. Tanto ele quanto Joseh notaram que as balas estavam mais escuras do que o normal, mas não deram muita importância.
Joseph, em vez de aceitar as balas de volta, ofereceu-as a William com um desconto modesto. Naquele dia, 2,3 quilos de balas foram vendidos no mercado, o suficiente para matar 20 pessoas e deixar mais de 200 sofrendo os efeitos do envenenamento por arsênio.
O chefe de polícia Leverrat espalhou a notícia sobre os doces venenosos o mais rápido possível. Pregoeiros acordaram os moradores adormecidos durante toda a noite. Policiais espalharam a notícia em suas rondas. Pela manhã, avisos cobriam todos os muros em um raio de oito quilômetros da cidade. Mas, para muitas famílias, era tarde demais. Várias pessoas já haviam morrido.
O veneno era tão forte que Leverrat sentiu "uma sensação de tontura" e sofreu irritação no nariz e nas mãos apenas por manusear as evidências. No tribunal, o químico analítico Felix Rimmington testemunhou que cada bala continha cerca de nove grãos e meio de arsênio; metade dessa quantidade era considerada suficiente para matar um adulto.
Três homens foram preso: o químico que vendeu o arsênico, seu assistente e o confeiteiro, mas todos os três foram absolvidos depois que o juiz decidiu que tudo foi acidental e que não havia motivos para nenhum deles responder.
As mortes originaram a Lei de Adulteração de Alimentos ou Bebidas de 1860, embora a legislação tenha sido criticada por ser muito ambígua e as deliberações por sua violação, muito baixas para servirem como dissuasivas. As mortes também foram um fator na aprovação da Lei de Farmácias de 1868.
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