![]() | Imagine passar 40 anos presa, longe da natureza, sem espaço para correr ou socializar com seus entes queridos. Agora, imagine a emoção de finalmente ganhar a liberdade! É exatamente isso que a elefanta Quênia, uma aliá asiática de 44 anos, está vivenciando. Última elefanta em cativeiro na Argentina. Quênia fez uma jornada épica de 7 horas até o Santuário de Elefantes do Brasil (SEB), que fica na Chapada dos Guimarães, no Mato Grosso, onde enfim pode viver livre, em meio à natureza, ao lado de outros elefantes resgatados. |

O último elefante em cativeiro da Argentina, Quênia foi transferida para o SEB em julho de 2025, tornando a Argentina o primeiro país em mais de um século sem elefantes em cativeiro.
A realocação histórica foi o ápice de um esforço de 8 anos e ocorreu após uma lei argentina de 2016 que fechou zoológicos e transferiu animais exóticos para santuários.
Quênia passou seus quase 40 anos de vida em cativeiro e agora se junta a outros elefantes resgatados no grande santuário de Mato Grosso.
Após extensa preparação, incluindo reabilitação e treinamento para tolerar o transporte, Quênia fez a viagem de 5 dias e 4.000 quilômetros de Mendoza até o ESB, um refúgio de 1.000 hectares dedicado ao bem-estar de elefantes resgatados.
O espaço possui vegetação nativa e um bioma perfeito para a espécie. Lá, Quênia se juntou a uma manada de seis elefantes: Bambi, Mara, Raia, Maia, Guilhermina e Pupy, de espécies asiáticas e africanas.
- "O SEB oferece um ambiente onde os elefantes podem se recuperar física e emocionalmente, com cuidados veterinários e espaço para viver como viveriam na natureza", explicou Scott Blais, cofundador do santuário, em entrevista recente à organização Santuário Global para Elefantes.
A transferência de animais como a Quênia e de outros animais reflete uma mudança nacional na Argentina para transformar zoológicos em ecoparques, com foco na conservação, educação e cuidados adequados às espécies dos animais.
No santuário, Quênia agora pode socializar com outros elefantes e vivenciar um ambiente natural pela primeira vez na vida.

A realocação bem-sucedida só foi possível graças à pressão pública e à defesa de grupos de proteção animal, o que levou à lei argentina de 2016 que promoveu o fechamento de zoológicos e a transferência de animais em cativeiro para santuários.
A transferência de Quênia não aconteceu da noite para o dia. Desde 2017, a equipe do Ecoparque Mendoza, com o apoio da Subsecretaria Nacional do Meio Ambiente da Argentina, preparou cada detalhe.
A história de Quênia vai além de uma simples mudança. Ela simboliza uma mudança de mentalidade em relação ao cativeiro de elefantes. Na Argentina, o fim dos elefantes em zoológicos reflete um compromisso com o bem-estar animal.
No Brasil, o Santuário de Elefantes é um modelo global, sendo o primeiro do gênero na América Latina. Dados recentes da Proteção Animal Mundial mostram que cerca de 3.000 elefantes ainda vivem em cativeiro no mundo, muitas vezes em condições inadequadas. A transferência de Quênia é um passo para mudar esse cenário.
Mas nem tudo é alegria, Pelusa, uma elefanta asiática, foi a pioneira na Argentina a ser escolhida para ser realocada. Apesar de ter vivido no Zoológico de La Plata, sua história, assim como a de suas congéneres, foi marcada pela solidão. Infelizmente, Pelusa faleceu em 2018, aos 52 anos, apenas alguns dias antes da sua mudança prevista para o SEB.
Além dessa triste notícia, Merry, uma elefanta asiática que havia passado a vida em um zoológico privado, onde se apresentava desde sua infância em um circo, também faleceu na mesma época, aos 50 anos.
No ano de 2024, Kuky, um elefante africano, morreu aos 34 anos, enquanto esperava as aprovações necessárias para ser realocado e viajar para o Brasil.
Poucas semanas antes da viagem de Quênia, a burocracia cobrou outra vítima, Tamy, um macho asiático de 55 anos que havia finalizado sua jornada de recuperação, também partiu.
Em seu habitat natural, elefantes saudáveis vivem em média entre 60 e 70 anos. Contudo, essa expectativa de vida sofre uma redução drástica quando os elefantes são confinados. Os anos em cativeiro de Quênia causaram impactos progressivos e irreversíveis, como problemas nas pernas devido à falta de locomoção, perda de massa muscular, disfunções intestinais e doenças hepáticas.
Em um dia incomumente quente de julho, Quênia demorou um pouco para sair da caixa de transporte e entrar em seu novo lar. Mas, após alguns minutos, a elefanta de 5950 kg saiu da caixa, sacudiu a poeira, explorou brevemente os arredores e começou a rolar em um monte de terra vermelha.
- "Ela fez isso como uma menininha", comentou Juan Ignacio Haudet, diretor de biodiversidade do Ecoparque da cidade de Mendoza. Foi a primeira vez nos últimos três anos de trabalho com ela que ele a viu brincar, banhar todo o corpo ou até mesmo apreciar a comida.
O fato de Quênia ter se juntado outros animais vindos de outros zoológicos na Argentina, é uma prova de anos de dificuldades, resistência e perdas. Além de ser um momento de libertação, sua primeira cambalhota na terra vermelha serviu como uma homenagem para aqueles que nunca conseguiram.
Agora, Quênia está se conectando com seus vizinhos, exercitando seus músculos mais do que nunca, caminhando por encostas e derrubando árvores em seu habitat como um elefante que ela nunca foi. Ela rola na lama e na grama, o que não só lhe traz alegria, mas também ajuda a melhorar a saúde de seus pés, esfoliando a pele morta de seu corpo.
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