18 anos de prisão por administrar um site de «vingança pornô»

Esta sentença histórica e sem precedentes nos Estados Unidos poderia servir de guia para muitos outros países com idênticos problemas. Kevin Bollaert, administrador de uma página pornô com milhares de fotos sexualmente explícitas de mulheres, publicadas sem seu consentimento, foi condenado a 18 anos de prisão. Todo um golpe para o "revenge porn" ou a "vingança pornô", termo com o qual se faz referência ao fenômeno on-line no qual uma pessoa publica fotos íntimas de seu ex como vingança e sem seu consentimento.

A maioria das vezes a pessoa ressentida publica as fotos nas redes sociais, sistemas de troca de mensagens, sites pornográficos ou inclusive em blogs. Várias vezes o MDig recebeu este tipo de material, que em geral vem com chulas descrições como "novinha caiu na rede", "esposa flagrada no ato"; que evidentemente reencaminhamos para a devida instituição que possa tratar do assunto criminoso

É um delito que os países estão começando a castigar com fortes penas de prisão. Israel foi o primeiro. A sentença de um juiz da Califórnia sobre Kevin Bollaert, de 28 anos, é até agora a maior aplicada por canalhices deste tipo.

Kevin administrou a página por mais de um ano, entre 2012 e 2014. E encontrou uma maneira ainda mais torta de ganhar dinheiro: ele operava também outra página na qual, em troca de 350 dólares, permitia com que as fotos das afetadas fossem retiradas do outro site que ele mesmo operava também. Um círculo muito lucrativo cheio de ameaças e temores. A ideia, no entanto, saiu cara porque, além dos 18 anos de prisão, terá que pagar uma multa de 10.000 dólares às vítimas.

Oito mulheres testemunharam ante o juiz e contaram como foram assediadas uma vez que as fotografias foram publicadas no site. Os promotores do caso asseguraram que o site criado por Kevin permitia que pessoas anônimas publicassem fotos sexualmente explícitas, e exigia que, quem enviasse as imagens, devia incluir o nome das pessoas que apareciam nelas, seu endereço, idade e perfil no Facebook.

A "vingança pornô" é um fenômeno com centenas de páginas ativas e que rende muito dinheiro aos seus administradores, que em geral são seres nauseabundos que batem na mãe por causa de mistura. Exatamente como Hunter Moore, conhecido como "O homem mais odiado na internet", um tipo asqueroso que enriqueceu com este tipo de negócio on-line e que está pouco se lixando para o tormento que isso pode representar à vida das vítimas, conforme ele mesmo diz em uma entrevista para a BBC:

- "As pessoas acham que sou completamente babaca e que o que faço é imoral, mas sinto que estou educando as pessoas sobre como usar tecnologia. Estou pouco me fodendo quando dizem que é triste por ferir ou arruinar a vida de alguns. Pode ser ruim para você, mas é entretenimento para outros pô! Na boa? Ao final do dia o que as pessoas querem mesmo é ver como seus amigos trepam".

Esta prática nojenta pode acabar com a vida de uma pessoa, tem gente que deixa a sua casa, o lugar onde vive e o trabalho, e inclusive muda de nome, que deixa de ver sua família e amigos, fecha suas contas em redes sociais, se afunda pela ansiedade e a vergonha, as crises nervosas e as depressões e que, às vezes, acabam em uma tentativa de suicídio ou na própria morte por culpa desta pressão insuportável.

É muito complicado conseguir estatísticas desta realidade. No entanto, nos EUA existe uma página, a End Revenge Porn, que trata de coletar dados sobre o assunto. Segundo suas conclusões, um de cada dez ex ameaçaram alguma vez o seu casal em expor material comprometedor e 60% deles cumpriram essas ameaças. 90% das vítimas são mulheres, 93% sofreram um significativo dano emocional ao enfrentar esta exposição humilhante e 49% foram assediadas por algumas pessoas desconhecidas que receberam o material.

O recomendado seria mesmo não fazer fotografia e filmes de momentos íntimos, mas isso é um pouco hipócrita (aliás, bastante hipócrita) porque acaba indiretamente achando a mulher como culpada. O certo mesmo, entre pessoas decentes que respeitam o espaço do outro, é aproveitar a fantasia enquanto ela existe e quando o amor ou a paixão acabar, selecionar o arquivo no HD e apertar a tecla Delete. Pronto!

Então, da próxima vez que você receber este tipo de material no seu inbox, caixa de entrada ou WhatsApp, não repasse para frente e de preferência tente entrar em contato com quem enviou e explique a situação vexatória que isto pode representar. Agora, se estes envios forem recorrentes, o melhor mesmo é pedir para esta pessoa pegar um pote de vaselina e enfiar todo este lixo no mais profundo recanto de sua cavidade retal.

Fonte: G1.