China lança 25 normas de censura para seus artistas, entre elas amar o Partido Comunista

A Associação de Artes Cênicas Chinesa, às ordens do Ministério de Cultura e Turismo, acaba de publicar uma listagem com dez mandamentos e 15 atos proibidos para artistas e pessoas do entretenimento (músicos, atores bailarinos, etc). Os atos implicariam medidas disciplinares e castigos em uma ampla faixa, desde pequenas sanções à perda do direito a trabalhar na indústria do entretenimento pelo resto da vida.

Bom e mau para os artistas: como explicam na própria nota de imprensa da associação, não são mais que um punhado de medidas que as pessoas do setor já sabiam, de forma tácita, o que eram linhas vermelhas para Pequim. No entanto, segundo analisou a Variety as regras estão escritas de uma forma suficientemente amplas para ser interpretadas segundo o caso.

Entre as mais atraentes das 25 estipulações vagamente formuladas e, portanto, amplamente interpretáveis estão numerosas injunções para obedecer e amar o Partido Comunista. - "...Amar ardentemente à pátria, apoiar a linha, os princípios e as políticas do Partido [...] e aceitar conscientemente a supervisão [do governo] e da sociedade [...] servir ao povo e ao socialismo."

Também não devem promover religiões ou falsas crenças. Há também uma proibição explícita a mudar o conteúdo de seus atos a versões que já tenham sido censuradas. É obrigatório aderir aos contratos de atuação de acordo com a lei e, e um veto inesperado da prática comum de dublagem ou playback em apresentações comerciais.

O incômodo do PCC com suas estrelas chega com os focos de poder que podem escapar ao controle estatal. Na florescente indústria cultural de vez em quando aparecem influencers falando das violações de direitos humanos em Xinjiang ou no Tibete. Ou de forma geral com seus próprios atos registrados pelos paparazzi animam um espírito rebelde entre os jovens que os admiram, por isso censuram, por exemplo, os piercings e homens de brinco na televisão.

Mas a maior preocupação, além da adesão que cada estrela pode atingir por culpa de seus fãs, é a da imagem que dá para seu objetivo ideológico comunista. A famosa Fan Bingbing (foto acima), o equivalente de lá de uma Scarlett Johansson quanto ao nível de fama, assinava contratos mais caros que os que na realidade declarava ao governo. E se as instituições permitissem que a atriz enriquecesse sem limites daria pé a incentivar uma visão capitalista da sociedade: não há limites econômicos ao que um indivíduo pode "valer".

Embora não seja um documento legal vinculativo ou um pronunciamento político oficial, as "Medidas Administrativas para a Auto-regulamentação dos Artistas da Indústria das Artes Cênicas" podem ser entendidas como representando a posição atual das autoridades chinesas, especialmente porque foi amplamente promovida com entusiasmo por todos os principais veículos da mídia estatal que atuam como porta-vozes do Partido.

E por falar em Fan Bingbing, ela recentemente voltou a dar sinais de vida depois de ficar seis meses desaparecida da cena pública. Ela publicou uma foto na terça-feira passada em seu perfil de Instagram com motivo da celebração do fim de ano chinês.

A atriz de 37 anos desapareceu em maio do ano passado e só voltou a dar a caras em outubro, quando ela mesma esclareceu a situação ao publicar um vídeo na Weibo no qual pedia desculpas e reconhecia indiretamente os rumores de evasão fiscal, pela qual tinha recebido uma multa milionária de 120 milhões de dólares.

No vídeo ela pedia pedir perdão a seus fãs e ao Partido Comunista Chinês por não ter sido um bom exemplo para a sociedade e a indústria do espetáculo.