![]() | Houve um tempo, não muito depois da adoção generalizada da telegrafia no século 19, em que a língua escrita chinesa parecia condenada. Ou pelo menos o fez para certos pensadores, considerando as implicações daquela tecnologia que possibilita a comunicação global instantânea que foi desenvolvida para o alfabeto latino relativamente simples. E por mais inadequado que o sistema de escrita chinês deve ter parecido ao mundo do telégrafo, teria representado um fardo aparentemente ainda mais pesado no mundo da máquina de escrever. |

Somente em 1916, graças aos esforços de um engenheiro de Xangai formado nos Estados Unidos chamado Hou-Kun Chow, a máquina de escrever chinesa estreou, construída em torno de um grande cilindro giratório que podia imprimir 4.000 caracteres ideográficos -ou seja, cada um representando um palavra ou som-. A partir desse ponto, a evolução da máquina de escrever chinesa foi bastante rápida, para os padrões da época. E isso não aconteceu apenas na China: o Japão, cuja própria linguagem escrita incorpora muitos caracteres ideográficos chineses, foi sujeito a uma influência tecnológica mais intensa do Ocidente desde a abertura ao comércio exterior na década de 1860.

No mesmo ano após sua fundação em 1939, a futura gigante da eletrônica Toshiba produziu a primeira máquina de escrever cilíndrica japonesa. Usada principalmente pelos militares japoneses durante a Segunda Guerra Mundial, ela incorporava 630 caracteres. Após a guerra, a Toshiba lançou um novo modelo, a 1200 A, com 1172 caracteres japoneses e chineses. No vídeo abaixo você pode ver um modelo ligeiramente posterior em ação.
Produzida antes da introdução dos teclados de estilo ocidental, a Toshiba BW-2112 tem a mesma interface de seus predecessores. Essas antigas máquinas de escrever japonesas ainda hoje impressionam como maravilhas da engenharia, embora seu vasto estoque de caracteres -que incluía não apenas kanji de origem chinesa, mas kana fonético e até mesmo o alfabeto latino- há muito tenha sido superado pela tecnologia digital.

Agora que o smartphone de cada aluno coloca todos os 50.000 caracteres chineses existentes sob seu comando -para não falar das outras línguas escritas do mundo- é seguro dizer que eles não cairão em desuso tão cedo.
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