![]() | Há cerca de 70 anos, uma nova moda surgiu: macacos de estimação. A tendência de manter macacos como animais de estimação disparou nos Estados Unidos durante o final da década de 1950 e de 1960. Essa moda de "ter seu próprio macaco" gerou uma demanda tão alta que, em 1971, estimava-se que havia 750.000 macacos de estimação no país, superando em número o de poodles registrados na época. A mania foi impulsionada pela representação de primatas na televisão e no cinema, que distorceu sua imagem de animais selvagens para companheiros domesticáveis. Mas as coisas não deram certo. |

A demanda era tão intensa que, em 1955, autoridades da Costa Rica expressaram preocupação com o fato do comércio de animais de estimação estar dizimando as populações de macacos selvagens.
Você pode transformar qualquer animal selvagem em um animal de estimação; basta capturá-lo, adestrá-lo e mantê-lo. Mas, embora alguns animais selvagens sejam naturalmente bons animais de estimação, porque são dóceis e não se incomodam muito com os humanos, a maioria é simplesmente selvagem demais.
Mas nós, humanos, descobrimos uma maneira de transformar alguns desses animais selvagens mais ariscos em bons animais de estimação, e até mesmo em ajudantes humanos, por meio do processo de domesticação.
Mas não macacos, porque nem todos os animais são igualmente domesticáveis. Por exemplo, se você fosse escolher um bom macaco para domesticar, provavelmente escolheria um macaco-prego (Sapajus) ou talvez um mico (sagui) porque são bonitinhos e supostamente dóceis. Não são!
Podem ser simplesmente adoráveis, inteligentes e ágeis o suficiente para talvez até ajudar, mas também são teimosos.
O primeiro passo para a domesticação seria capturar um monte de pequenos macacos. O que já seria bastante difícil, mas você também teria que mantê-los presos. E enquanto alguns animais, como ovelhas e galinhas, se adaptam bem ao confinamento, os macacos, sobretudo os pregos são mestres da fuga e são muito difíceis de manter presos em recintos simples.
Você poderia acabar sem nenhum macaco. Mas digamos que você conseguisse, de alguma forma, construir recintos à prova de macacos-prego, você precisaria então cruzar os macacos cuidadosamente para selecionar as características desejadas, e se livrar daquelas indesejadas.
E então você teria que continuar fazendo isso por centenas de gerações. Animais como porcos podem começar a dar à luz aos 6 meses de idade e podem ter 3 ninhadas por ano, com 10 leitões cada.
Portanto, é um processo relativamente rápido selecionar as características desejadas. Mas os macacos-prego levam quatro anos para atingir a maturidade e têm apenas um filhote a cada dois anos, aproximadamente.
Então, levaria muito, muito tempo para criar macacos-prego com as características que queremos. Mas mesmo que tivéssemos esse tempo, há um problema adicional: doenças.
Como os macacos-prego têm sistemas imunológicos muito semelhantes aos nossos, eles podem nos transmitir todos os tipos de doenças e talvez até mesmo gerar novas pragas entre primatas.

Portanto, um projeto de domesticação de macacos-prego provavelmente seria um grande desastre.
Dito isso, conseguimos domesticar o cavalo, que compartilha 2 das 3 dificuldades de domesticação. Mas os cavalos tinham características que poderiam revolucionar o transporte, a agricultura e a guerra, moldando literalmente o nosso mundo moderno, então, pelo menos nesse caso, valeu a pena o esforço de domesticá-los.
Mas o objetivo final dos macacos-prego, por outro lado, seria simplesmente serem animais de estimação fofos, ou talvez uma mão amiga. Domesticá-los simplesmente não valeria o esforço, se é que seria possível.
Então, o que aconteceu com todos aqueles macacos de estimação não domesticados que os americanos levaram para suas casas?
Bem, foi um caos com os macacos; em poucos anos, santuários de primatas começaram a surgir para abrigar todos os macacos que as pessoas não conseguiam mais controlar.
Embora populares, esses animais eram difíceis de cuidar. Dos aproximadamente 40.000 macacos vendidos anualmente, estima-se que 36.000 morriam no primeiro ano.
Os donos muitas vezes gostavam dos macacos enquanto eram filhotes, mas os consideravam incontroláveis e potencialmente perigosos quando atingiam a adolescência.
À medida que os animais se tornavam mais difíceis de manejar, muitos foram abandonados, enjaulados ou tiveram seus dentes arrancados. Isso levou à criação dos primeiros santuários de macacos no final da década de 1960.
Acontece que, quando se trata de criar animais, quanto mais macacos, mais problemas. Dos animais que conseguimos domesticar, alguns se tornaram companheiros, alguns se tornaram trabalhadores e alguns se tornaram, bem, comida.

E embora muitos discordem sobre se é certo ou não criar animais em geral para abate, todos concordamos que nenhum animal merece ser mantido em condições cruéis como as dos criadouros industriais.
Embora isso tenha sido uma "moda passageira" há 70 anos, o interesse por primatas como animais de estimação costuma ressurgir sempre que um macaco aparece em um programa de televisão ou filme popular.
De fato, há uma tendência crescente de pessoas criarem animais de estimação incomuns ou exóticos e os primatas não são uma exceção.
Muitas pessoas os consideram fofos e bastante parecidos com humanos. Algumas os veem quase como um substituto para um filho. Colocam fraldas neles e os vestem com roupinhas.
Em 2010, 360 primatologistas renomados apoiaram os apelos pela proibição de primatas como animais de estimação.
A posse de primatas como animais de estimação já é proibida em muitos países. Em regra, sim, é proibido criar a grande maioria dos primatas como animal de estimação no Brasil. Primatas são considerados animais silvestres, e a posse ilegal é considerada crime ambiental.
É possível ter um primata legalmente apenas se ele for adquirido de um criadouro comercial autorizado pelo IBAMA, nascido em cativeiro, microchipado e com nota fiscal.
Geralmente, as autorizações se restringem a poucas espécies, como saguis e macacos-prego. O processo legal é demorado, caro (um macaco-prego legalizado pode custar R$ 60 mil ou mais) e exige ambiente adequado.Um ilegal pode render uma multa de 5 mil e cadeia.
A Sociedade Brasileira de Primatologia e outros especialistas não recomendam ter macacos como pets, pois eles podem se tornar agressivos na puberdade, transmitir doenças e precisam de cuidados complexos.
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