![]() | O besouro-joia australiano (Julodimorpha bakewelli) é uma grande espécie de buprestídeo marrom que é encontrada em todo o sul da Austrália em áreas áridas e semiáridas. Como a maioria dos insetos, o único propósito da vida do besouro-jóia é procriar. Todos os anos, durante a época de acasalamento, os machos voam em busca das costas marrons e brilhantes das fêmeas rastejando no chão. Quando encontram uma dama de quem gostam, eles pulam em seu lombo e começam a acasalar, exceto que, muitas vezes, a companheira de sua escolha acaba sendo outra coisa. |

O pobre coleóptero tenta, na verdade acasalar com uma garrafa de cerveja e é tão dedicado à tarefa que pode ficar tão desidratado que morre fazendo isso, o que parece um comportamento realmente idiota. Mas não se precipite, porque há algo muito mais profundo acontecendo ali.
Bem, a base para esse erro do besouro-da-garrafa aconteceu há muito tempo, quando os machos evoluíram para procurar as conchas marrons brilhantes e irregulares das fêmeas para acasalar.
Mas, muitos e muitos anos depois, nós, humanos, estamos adicionando todo tipo de coisa nova ao ambiente, incluindo este tipo específico de garrafa de cerveja, que por acaso compartilha as mesmas qualidades que os machos são preparados para procurar.
E, na verdade, essas qualidades são mais exageradas na garrafa do que no besouro. Como resultado, os machos são induzidos a um comportamento que, na melhor das hipóteses, não vai funcionar e, na pior, pode até matá-los. Cientistas chamam esse tipo de colisão entre instintos arraigados nos animais no mundo moderno de Armadilhas Evolucionárias.
E elas estão por toda parte. Como as pererecas-cubanas, que evoluíram para buscar o brilho bioluminescente de seus insetos, presas. Mas hoje em dia, sabe-se que elas são abatidas pelo brilho alegre das luzes de Natal. Esse erro não é mortal, mas desperdiça o tempo e a energia valiosos dos anfíbios.
E filhotes de tartarugas marinhas, que geralmente nascem à noite, dependem do reflexo do luar para levá-los à relativa segurança do mar. Hoje em dia, porém, a iluminação intensa à beira-mar pode levá-los na direção exatamente oposta.
As aves também se orientam observando as estrelas e a lua. Mas, frequentemente, elas confundem a iluminação pública com seus sinais naturais de navegação, atraindo-os para as cidades em vez de suas rotas normais de voo. E, uma vez lá, as aves podem encontrar uma armadilha evolutiva ainda mais perigosa.
As aves naturalmente procuram brechas na paisagem para voar. E nas cidades, janelas de vidro brilhantes criam reflexos perfeitos, prometendo brechas que, na verdade, não existem.
E, contraintuitivamente, à medida que tentamos melhorar os habitats urbanos, como adicionando espaços verdes aos centros das cidades, atraímos mais aves para essas armadilhas de vidro e criamos reflexos mais tentadores, aumentando assim a carnificina.
Em 2023, em apenas uma noite, 1.000 aves migratórias morreram ao atingir um centro de convenções à beira de um lago em Chicago, em Illinois, nos Estados Unidos, quando o normal é que no máximo 15 pássaros colidam com Centro McCormick, com sua fachada predominantemente de vidro e localizado ao lado do Lago Michigan, conhecido perigo para pássaros na cidade. Só nos EUA, colisões com janelas podem matar até um bilhão de aves por ano.
Agora que sabemos o quão grande o problema das armadilhas evolucionárias pode ser, estamos tentando desarmá-las. Por exemplo, usando películas difusas para janelas para reduzir os reflexos e, em seguida, limitando a luz artificial em áreas urbanas e litorâneas.
E na Austrália Ocidental, onde esses besouros e garrafas coexistiam, os fabricantes de cerveja modificaram o design e a cor de suas garrafas, eliminando aquelas protuberâncias supersensuais e encerrando o caso de amor equivocado do macho.
As coisas pareciam ter melhorado para os besouros-joia, até que em no final de 2018 eles voltaram às manchetes. O problema é que o Julodimorpha bakewelli, além de muito burro, tem uma tara gigante. Eles passaram a transar com cones de trânsito laranja e coletes de segurança.
Devido a esse comportamento errôneo de acasalamento, e algumas espécies estão ameaçadas de extinção, pois as altas taxas de reprodução malsucedida resultam em taxas de sobrevivência mais baixas, e os machos persistirão em suas tentativas de acasalar até serem vítimas de ameaças ambientais.
Toda primavera e outono, celebramos o Dia Mundial das Aves Migratórias, que homenageia a jornada de bilhões de pássaros enquanto voam de um lado para o outro entre seus lares de verão e inverno. Essa jornada se tornou cada vez mais perigosa como resultado das mudanças climáticas, perda de habitat e colisões com janelas.
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