Corredora indígena vence ultramaratona de 63 km após caminhar 14 horas para poder competir

Muitas pessoas acreditam que ser um atleta de ponta exige equipamentos de última geração ou treinamento extenuante, mas, às vezes, o elemento mais importante é a determinação. O exemplo perfeito disso é Candelaria Rivas Ramos, uma ultramaratonista indígena de 30 anos. Ela conquistou os 63 quilômetros da Ultramaratona Canyon de 2025, disputada na cidade de Guachochi e inacreditavelmente ela não tinha experiência anterior em competições desse tipo.

Candelaria é membro dos Rarámuris, um povo indígena radicado no estado de Chihuahua, no norte do México. Eles vivem em uma área remota com altas montanhas e desfiladeiros profundos na Serra Madre Ocidental.

Devido à sua localização relativamente isolada, os Rarámuris estão acostumados a percorrer longas distâncias a pé -muitas vezes de sandálias-, o que os torna corredores habilidosos.

A ultramaratona contou com uma bênção tradicional dos Rarámuri, uma homenagem à importância e ao vínculo sagrado entre o povo e sua capacidade de correr longas distâncias.

O vínculo é tão forte que a palavra "Rarámuri" significa "corredor a pé", "pés leves" ou "aqueles que andam bem".

De fato, o Museu Público de Milwaukee afirma que - "...alguns caçadores Tarahumara preferem perseguir suas presas até a exaustão a usar arco e flecha ou balas."

Com roupas tradicionais de seu povo e usando huarache (sapatilha), Candelaria completou a corrida em 7 horas e 34 minutos, conquistando o primeiro lugar na competição feminina. E como se essa conquista não bastasse, ela ainda caminhou 14 horas só para chegar à linha de largada, vindo de sua distante terra natal.

Após a corrida, ela contou à imprensa que não havia treinado nada além de sua vida cotidiana nas montanhas.

- "Eu já sabia da corrida que acontece aqui todos os anos. Nunca tinha participado, mas vim aqui este ano para me inscrever por volta de abril", disse ela.

Candelaria contou que se inspirou para correr a ultramaratona depois de ver corredores de sua comunidade retornando das corridas com uma medalha no pescoço.

Ela também dedicou a vitória à sua família e levou para casa um prêmio de 7.000 pesos mexicanos (R$ 2.060). Além de sua comunidade, a conquista de Candelaria inspirou pessoas ao redor do mundo com sua determinação e capacidade de aproveitar ao máximo suas humildes condições.