Acredite ou não, a música de maior sucesso na história do YouTube não gera nenhum dinheiro

A música original e contagiante, desde seu lançamento no YouTube em junho de 2016, alcançou uma média de mais de 4,7 milhões de visualizações por dia. Agora, acumula 16,4 bilhões de visualizações.

Seu sucesso transcende fronteiras: disponível em 25 idiomas diferentes, os Estados Unidos lideram como o principal mercado em termos de visualizações, enquanto o Brasil detém o recorde de mais curtidas.

Em 2020, destronou "Despacito" como o vídeo mais visto no YouTube. E a diferença continua a aumentar: "Despacito" permanece com 8,86 bilhões de visualizações, enquanto "Baby Shark" já dobrou esse número.

Como afirma o Wall Street Journal, para nos dar uma ideia da dimensão da conquista: o valor é aproximadamente equivalente à soma dos dez vídeos musicais mais populares de Taylor Swift na plataforma.

Apesar dos recordes, a Pinkfong, empresa sul-coreana que criou a música, gerou apenas US$ 67 milhões em 2024. O motivo: as restrições à privacidade infantil limitam drasticamente sua monetização por meio de anúncios.

Em setembro de 2019, o Google concordou em pagar US$ 170 milhões para encerrar as alegações de violações sistemáticas da Lei de Proteção da Privacidade Online das Crianças (COPPA). A Comissão Federal de Comércio dos EUA determinou que a plataforma havia coletado cookies e endereços IP de crianças menores de 13 anos para exibir anúncios personalizados, sem obter o consentimento dos pais.

A multa representou a maior já aplicada por violações desse tipo. A investigação revelou que o YouTube se anunciava ao lado de marcas de brinquedos como Mattel e Hasbro como uma empresa líder em alcançar crianças de 6 a 11 anos.

Essa multa levou o YouTube a proibir anúncios personalizados em conteúdo "Feito para Crianças" a partir de janeiro de 2020. Também desativou recursos como comentários, notificações de inscrição, listas de reprodução e bate-papo ao vivo. O impacto econômico foi significativo: os criadores de conteúdo infantil reduziram sua produção em 18% e as visualizações caíram 20%. Os lucros despencaram entre 60% e 90% em comparação com o conteúdo com anúncios personalizados.

Outros grandes nomes do entretenimento infantil também viram seus lucros diminuírem com a decisão do YouTube. Cocomelon , que possui dois dos dez vídeos afetados, confirmou perdas significativas de receita após a remoção da publicidade personalizada.

Diante das restrições de monetização, a Pinkfong construiu um modelo de negócios diversificado, no qual a publicidade no YouTube representa apenas uma fração de sua receita. Segundo dados do primeiro semestre de 2025 , 68% de suas vendas agora provêm da distribuição de conteúdo, enquanto o merchandising contribui com 15%, o licenciamento com 10% e o restante corresponde a videogames e outros produtos digitais.

Isso permitiu que a empresa alcançasse um lucro de aproximadamente US$ 13 milhões em 2024, com uma receita total de US$ 67 milhões. Naturalmente, seu CEO já falou sobre a integração de inteligência artificial e análise de dados na criação de conteúdo. Os dias dos sucessos virais acabaram.