
Uma vez em um vinhedo, essas cochonilhas são quase impossíveis de erradicar. E com cada nova cochonilha vem a ameaça da doença do enrolamento da folha da videira. Ela bloqueia a capacidade da planta de converter a luz solar em nutrientes.
Uma única cochonilha minúscula pode adquirir e transmitir o vírus que a causa em uma hora. E em seus estágios iniciais, elas são minúsculas, tão minúsculas que os agricultores podem movê-las pelo vinhedo sem nem perceber.
Não há cura para a doença, então os agricultores não têm escolha a não ser arrancar as videiras doentes e plantar novas.
As cochonilhas-da-uva são insetos de corpo mole que se alimentam de videiras, e sua presença frequentemente atrai formigas porque secretam no seu cocô uma substância doce e pegajosa chamada melado.
As formigas protegem as cochonilhas dos predadores e, em troca, podem consumir o melado. Essa relação mutualistica leva ao desenvolvimento de fumagina no melado, danificando as uvas e tornando-as impróprias para venda. Controlar uma praga pode ajudar a controlar a outra.
A relação também pode aumentar as populações de cochonilhas, além do que as formigas também podem transportar cochonilhas para novas áreas da trepadeira.
O controle de formigas pode ser uma maneira eficaz de controlar cochonilhas. Isso pode incluir barreiras físicas, como armadilhas adesivas ao redor do tronco, ou a prevenção do crescimento de ervas daninhas altas e outras fontes de formigas.
Se a população de cochonilhas estiver alta, pode ser necessário aplicar tratamentos específicos. Alguns produtores obtiveram sucesso com agentes de controle biológico ou outras estratégias de manejo, e é aqui que as coisas começam a ficar interessantes.
Para combater isso, a joaninha predadora de cochonilhas (Cryptolaemus montrouzieri) é um controle biológico eficaz, pois tanto suas larvas quanto seus adultos se alimentam de cochonilhas e são resistentes a ataques de formigas.
Os adultos são pequenas joaninhas oblongas, de cor preta a cinza-escuro, com cabeça e tórax alaranjados. As larvas são cobertas por filamentos brancos e cerosos que as fazem parecer com cochonilhas, mas são mais rápidas e maiores.
Como funciona: como dizíamos, tanto os adultos quanto as larvas da joaninha se alimentam de cochonilhas, sendo que as larvas maiores, além da aparência semelhante, tem o mesmo odor das cochonilhas enganando as formigas que as protegem.
Em sua curta vida, uma larva de joaninha pode se fartar com centenas de ninfas de cochonilha ou mais de mil ovos de cochonilha.
As larvas são liberados nos vinhedos na primavera para controlar as populações de cochonilhas, às vezes sendo necessárias várias liberações por temporada, dependendo dos níveis de infestação.
Lógico, ainda há que fazer o controle de formigas utilizando barreiras nas videiras para impedir que elas subam pelos troncos. Mas uma vez que a população de colchonila diminui,i a oferta de melado se torna escasso e as formigas perdem o interesse.
Mas quando a larva da cochonilha muda, ela precisa se livrar de seu disfarce e reproduzir novos filamentos cerosos, ficando vulnerável às formigas.
Ainda temos um probleminha: como o viticultor saberá que seu vinhedo tem colchonilhas? Da forma mais difícil ele vai ter que vasculhar folha por folha com uma lupa. Da forma mais fácil ele pode contar com o faro do amigo do homem.
Um projeto piloto realizado entre 2024 e 2025 na Califórnia treinou com sucesso cães para detectar tanto a colchonilha-da-videira quanto os vírus do enrolamento foliar em videiras.
Os cães farejadores tiveram um desempenho "excepcional", com taxas de precisão (sensibilidade e especificidade) acima de 93% nos testes. A detecção canina oferece um método acessível, preciso e não destrutivo para a identificação precoce de infestações, o que representa uma vantagem significativa em relação aos métodos tradicionais.
Os cães conseguem detectar compostos orgânicos voláteis específicos emitidos por plantas infestadas ou pelos próprios insetos. Seu olfato apurado e o órgão vomeronasal, responsável pela detecção de feromônios, os tornam ideais para essa finalidade.
Os cães são treinados utilizando reforço positivo e odores específicos, sendo posteriormente testados em diversos ambientes, incluindo experimentos em espaços internos, externos e de campo.
A utilização de cães farejadores para a detecção da colchonilha-da-videira é uma tecnologia comprovada e promissora para o manejo de vinhedos, auxiliando na intervenção precoce e nos esforços de controle de pragas. E, como um bom vinho, os cães farejadores melhoram sua capacidade de detecção com o tempo.
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