Entre 1965 e 1966, durante uma prova arqueológica nos arredores da capital do antigo reino chinês de Chu, descobriram e escavaram meia centena de fósseis acompanhados de artefatos funerários. Entre os milhares de objetos recuperados figurava uma insólita espada de bronze, que, graças a estar guardada em um estojo de madeira, apresentava um excelente estado de conservação, mal afetada pela água que inundava a tumba. A arma, exposta hoje no Museu Provincial de Hubei, é magnífica, com ricas incrustações e inscrições na folha que permitem identificar seu dono e, consequentemente, lhe dar nome: a Espada de Goujian. |
Existem muitas espadas distintas ao longo da história, mas poucas são tão conhecidas como a Espada de Goujian. Esta antiga adaga chinesa tem mais de 2.500 anos. Por causa de sua condição ainda impecável, no entanto, é considerada uma daquelas espadas que desafia miticamente os testes do tempo.
Goujian foi o soberano de Yue, um reino da zona sudoeste da atual China, estendida em torno da zona baixa do rio Yangtsé. Viveu no final do penúltimo período da Idade Antiga chinesa, o que se conhece como das Primaveras e Outonos (722-481 a.C.), e subiu ao trono ao suceder seu pai, Yunchuang, em 496 a.C.
A arma, catalogada dentro do modelo chamado Jian, típico dos períodos cronológicos, é relativamente curta se comparada com o comprimento que outras similares costumam ter: mede 55,6 centímetros, dos quais 8,4 correspondem ao cabo, que originalmente era forrado de seda com ornamentos de esmalte azul e turquesas.
Pesa 875 gramas e a folha, que é de duplo fio, é um pouco mais larga em sua base que no resto, atingindo aí os 4,6 centímetros. É aí precisamente onde, sobre um fundo de motivos decorativo, se situa uma inscrição dedicada a seu dono. Após meses de debate sobre o dono histórico da espada, os especialistas a atribuíram ao Rei de Yue, que é famoso por sua perseverança em tempos difíceis. Ademais, para equilibrar seu peso, conta com uma guarda formada por 11 discos concêntricos, apresentando em conjunto um peculiar aspecto arcaico mas ao mesmo tempo elegante.
Os arqueólogos ficaram surpresos ao ver que sua lâmina estava perfeitamente imaculada, apesar de ter sido enterrada em condições úmidas por mais de dois milênios; o arqueólogo que a descobriu cortou ligeiramente um dedo e fez um teste para comprovar, seccionando uma pilha de papéis. Não tem rastro de ferrugem, apesar de que a tumba onde passou dois milênios e meio estava inundada.
Tudo isso se deve a duas razões. Por um lado, porque estava guardada dentro de um ajustado estojo de madeira lacada que se fecha quase hermeticamente. Por outro, as análises químicas mostram que a liga do metal é uma combinação de cobre, estanho, chumbo, ferro, enxofre e arsênico. No corpo da folha predomina o primeiro, o que outorga uma especial flexibilidade e resistência à quebra, enquanto no fio há mais estanho para endurecê-lo e o enxofre, junto com o sulfeto de cobre, previnem a oxidação.
Essas magníficas qualidades não impediram que em 1994, quando a arma foi levada a Singapura para uma exposição, um funcionário golpeasse acidentalmente o estojo e produzisse uma greta de sete milímetros na espada. Desde então, é proibido retirá-la do país e só foi levada do Museu do Palácio Nacional de Taipei, onde estava depositada originalmente, ao Provincial de Hubei.
O MDig precisa de sua ajuda.
Por favor, apóie o MDig com o valor que você puder e isso leva apenas um minuto. Obrigado!
Meios de fazer a sua contribuição:
- Faça um doação pelo Paypal clicando no seguinte link: Apoiar o MDig.
- Seja nosso patrão no Patreon clicando no seguinte link: Patreon do MDig.
- Pix MDig ID: c048e5ac-0172-45ed-b26a-910f9f4b1d0a
- Depósito direto em conta corrente do Banco do Brasil: Agência: 3543-2 / Conta corrente: 17364-9
- Depósito direto em conta corrente da Caixa Econômica: Agência: 1637 / Conta corrente: 000835148057-4 / Operação: 1288
Faça o seu comentário
Comentários