A história da vida real de Maria von Trapp

A Noviça Rebelde é um filme icônico de 1965 baseado em uma peça icônica que fez sua estréia na Broadway em 1959. Ele narra a vida de Maria von Trapp, cuja aspiração de se tornar freira descarrilou quando ela se tornou governanta das crianças von Trapp. Tanto o musical quanto o filme foram grandes sucessos de público, sendo que o filme mereceu o Oscar de melhor filme, melhor diretor, melhor montagem, melhor som e melhor trilha sonora. O musical, e depois o filme, foram ambos baseados em um livro publicado por Maria em 1949 intitulado "A história dos cantores da família Trapp.

Esse livro contava a história de como Maria Augusta Kutschera cresceu como uma órfã criada por um tutor nomeado pelo tribunal antes de entrar em um convento como noviciada e ser enviada por sua abadessa para ser tutora de um dos filhos do barão Georg von Trapp. Na versão que você provavelmente conhece, ela se torna a governanta de todas as crianças.

- "O barão era um comandante de submarino altamente condecorado durante a Primeira Guerra Mundial", escreveu Peter Kerr para o New York Times no obituário de Maria von Trapp em 1987. - "Ele se aposentou com seus sete filhos após a morte de sua primeira esposa. A jovem conquistou rapidamente o carinho dos filhos e, quando o barão a pediu em casamento, ficou dividida entre a devoção à igreja e a família."

No final, a família venceu e ela se casou com o barão em novembro de 1927.

A família von Trapp da vida real. Maria está sentada no meio segurando um bebê.

Em meados da década de 1930, a família começou a cantar música alemã e litúrgica sob a tutela do reverendo Franz Wasner, que continuou como seu diretor. Em 1937, eles fizeram sua primeira turnê européia como cantores profissionais com o Coral da Família Trapp.

No ano seguinte, fugiram da Áustria, que havia sido anexada pelos nazistas, porque não queriam ser cúmplices do regime e queriam continuar cantando. Os von Trapps estavam cientes da violência e agressão que se tornavam mais aparentes em relação a seus amigos e colegas judeus. Na verdade, a família até conheceu Adolf Hitler quando se apresentavam em Munique, Alemanha, em 1938.

A família acabou se estabelecendo nos Estados Unidos, onde seu primeiro grande show aconteceu em Nova York em 10 de dezembro de 1938. Havia algo extraordinariamente amável e atraente nos modestos e sérios cantores dessa pequena agregação familiar, enquanto formavam um semicírculo fechado em torno de seu modesto diretor para sua oferta inicial, Maria Trapp com um vestido preto simples, e as irmãs mais jovens vestidas com trajes folclóricos austríacos preto e branco enfeitados com fitas vermelhas. Era natural esperar deles um trabalho de extremo refinamento, e ninguém se desapontava com isso.

Eles foram morar em Stowe, no estado norte-americano de Vermont, em 1942. A casa da família estava aninhada nas exuberantes montanhas verdes ondulantes, reminiscentes da paisagem austríaca que eles haviam deixado para trás.

Em 1947, os von Trapps haviam reformado sua casa para se tornar um chalé de esqui, continuando sua boa índole ao abrir suas portas para visitantes de todo o mundo. A família ainda cantava junta e gravava discos, continuando seu legado musical em sua pátria adotiva.

A fama deles só se espalhou e a família se apresentou internacionalmente até 1955. Maria continuou a trabalhar em projetos musicais e religiosos ao longo de sua vida, embora ela tenha ganhado apenas cerca de US $ 500.000 em royalties quando o filme de grande sucesso sobre sua vida foi lançado.

No entanto, ela acreditava que o filme ajudaria a restaurar a fé das pessoas em Deus, uma de suas prioridades pessoais, e faria um grande bem ao espalhar a esperança.

Os cantores Trapp se separaram em 1957, e as crianças von Trapp se espalharam para levar suas próprias vidas. Maria ficou no alojamento da família, trabalhando com vários membros para manter a propriedade.

Infelizmente, um incêndio dizimou a estrutura original em 1980. Uma nova estrutura com o mesmo projeto da mansão anterior construída no mesmo local foi inaugurada em 1983 (fotos que ilustram este post).

Como acontece com qualquer coisa "baseada em uma história real", "A Noviça Rebelde" divergiu da vida de von Trapp em vários lugares. Por exemplo, a família já era musical antes de Maria aparecer.

Além disso, Georg, longe de ser o patriarca distante e de sangue frio da família que desaprovava a música, conforme retratado na primeira metade do filme, era na verdade um pai gentil e caloroso que gostava de atividades musicais com seus filhos.

Embora essa mudança em seu personagem pudesse ter contribuído para uma história melhor ao enfatizar o efeito curativo de Maria sobre os von Trapps, isso afligiu muito sua família.

Além do mais, a ousada fuga da família von Trapp da Áustria não envolveu caminhar pelos Alpes cantando e carregando seus pertences. A filha do barão, Maria von Trapp, disse certa vez:

- "Dissemos às pessoas que estávamos indo para a América para cantar. E não escalamos montanhas com todas as nossas pesadas malas e instrumentos. Saímos de trem, sem fingir nada."

Talvez a maior diferença, a Maria von Trapp da vida real nem sempre era tão doce quanto a Maria fictícia. Ela tendia a explodir de raiva de vez em quando consistindo em gritar, jogar coisas e bater portas. Seus sentimentos eram imediatamente aliviados e o bom humor restaurado, enquanto outros membros da família, principalmente seu marido, achavam mais difícil se recuperar.

Imagino como Julie Andrews teria lidado com esse papel. Aliás, pese que tenha recebido o Globo de Ouro por sua atuação, Julie sempre se perguntou se seu talento como cantora correspondia a inspiração da vida real. Então, quando teve a chance de conhecer a verdadeira Maria após o lançamento do filme, ela pediu uma crítica honesta, mas não estava pronta para sua resposta

A mulher de aparência severa, que usava seu traje austríaco tradicional, disse que Julie foi maravilhosa, mas que existia uma diferença entre iodelei e "iodlei" e decidiu mostrar convidando Julie para cantar.