Por que a água no Grande Canal de Veneza ficou verde brilhante?

Os venezianos acordaram no domingo e descobriram que uma parte da água no famoso Grande Canal da cidade havia se tornado misteriosamente verde neon. Agora, as autoridades italianas dizem que sabem o que causou a tonalidade verde-limão ao redor da popular Ponte Rialto, mas ainda não sabem quem é o responsável. Os testes mostraram a presença de fluoresceína, um corante inofensivo ao meio ambiente que pode ser usado para localizar sangue em cenas de crime e diagnosticar lesões oculares. Também pode ajudar a determinar se os sistemas de esgoto estão funcionando corretamente.

Via: Vigili del Fuoco - Twitter

O produto químico normalmente não é perigoso para os seres humanos, mas pode causar problemas raros para alguns indivíduos. As autoridades disseram que não detectaram nenhuma substância na água que pudesse dar origem a preocupações ambientais.

Construída em uma série de pequenas ilhas, Veneza é conectada por canais e trilhas, não por estradas. Ladeado por prédios históricos, o Grande Canal é uma das principais vias da cidade. Como tal, muitas vezes está cheio de barcos que transportam residentes e turistas. A Ponte Rialto, que atravessa o Grande Canal, é a mais antiga das quatro pontes que permitem que as pessoas atravessem a hidrovia de alto tráfego.

Via: Arpa Veneto - Twitter

As autoridades não ficaram surpresas ao saber que a fluoresceína causou a coloração anormal da água, já que incidentes semelhantes ocorreram com o produto químico no passado. No entanto, dada a quantidade de corante na água, eles estão preocupados que alguém, ou um grupo de pessoas, possa ter jogado fora intencionalmente.

Funcionários do município coletaram amostras em diferentes profundidades na água para determinar quanta fluoresceína afundou no fundo do canal. Eles também estão testando a água dos canais vizinhos para ver até onde o corante se espalhou. Pode levar alguns dias para a fluoresceína se dissolver na luz do sol, mas depende de quanto está na água.

Via: Luca Zaia -Twitter

Esta não é a primeira vez que o Grande Canal de Veneza fica verde. Em 19 de junho de 1968, o artista ecológico argentino Nicolás García Uriburu realizou uma façanha semelhante como parte de uma obra de arte. Ele despejou fluoresceína no Grande Canal para chamar a atenção para a relação entre natureza e civilização e promover a consciência ecológica como parte crítica da cultura.

Depois, ele guardou garrafas da água verde brilhante do canal como um testemunho de sua intervenção artística e tirou fotos e vídeos da cena, de acordo com o museu. Dois anos depois, ele tingiu vários outros rios proeminentes de verde: o East River em Nova York, o Sena em Paris e o Rio de la Plata em Buenos Aires, e repetiu o processo mais uma vez no Grande Canal de Veneza.

Até agora, ninguém se apresentou para assumir a responsabilidade pelo trabalho de tingimento mais recente, então não está claro se eles estavam seguindo os passos de Nicolás com suas ações. No entanto, as autoridades estão preocupadas com os imitadores seguindo a pista do último perpetrador. Dada a visibilidade de Veneza e deste incidente, o presidente da região, Luca Zaia, escreveu no Facebook que este evento pode motivar ações semelhantes por parte de pessoas que querem atenção.

A polícia está revisando as imagens de vigilância na área e coletando o depoimento de qualquer pessoa que possa ter testemunhado a pessoa ou pessoas que tingiram a água de verde. Embora um vereador tenha culpado o grupo ativista ambiental Ultima Generazione, seus membros negaram qualquer envolvimento. Na semana retrasada, membros desse grupo derramaram carvão diluído na Fontana di Trevi, em Roma, para aumentar a conscientização sobre as mudanças climáticas causadas pelo homem.