Ouça a evolução da música de Mozart, composta dos 5 aos 35 anos

Mais de um quarto de milênio depois de ter composto as suas primeiras peças musicais, diferentes ouvintes avaliarão de forma diferente a natureza específica do gênio de Wolfgang Amadeus Mozart. Mas dificilmente podemos deixar de ficar impressionados pelo fato dele ter escrito essas obras quando tinha cinco anos. Não é incomum, ainda hoje, crianças prodígios precoces e com inclinações musicais dessa idade sentarem-se e montarem melodias simples, ou mesmo canções razoavelmente completas. Mas quantos deles conseguem escrever algo como o "Minueto em Sol Maior" de Mozart?

O vídeo que dá contexto a este post traça a evolução da música de Mozart, começando com essa peça, naturalmente, já que é a sua primeira obra conhecida e, portanto, homenageada com o número de catálogo Köchel de KV 1. Depois disso, ouvimos músicas compostas por Mozart em várias idades: infância, juventude, adolescência e idade adulta, acompanhada por um gráfico de piano que ilustra sua crescente complexidade.

E conforme aumenta a complexidade, o mesmo acontece com a familiaridade: mesmo os ouvintes que conhecem pouco da obra de Mozart sentirão o surgimento de um estilo distinto, e mesmo aqueles que mal ouviram falar de Mozart reconhecerão a "Sonata para piano nº 16 em dó maior".

Mozart compôs essa peça quando tinha 32 anos. É também conhecida como "Sonata fácil" ou "Sonata semplice", apesar de sua nítida falta de facilidade para pianistas novatos ou mesmo intermediários. Agora está catalogado como KV 545, o que a coloca no final da obra de Mozart e, na verdade, de sua vida. Três anos depois, a jornada evolutiva de audição deste vídeo chega ao "Requiem em Ré menor", extensamente usada no cinema para evocar o mal, a solidão, o desespero e o acerto de contas. A peça, KV 626, contém as últimas notas de Mozart; permanece a questão irrespondível, mas irresistível, de saber se eles estão de alguma forma implícitos nos primeiros.

Mozart foi um dos compositores mais influentes, populares e prolíficos do período clássico. Ele compôs mais de 650 obras, incluindo algumas das peças mais famosas e apreciadas da música sinfônica, de câmara, operística e coral. Se não tivesse morrido tão cedo certamente teria composto muito mais.

Aliás, sua morte prematura aos 35 anos deu origem a diversas lendas. Em 4 de dezembro de 1791, seu estado de saúde se agravou; seu médico foi chamado às pressas mas pouco pode fazer. Em torno da uma da manhã de 5 de dezembro, expirou. A causa mortis foi diagnosticada como febre miliar aguda.

Se formou uma espécie de folclore sobre sua morte e foram propostos vários diagnósticos diferentes, surgindo inclusive versões falando de conspirações e assassinato, a partir de suspeitas do próprio Mozart de ter sido envenenado, mas todas são hipotéticas e algumas bastante fantasiosas.

Possivelmente se tratou de fato de um recrudescimento fatal da febre reumática que o atacara na infância; o diagnóstico do mal como febre miliar aguda servia para muitas febres inflamatórias com exantema, o que não exclui a febre reumática.