Fragatas fazem outras aves vomitarem e depois comem o vômito

Não basta que as fragatas possam voar sem pousar durante meses! Tampouco que assediem e aterrorizem outras aves marinhas sem motivo em batalhas homéricas; elas roubam as refeições das rivais depois de serem comidas. O comportamento é conhecido como cleptoparasitismo e é raro em aves, o que torna a fragata um tipo especial de "canalha". Roubar comida de outros animais é uma estratégia usada por vários artrópodes, como insetos e aranhas, bem como por algumas espécies de pássaros e mamíferos.

A abelha-cuconeon (Thyreus nitidulus), por exemplo, usa uma forma de cleptoparasitismo chamada parasitismo-de-ninhada, onde as abelhas adultas depositam seus ovos em ninhos bem abastecidos de outras abelhas para que suas larvas possam engordar às custas de outras abelhas.

A aranha-gota-de-orvalho (Argyrodes antipodianus) agacha-se nas teias de outras aranhas, como as tecelãs-orbitárias, e rouba o alimento de sua hospedeira. Ela até constrói uma pequena "teia de suporte" presa à teia da hospedeira para poder se balançar em segurança com os pacotes de alimento roubados.

As fragatas-pequenas (Fregata ariel) são muito menos furtivas. Elas perseguem e assediam outras aves marinhas, como atobás e gaivotas-tropicais, até que regurgitem suas presas. As fragatas então abocanham o alimento vomitado em pleno ar, forçando as outras aves a procurar outra refeição.

E nem é como se a fragata-pequena estivesse tentando desesperadamente sustentar uma família grande. A maioria cria apenas um filhote por vez. Mas, para ser justo, esses filhotes podem levar mais de nove meses para serem criados, o que representa um dos compromissos parentais mais longos no mundo das aves.

Fragatas-pequenas vivem em colônias lotadas e barulhentas, às vezes com milhares de casais reprodutores. Grandes colônias incluem aquelas na Ilha Manowar, nas Ilhas Wellesley, na costa norte de Queensland, e nas Lacepedes, um grupo de quatro ilhas na costa de Kimberley, na Austrália Ocidental e também em todo o Caribe.

Os machos exibem um ritual de acasalamento bizarro. Eles inflam bolsas vermelhas na garganta e tamborilam nelas com seus bicos estaladiços para chamar a atenção das fêmeas. Quanto maior a bolsa e mais barulhenta, mais valorizados são.

Ambos os pais fragatas-pequenas compartilham as responsabilidades, incluindo alimentar, abrigar e defender o filhote. Durante as primeiras sete semanas após a eclosão, eles não abandonam o filhote por um segundo, com medo de predadores, incluindo outras fragatas. Sim, as fragatas-pequenas não são apenas idiotas com outras espécies. Elas são idiotas umas com as outras.

Nos poucos meses do ano em que não estão criando filhotes, as fragatas têm liberdade para fazer o que amam: voar no mar por longos períodos. Um estudo com as fragatas-grandes (Fregata minor), parentes próximas das fragatas-pequenas, descobriu que elas conseguem permanecer no ar por até dois meses, roubando comida de outras aves ou apanhando-a do oceano e tirando breves sonecas no ar.