![]() | A Austrália abriga uma miríade de animais que só podem ser encontrados lá, muitos deles bem estranhos. No entanto, apesar desse tesouro de biodiversidade, o país insular teve um dos avistamentos de animais mais peculiares da história recente. Um vídeo capturou um pinguim-imperador, espécie conhecida por ser endêmica da Antártida, vagando pela praia Ocean, na cidade de Denmark, na Austrália Ocidental. O pinguim, que recebeu o apelido de Gus, nadou mais de 3.200 quilômetros no final de 2024, tornando-se o avistamento mais ao norte de um imperador já registrado por cientistas. |

- "Os pinguins rastreados nunca chegam tão longe", disse Belinda Cannell, pesquisadora da Universidade da Austrália Ocidental. O pinguim também estava gravemente abaixo do peso, com 23,5 kg, já que pinguins-imperadores semelhantes a Gus geralmente pesam mais de 45 kg.
O pinguim foi registrado em vídeos por pessoas que foram até a praia depois de ouvirem sobre a presença da ave incomum.
- "Fomos ver se teríamos a sorte de encontrar o visitante especial", escreveu Jazz Bailey no Facebook. - "De fato, lá estava ele, apenas andando pela areia, parecendo um pouco perdido, mas tão tranquilo e curioso da nossa parte. A interação foi de tirar o fôlego e surreal. Nem consigo imaginar a jornada que ele fez."
O animal foi posteriormente recolhido por agentes da secretaria de vida selvagem do Departamento de Biodiversidade, Conservação e Atrações da Austrália, que o borrifaram com água gelada e cuidaram de Gus até que ele se recuperasse, na esperança de encontrar um lugar para ele retornar.
- "Nunca, nem nos meus pensamentos mais loucos, imaginei que um dia teria um pinguim-imperador para cuidar", disse Carol Biddulph, uma experiente especialista local em reabilitação de aves marinhas que cuidou de Gus. - "É simplesmente incrível. É um privilégio fazer parte da jornada desta ave.""
As circunstâncias que levaram Gus a chegar à Austrália ainda são um mistério. Especialistas acreditam que ele pode ter ficado desorientado durante uma tempestade ou que algo pode ter perturbado seus sentidos de navegação.
Embora seja uma ocorrência rara, há temores de que isso possa se tornar um avistamento cada vez mais comum devido ao derretimento das geleiras, já que os pinguins precisam de gelo marinho estável para se reproduzir, o que os coloca em risco devido às mudanças climáticas.
Gus foi devolvido ao mar após ser reabilitado. Ele foi libertado em um barco na costa sul da Austrália Ocidental no final de novembro de 2024, após 20 dias de cuidados. Ele foi acompanhado por reabilitadores de vida selvagem locais, que o ajudaram a recuperar as forças.
Após passar por exames veterinários, ele foi solto de um barco no Oceano Antártico. As autoridades consideraram fundamental soltá-lo no oceano antes que o clima esquentasse, para que ele pudesse se termorregular adequadamente.
Ele foi transportado por várias horas de barco até um local onde poderia começar sua jornada de volta à Antártida. Ele chegou em casa? Ninguém sabe ao certo.
Os pinguins conseguem voltar para casa depois de se perderem por longas distâncias, pois possuem fortes habilidades de navegação para encontrar o caminho de volta. Eles usam uma combinação de sinais, como características da paisagem, o sol e, potencialmente, o campo magnético da Terra, para se orientar e retornar às suas colônias ou áreas de nidificação.
Um grande exemplo é o do pinguim-de-Magalhãe Dindim, que foi resgatado em 2011 por João Pereira de Souza, pescador da Ilha Grande, no Rio de Janeiro. Dindim viajava milhares de quilômetros da Patagônia até o Brasil todos os anos para reencontrar João e passou a viver com o pescador por cerca de oito meses a cada ano, voltando para o mar apenas para se reproduzir.
João encontrou Dindim na praia, sujo de óleo e debilitado. Ele o limpou, o alimentou e cuidou dele até que o pinguim se recuperasse. A relação entre os dois se tornou uma amizade improvável e duradoura, com Dindim retornando para a casa de João após cada migração.
Dindim passou vários anos voltando a visitar João, mas parou de aparecer por um tempo. Em 2022, surpreendeu a todos ao retornar para uma visita. A história virou filme: a história de Dindim e João foi adaptada para um filme chamado "Meu Amigo Pinguim".
A inteligência dos pinguins é notável em sua capacidade de reconhecer indivíduos por meio da visão e voz, formar laços sociais e cooperar. Eles demonstram reconhecimento e afeto por humanos, como cuidadores, e usam a inteligência para resolver problemas de grupo, como se orientarem. Essa inteligência é vista também no comportamento de cortejo e na adaptação ao ambiente, incluindo a camuflagem que usam para sobreviver.
Embora tenham a capacidade de retornar, perder-se é estressante e pode ser fatal. O resgate e a reabilitação podem ajudar um pinguim a sobreviver, mas nem sempre é possível saber se ele conseguirá retornar à sua vida natural depois.
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