Rir da morte é muito feio, mas...

Já falamos superficialmente de Franz Reichelt no tópico As 10 mortes mais absurdas de sempre. Reichelt já era um alfaiate de prestígio na França, quando criou, seguindo os desenhos de Leonardo da Vinci e de algumas tentativas frustradas anteriores, uma espécie de pára-quedas que lhe permitisse saltar de um lugar alto, descendendo suavemente até o solo.

Para prová-lo, utilizou primeiro um boneco que levava seu invento, e que lançou do alto da Torre Eiffel (por então a estrutura mais alta do mundo). O boneco se espatifou contra o solo, mas Reichelt argumentou que, por ser um boneco, não tinha a possibilidade de abrir os braços.

Então, decidiu provar seu invento ele mesmo. As autoridades da Torre Eiffel negaram-se, dizendo que Reichelt precisava uma permissão especial da Polícia. Estranhamente, a Polícia outorgou essa permissão, mas antes, as autoridades da Torre Eiffel fizeram com que ele assinasse um documento que as isentava de toda responsabilidade se o invento falhasse.

Em 4 de fevereiro de 1912 pela manhã, dezenas de espectadores e agentes de polícia estavam reunidos ao pé da torre. Ademais, uma equipe de filmagens com duas câmeras estava preparada para registrar o acontecimento. Reichelt, lá do alto, titubeou muito antes de saltar. Finalmente o fez. Caiu de forma violenta, deixando um considerável buraco no solo.

Reichelt, que inspirou um jogo, uma obra de teatro e um curta metragem que narra sua vida; ganharia com destaque e louvor o prêmio Darwin se este já existisse..

O coitado do Reichelt devia ser muito solitário, senão algum amigo teria corrido em seu socorro para alertá-lo que ia acontecer com ele o mesmo que aconteceu com o boneco. Em vez disso, ficaram vendo sua tentativa e ao final do vídeo dá para notar como medem a profundidade do buraco que deixou no chão. Seguramente para saber quem tinha ganhado a aposta.

Na sequência alguns outros inventores que morreram usando seus próprios inventos:

• Alexander Bogdanov (1873 – 1928), físico e cientista, conduziu uma experiência sobre uma técnica de "rejuvenescimento" no qual deliberadamente realizou uma transfusão de sangue de um paciente que padecia de malária e tuberculose, morreu pela infecção sofrida.
• William Bullock (1813 - 1867), seus pés foram esmagados enquanto tratava de consertar uma máquina rotativa que tinha inventado. A infecção que contraiu provocou sua morte.
• Cowper Phipps Coles (1819 - 1870), Capitão Naval inglês, desenhou o barco HMS Captain em 1866. Em 1870 o barco avariou, devido a erros no desenho, matando Coles e mais de 500 tripulantes.
• Marie Curie (1867 – 1934), a famosa cientista polonesa que ganhou dois prêmios Nobel, morreu de leucemia como consequência das radiações à que esteve exposta em suas pesquisas no campo da radiotividade e das radiografias. Os efeitos da radiação ainda eram desconhecidos.
• Otto Lilienthal (1848 – 1896) morreu pelas feridas sofridas dois dias antes em um acidente com um de seus planadores.
• Thomas Andrews (1873 - 1912), Desenhista do Titanic, faleceu quando o navio afundou.
• Thomas Midgley (1889 – 1944), engenheiro mecânico, contraiu a pólio aos 51 anos, doença que lhe deixou severamente indisposto. Isto lhe levou a desenhar um complicado sistema de cordas e polias para levantar da cama. Midgley acidentalmente se enrolou nas cordas de seu aparelho e morreu por estrangulamento aos 55 anos.
• William Nelson (morreu em 1903), inventor e empregado da General Electric, caiu rodando em uma colina enquanto testava um novo motor que tinha inventado para sua bicicleta, morreu instantes depois.
• Aurel Vlaicu (1882 - 1913), tratando de cruzar os Montes Cárpatos, morreu em um acidente com seu próprio avião Vlaicu II.
• Henry Winstanley (1644-1703) morreu em uma tormenta dentro de um farol que ele mesmo inventou, ali disse suas últimas palavras: "é a maior tormenta que jamais existiu".
• Charles Justice morreu eletrocutado em 9 de novembro de 1911 na cadeira elétrica que ajudou a construir e instalar na prisão.

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