A lista de desejos de Nkaitole

É difícil imaginar que em um país com abundância de água, como o nosso -12% da água doce superficial disponível na Terra está aqui-, ainda tenhamos gente sem acesso a água tratada. Mas há lugares no mundo em que as pessoas sequer tem acesso à água, como no Quênia do pequeno Nkaitole. Ele é um garotinho de quatro anos de idade que tem o sonho de ser guerreiro Masai quando for grande. Mas há 20% de chance de que Nkaitole não complete os cinco anos devido à falta de água potável.

O problema da falta de água no mundo é grave, quer ver? A Terra tem quase 1,5 bilhão de km³ de águas superficiais, 60% desse volume, no entanto, estão em apenas nove países -Brasil no meio-. No século passado, a população do mundo cresceu três vezes, mas o consumo de água tornou-se seis vezes maior por causa do desperdício. Cada pessoa necessita de 40 litros de água por dia, mas os brasileiros consumimos 200 litros (os americanos, mais de 500).

Se toda a água da Terra fosse igualmente distribuída, haveria 6.500 m³/ano para cada pessoa, o que é uma cifra 6,5 vezes maior do que o mínimo recomendado pela ONU. No entanto dezenas de milhões de pessoas vivem com menos de cinco litros de água por dia, mais de um bilhão não têm acesso à água potável e 2,4 bilhões vivem sem saneamento básico. O mais triste de toda esta história é que essa situação se deve mais a falhas de governos do que à escassez de recursos hídricos.

Por essas e outra a ONG Water is Life criou esta campanha para conscientizar o mundo deste grande problema. Infelizmente as legendas do filme estão em inglês, mas ver o olhar entorpecido do adorável Nkaitole ao ver o mar pela primeira vez ou seu sorriso envergonhado ao ganhar o primeiro beijo compensa qualquer falta.

Ver a alegria do garotinho com coisas tão triviais como, por exemplo, tomar banho e pensar que a nuvem escura da morte não ronda nossa existência nos próximos anos por causa da falta de água, nos permite reflexionar como nossos problemas são pequenos. Aliás, este foi o tema da campanha da ONG Water is Life no ano passado, quando mostraram porque os problemas do primeiro mundo não são problemas.