O dia em que uma prova de ginástica olímpica teve que ser interrompida por causa do protesto do público

Um episódio curioso aconteceu nas Olimpíadas de 2004 em Atenas, quando o público ensandecido vaiou os juízes que sancionavam a prova da barra fixa da ginástica masculina. O protesto foi tão intenso que a prova teve que ser interrompida por mais de 10 minutos. Tudo começou quando o russo Alexei Nemov recebeu uma qualificação muito baixa dos juízes, apesar de ter realizado um espetacular e difícil exercício. Esta foi com certeza a máxima expressão de descontentamento popular pelas pontuações de toda a história dos Jogos Olímpicos.

Em uma cena surrealista que nenhum veterano do esporte tinha presenciado até então, as vaias e queixas para os juízes não cessavam após que o campeão de Sydney 2000, Alexei, recebeu uma pontuação de 9,725 que o colocava no terceiro lugar entre os três competidores que já tinham atuado, possivelmente pelo pequeno erro cometido na saída.

Os oficiais dos jogos pediam silêncio ao público e a petição produzia o resultado contrário porque as pessoas respondiam ainda com maior alvoroço. Finalmente, os juízes Teh Kin Kin da Malásia e Chris Grabowecky do Canadá mudaram as pontuações e outorgaram um 9,762 a Alexei. Mas ele seguia no último lugar, as pessoas ainda estavam enfurecidas e o ruído continuava aumentando.

O próprio atleta russo levantou-se para agradecer e tratar de acalmar os presentes, mas não conseguiu nada. Somente quando o americano Hamm se aproximou da barra e iniciou seu exercício o protesto deu uma diminuída.

Quando Hamm recebeu uma qualificação de 9,812, com uma rotina inferior -mas cravou a saída-, para se apoderar do primeiro lugar, as vaias voltaram.

O escândalo piorou ainda mais quando o italiano Igor Cassina obteve a mesma pontuação que Hamm mas superou o americano no critério de desempate. Cassina ganhou a prova, com Hamm em segundo e Nemov terminou no quinto posto.

Os juízes neste evento eram novos, e após todo este forrobodó a Federação Internacional de Ginástica suspendeu três juízes por erros de pontuação naquela época.