Tesouro de estrelas-do-mar depositado como oferenda ao deus da guerra asteca é encontrado no México

Arqueólogos conduzindo escavações no Templo Mayor na Cidade do México encontraram mais de 160 estrelas-do-mar depositadas como parte de uma oferenda ao deus da guerra asteca Huītzilōpōchtli há cerca de 700 anos. De acordo com uma declaração do Instituto Nacional de Antropologia e História do México (INAH), os equinodermos são membros da espécie Nidorellia armata, conhecida como estrelas-de pepitas-de-chocolate devido à sua coloração marrom e bege. A oferta consistia em 164 estrelas-do-mar, pedaços de coral, conchas, baiacu, uma estatueta de resina, ossos de animais e o esqueleto de uma onça-pintada segurando uma lança.

Dedicado a Huītzilōpōchtli e Tlaloc, o deus da chuva e da agricultura, o Templo Mayor –o templo central dos astecas, ou mexica, capital de Tenochtitlán– foi construído por volta de 1325 e renovado no final da década de 1480. O conquistador espanhol Hernan Cortês ordenou que o templo fosse enterrado após sua chegada ao México em 1519; suas ruínas só foram redescobertas no século XX.

Os pesquisadores encontraram a estrela-do-mar nos restos de uma estrutura redonda chamada Cuauhxicalco. A oferenda foi colocada em uma seção do templo associada a Huītzilōpōchtli. A descoberta representa o maior depósito de estrelas-do-mar descoberto no Templo Mayor até hoje.

- "É muito interessante porque, se você pensar bem, o padrão da estrela do mar se parece muito com a pele de uma onça", diz o arqueólogo Miguel Báez Pérez em um vídeo postado pelo INAH. - "Essa é provavelmente a razão pela qual eles escolheram esta espécie, mas ainda precisamos fazer uma revisão exaustiva para confirmar que esta é a única espécie presente."

Os astecas provavelmente trouxeram os organismos marinhos para Tenochtitlán dos confins do Império Asteca. A fonte mais próxima de estrelas-de pepitas-de-chocolate estava a cerca de 300 quilômetros leste, enquanto a fonte mais próxima de coral estava aproximadamente à mesma distância na direção oposta, na borda oeste do Golfo do México.

- "Boa parte dos povos mesoamericanos acreditava que a origem do mundo estava ligada ao mar. Portanto, os organismos marinhos eram tratados como relíquias", diz Báez Pérez no comunicado. - "Seu poder militar permitiu que trouxessem milhares de objetos marinhos e recriassem todo um ambiente aquático na própria Tenochtitlán."

Na época em que a oferenda foi feita, as regiões onde a estrela-do-mar e o coral se originaram haviam sido recentemente conquistadas pelo governante asteca Ahuizotl. No poder de 1486 a 1502, Ahuizotl foi o oitavo governante do Império Asteca e o último a governar antes da chegada dos conquistadores espanhóis. Cortês executou o filho de Ahuizotl, Cuauhtémoc, o último imperador asteca, em 1522.

Durante seu reinado, Ahuizotl concentrou-se na expansão do império e na renovação de grande parte de Tenochtitlán. Por volta de 1500, acrescentou uma sexta camada de construção ao Templo Mayor. Arqueólogos descobriram a recém-revelada oferta de estrela-do-mar nesta sexta camada.

Esta não é a primeira vez que escavações descobriram evidências de oferendas de animais marinhos no Templo Mayor. Em 2017, pesquisadores analisando uma oferta com 50.000 elementos separados identificaram seis espécies de estrelas-do-mar, quatro espécies de bolachas-de-prais e dois tipos de ouriços-marinhos.

Os astecas usavam os animais para consagrar ampliações de seus templos, comemorar festividades especiais ou apaziguar os deuses.