É o maior e provavelmente o mais estranho evento musical do mundo, e todos os anos quase 200 milhões de espectadores assistem à competição louca e viciante que é a Eurovisão. Este ano, o vencedor fez história: a Kalush Orchestra, uma banda de rap folk ucraniana, venceu o concurso no sábado com o maior número de pontos já concedido a um artista de um país. O concurso anual de composição coloca principalmente nações europeias umas contra as outras. Embora muitas vezes saudado como um dos poucos eventos que podem unir o mundo, a competição deste ano ocorreu à sombra da invasão russa da Ucrânia. |
A banda ucraniana Kalush Orchestra venceu facilmente a competição, terminando com 631 pontos, com o Reino Unido em segundo lugar com 466 pontos. O concurso é uma maneira de cada país obter o direito de se gabar de seu talento musical local. Mas este ano, também foi uma maneira de nações simpatizantes mostrarem apoio à Ucrânia. Durante o evento, muitas pessoas na platéia agitaram bandeiras amarelas e azuis, e alguns artistas até fizeram breves declarações enquanto estavam no palco, apesar da proibição de mensagens políticas no palco.
A vitória da Ucrânia já havia sido prevista. Sua entrada na competição, "Stefania", da Kalush Orchestra, é uma homenagem à mãe do vocalista Oleg Psyuk, que ainda mora em Kalush, Ucrânia, o lugar que inspirou o nome do grupo. Com letras que se traduzem em frases como "Sempre encontrarei meu caminho de casa, mesmo que as estradas sejam destruídas", a música também foi interpretada como uma homenagem à Ucrânia como pátria durante o conflito.
- "Em alguns dias há foguetes voando sobre as casas das pessoas e é como uma loteria, ninguém sabe onde vai cair", disse Psyuk antes da apresentação da banda. - "Enquanto falamos, nosso país e nossa cultura estão ameaçados. Mas queremos mostrar que estamos vivos, a cultura ucraniana está viva; é única, diversa e bonita."
Não foi a primeira vez que a guerra marcou a competição. E, apesar de sua suposta neutralidade, a Eurovisão sempre foi política. Dado que o vencedor geralmente recebe o evento no ano seguinte à sua vitória, a situação atual na Ucrânia levanta a questão de saber se o país será capaz de sediar o concurso. A decisão caberá à União Europeia de Radiodifusão.
Mas, por enquanto, os ucranianos continuam esperançosos de que a competição do próximo ano aconteça em seu país. Entre eles está o presidente ucraniano Volodymyr Zelensky. Em um post no Instagram, ele prometeu sediar o show se for viável:
- "Faremos o possível para um dia receber os participantes e convidados do Eurovisão em Mariupol. Em uma Ucrânia livre, pacífica, reconstruída!"
O resultado do concurso não ficou isento de críticas, no entanto. A emissora romena TVR acusou a União Europeia de Radiodifusão (UER) de atribuir um conjunto de pontuações diferente das que forneceram, dando incorretamente a pontuação mais alta à Ucrânia. A apesar da margem de vitória atribuída pelo voto do público, os representantes oficiais da Eurovisão da Romênia reclamaram que a UER ignorou seu voto à Moldávia.
- "Ficamos surpresos ao descobrir que o resultado da votação do júri romeno não foi levado em consideração no cálculo da classificação final", disse a TVR em comunicado. - "Os organizadores atribuíram um conjunto diferente de pontos aos participantes da final, em nome do júri do nosso país. Especificamos que o júri romeno decidiu dar pontuação máxima aos representantes da Moldávia."
A UER respondeu alegando ter notado padrões de votação irregulares que os forçaram a substituir pontuações de seis países: Azerbaijão, Geórgia, Montenegro, Polônia, Romênia e San Marino.
- "Para cumprir as instruções de votação da competição, a UER colaborou com seu parceiro de votação para calcular um resultado agregado de substituição para cada país em questão, tanto para a segunda semifinal quanto para a grande final (calculada com base no resultados de outros países com histórico de votação semelhante)", disseram em comunicado.
A TVR disse que os organizadores da Eurovisão substituíram a pontuação do júri na Romênia por um 'substituto' calculado de maneira não transparente e nem mesmo os informaram sobre o que estavam fazendo durante a competição.
Embora parte da votação também seja do público, as alegações sugerem que pode ter havido alguma trapaça nos bastidores para garantir que a Ucrânia vencesse a competição, ainda que os 12 pontos da TVR não fariam nenhuma diferença no escore final.
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