Tianducheng, a cópia estranhamente vazia de Paris de US$ 1 bilhão na China

Há menos de um século, Xangai era conhecida como a "Paris do Oriente, ou, pelo menos, tornou-se uma das cidades que gozou dessa reputação. Hoje, você pode pegar um trem de alta velocidade em Xangai e, apenas uma hora depois, chegar a um lugar que fez uma oferta muito mais literal por esse título: Tianducheng, um distrito de Hangzhou, na costa leste da China, modelado diretamente na capital francesa, completo com prédios de apartamentos e avenidas falso-haussmanianos não totalmente pouco convincentes. O empreendimento imobiliário começou por volta de 2007 e ostenta todo o charme de Paris, sem as multidões.

Torre Eiffel (à esquerda) em sua réplica em Tianducheng, China (à direita)

Lutando para atrair residentes nos anos seguintes à sua construção em terras agrícolas nos arredores de Hangzhou, Tianducheng logo passou a ser considerada uma das cidades fantasmas excessivamente ambiciosas da China. Isso porque, embora a comunidade fosse destinada a abrigar cerca de 10 mil pessoas, acabou abrigando insignificantes 2 mil.

Muitos afirmam que isso se deve à localização, que fica a 40 minutos do centro de Hangzhou e está encravada no meio de fazendas e campos de cultivo. Apesar disso, os visitantes não deveriam se surpreender ao ver casais fazendo sessões de fotos de casamentos baratos optando por fotos falsas e luxuosas.

Se a arquitetura clássica europeia não gritar "França!" bem alto, Tianducheng também inclui uma réplica da Torre Eiffel de 90 metros, um Champs Élysées com falsos restaurantes parisienses, um Jardim de Versalhes, uma "Capela do Amor" para casais posarem para fotos e um castelo em uma colina, tudo cercado por uma arquitetura de estilo neoclássico francês.

Com um tráfego anêmico de pedestres, Tianducheng tem uma sensação estranha. Poucos moradores locais converteram bustos de pedra de poetas em locais para pendurar suas roupas, e lojas com escrita cursiva incorreta racharam com tinta gasta. As lojas nada mais são do que paredes pintadas para parecerem vitrines cheias de mercadorias, e estátuas ornamentadas de cavalos ficam ao lado de mulheres que vendem algodão doce. É como uma Paris Bizarra onde a cidade é uma concha assustadora da Cidade do Amor do nosso mundo.

Mas, além dos casais chineses em busca de um local para fotos de casamento e de um monte pingado de turistas, esta imitação de Paris não parece atrair muitos visitantes, ou pelo menos não durante o dia.

Depois que a cidade ilustrou uma série de reportagens na mídia ocidental, geralmente intituladas como "A Paris Fantasma Chinesa", em 2014, o Governo chinês decidiu lançar um plano de contenção diminuindo os preços das propriedades na região, em 2017. Embora muitas das suas casas permaneçam vazias, a população cresceu para dezenas de milhares, em geral de agricultores, e atrai um fluxo constante de turistas chineses e internacionais.

Como os viajantes do canal do Youtube Yes Theory descobrem, o bairro só ganha vida à noite, quando os moradores locais que se estabeleceram em Tianducheng saem e apreciam sua paisagem urbana incomum. A vida nas ruas desta Champs-Élysées está muito longe da vida real, mas, à sua maneira, também parece muito mais divertida.

Por mais bizarro que possa parecer para aqueles que não estão familiarizados com as tendências recentes na construção de cidades chinesas, Tianducheng pertence, na verdade, a uma espécie de tradição imitativa. Nos arredores de Pequim, uma réplica da localidade de Jackson Hole, Wyoming, está equipada com cowboys e uma Rota 66.

Cabines telefônicas vermelhas, pubs e estátuas de Winston Churchill salpicam os corredores da cidade do Tâmisa, em Xangai. A cidade de Fuzhou está construindo uma réplica de Stratford-upon-Avon em homenagem a Shakespeare. Fuyang construiu seu próprio edifício no Capitólio dos EUA e a cidade austríaca de Hallstatt, Patrimônio Mundial da UNESCO, tem uma segunda casa em Guangdong.

Embora os críticos argumentem que estes locais nada mais são do que imitações kitsch, os arquitetos chineses por trás deles acreditam que a sua capacidade de recriar as maiores maravilhas arquitetônicas do mundo é uma prova da sua habilidade e avanço tecnológico.