![]() | Em uma noite de 2013, um homem na Irlanda do Norte ficou chocado ao descobrir algo bizarro saindo da boca de um belo robalo que ele estava preparando para o jantar. Olhando mais de perto, ele deu de cara com ninguém menos que o infame "comedor-de-língua", também conhecido como "piolho-comedor-de-língua" (Cymothoa exigua), uma das quase 400 espécies pertencentes a uma família de parasitas de peixes, chamados cimotódeos. Eles são crustáceos e, mais especificamente, isópodes, como tatuzinhos-de-jardim. |

Alguns se prendem à cabeça do hospedeiro, outros sugam sangue das guelras e outros ainda se enterram na carne do peixe e formam membranas semelhantes a sacos ao redor de si.
Claramente, existem muitas maneiras deliciosas de ser um cimotódeo, mas o Cymothoa exigua e outros buscam especificamente as línguas de peixe, ou pelo menos o que se passa por línguas entre os peixes.
Porque, em vez do que consideramos uma língua, os peixes têm uma estrutura óssea chamada de basi-hial, projetando-se do assoalho da boca, que eles usam para mover água rica em oxigênio em direção às guelras e para engolir alimentos.
Os comedores-de-língua começam procurando um peixe para chamar de lar para a vida, o que pode levar até cerca de três anos. Eles podem nadar por dias, sobrevivendo das reservas de gema armazenadas, até que finalmente sentem uma mudança na luz e captam os sinais químicos de um peixe próximo.
Eles entram em ação, se prendem às guelras do peixe, usando as pontas afiadas e curvas de seus membros, e rastejam para dentro. Lá, eles mudam de pele e, como não viverão de forma independente novamente, seus olhos recuam e seus membros perdem suas estruturas natatórias semelhantes a pelos.
Enquanto isso, seus órgãos de produção e transporte de esperma também amadurecem. Se eles se mudaram para um peixe que ainda não tem um comedor-de-língua no leme, eles passarão por essa fase masculina e se desenvolverão em uma fêmea.
Eles crescem muito mais, seus testículos encolhem, seus ovários se tornam ativos, formam uma bolsa incubadora semelhante à de um canguru e entram na boca do hospedeiro e prendem seu basi-hyal.
Aqui, acredita-se que eles sugam sangue da parte mais carnuda da estrutura semelhante a uma língua do peixe. Com o tempo, os hábitos do isópode podem fazer com que o basi-hyal do peixe definhe, deixando-o com um crustáceo parasita, agindo como um apêndice semelhante a uma língua.
Nessa forma, suspeita-se que o comedor-de-língua substitua funcionalmente o basi-hyal, movendo comida e água pela boca do peixe. Apenas as fêmeas adultas comedoras-de-língua se apoderam do basi-hyal e apenas uma de cada vez consegue fazê-lo.

No caso de alguns comedores-de-língua compartilharem o mesmo peixe da sorte e a língua já estiver tomada, os outros permanecerão machos até que surja a oportunidade de troca.
Se a fêmea morrer, um macho próximo pode se desenvolver em uma fêmea e preencher a posição recentemente vaga. Caso contrário, os machos permanecem principalmente nas brânquias, embora possam subir na boca para acasalar.
E quando isso acontece, uma fêmea pode produzir centenas de pequenos comedores-de-línguaa, carregando-os dentro de uma bolsa especial até que estejam prontos para nadar e encontrar seus próprios peixes para fazer seu próprio lar, doce lar.
Os peixes podem sobreviver anos parasitados por cimotódeos, mas não é surpresa que ter um isópode hematófago, para uma língua, não seja o ideal. Enquanto alguns parecem praticamente não afetados, além dos danos óbvios e localizados, outros crescem mais lentamente, tornam-se anêmicos e são mais suscetíveis a estressores ambientais.
As taxas de parasitismo podem ser surpreendentemente altas entre os hospedeiros preferidos dos cimotódeos, que incluem pargos, trutas e corvinas, também comumente consumidos por pessoas. Pesquisas com sargos-listrados do Mediterrâneo e pompanos-grandes descobriram que quase metade dos peixes carregava cimotoides na boca.
E o número pode aumentar ainda mais em pisciculturas. Normalmente, eles são removidos, mas ocasionalmente chegam a supermercados e cozinhas domésticas. Em Porto Rico, o piolho-comedor-de-língua foi o principal alvo de um processo contra uma grande rede de supermercados.
O cliente do famoso processo alegou ter sido envenenado ao comer um isópode cozido dentro de um pargo. O caso, no entanto, foi arquivado com base no fato de que os isópodes não são venenosos para os humanos e alguns são até consumidos como parte de uma dieta regular.
E embora, teoricamente, comer um comedor-de-língua não represente nenhum risco à saúde, pode não ser a surpresa mais agradável. O quê? O piolho comeu sua língua?
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