![]() | Em 2009, um avião voava de Nova Jersey para Buffalo, no estado norte-americano de Nova York. Enquanto sobrevoava a área em piloto automático a 4.877 metros de altitude, encontrou uma enorme frente de tempestade. Ao se aproximar do aeroporto, os controles do avião começaram a vibrar ruidosamente, um sinal de que a aeronave estava perdendo sustentação e poderia estolar. O piloto agiu rapidamente e puxou os controles para trás, levantando o nariz do avião. Essa foi exatamente a coisa errada a se fazer. Em vez de evitar o estol, ele o provocou. |

O avião perdeu o controle e caiu em uma casa, matando todos os 49 passageiros e tripulantes a bordo e uma pessoa dentro da casa.
Como esse piloto pôde se esquecer do seu treinamento básico de emergência? A tecnologia está arruinando nossa memória?
Todos nós vivemos na era do Google. Quando pesquisamos uma coisa no Google e outra na Wikipédia, não estamos usando nosso cérebro, mas sim a ponta dos dedos. Isso está nos tornando mais burros?
Primeiro, considere que existem dois tipos de memória. A memória não declarativa ou processual, para habilidades, emoções e movimentos, como andar de bicicleta e tocar violão. E a memória declarativa, para fatos e informações como seu número de telefone ou a capital da Suíça, que não tem uma capital oficial.
Dentro da memória declarativa existem dois subtipos: a episódica e a semântica. A memória episódica é a lembrança de um evento em sua vida, como ter ido a um show em 1980 ou de seu primeiro beijo. A memória semântica, também conhecida como memória factual, é saber que a Segunda Guerra Mundial terminou em 1945.
Então, quando usamos a tecnologia para buscar informações, estamos expandindo nossa memória declarativa factual. Mas isso acontece às custas do que está em nosso cérebro? Sim... mais ou menos.
O hipocampo é uma parte importante do cérebro onde usamos a função de memória declarativa. Ele nos dá a capacidade de reter memórias sobre fatos, como o maior animal da Terra, e eventos como o primeiro CD que você comprou.
A formação de novas memórias declarativas depende tanto do hipocampo quanto de uma região ao seu redor, o giro parahipocampal.
Então, o que acontece quando temos informações na ponta dos dedos e não precisamos mais nos lembrar de fatos?
Bem, o processo em nosso cérebro de como formamos, retemos e recuperamos memórias permanece o mesmo. O que muda é o que escolhemos para formar memórias. Em vez de lembrar mais fatos, lembramos onde encontrá-los.
Isso é chamado de efeito Google. Em um estudo, os participantes que foram informados de que poderiam posteriormente pesquisar as respostas on-line não se esforçaram para lembrar curiosidades gerais.
Quando questionados, as pessoas realmente pensaram em computadores e mecanismos de busca em vez de procurar a resposta em suas pastas de próprias memórias.
O uso de sistemas de memória externos é chamado de memória transativa e não é novidade.
- "Não carrego essas informações em minha mente, pois estão prontamente disponíveis em livros", disse Einstein certa vez. - 'Além disso, dependemos de outras pessoas para lembrar das coisas para nós, como um marido ou esposa."
Agora, há um terceiro elemento na relação, o Google, e ele está nos conectando como nunca antes.
Quanto àquela massa de matéria dentro da nossa cabeça, ela também está conectada. Para a nossa memória declarativa, usar tecnologia significa apenas que estamos ajustando nosso "disco rígido" para lembrarmos onde os arquivos e pastas estão, onde podemos encontrar informações, não necessariamente os fatos em si.
Em nossos cérebros, o hipocampo ainda funciona da mesma maneira. Apenas escolhemos reter a forma mais eficiente de encontrar informações, que geralmente é on-line.
Isso provavelmente acontecerá cada vez mais à medida que nossa relação com os dispositivos se intensifica. Mas não é necessariamente algo ruim. Exames de ressonância magnética funcional (fMRI) mostram que, para pessoas que entendem de internet, áreas do cérebro são muito mais ativas na busca por informações on-line do que quando lemos um livro.
No entanto, se a informação for de certa forma importante ou você for do tipo dicionário ambulante, é bem plausível guardá-la na pasta de memória "Coisas Importantes". Isso pode marcar a diferença da vida e da morte.
Mas há que se lembrar que este tipo de memória não tem grande capacidade de armazenamento. Se a pasta estiver cheia é bem possível que outra informação menos importante vá parar na pasta "Lixo" ou no "buffer".
Todos compartilhamos o trabalho de memorização, o que nos torna coletivamente mais inteligentes. É realmente bastante adaptativo. O único problema ocorre quando você precisa de conhecimento rapidamente na pasta "Coisas Importantes" para tomar decisões em frações de segundo.
Tudo o que você pode pesquisar é aquela massa de matéria dentro da sua cabeça e torcer para que nela haja a informação que não se deve puxar abruptamente a coluna de controle de um avião para trás durante um alarme de estol, senão que baixar o nariz e aplicar potência máxima era a técnica correta de recuperação.
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