![]() | O réveillon é época de renovar os votos de "♪♫ Este ano quero paz no meu coração. Quem quiser ter um amigo, que me dê a mão. ♫♪", enquanto come lentilha, pernil, lombo, chester, peru, além de peixes e camarões, acompanhados por saladas variadas e sobremesas como pavê e gelatina colorida, tudo com o intuito de atrair boa sorte para o ano que começa, misturando tradição com sabor e simbolizado prosperidade e fartura com o tilintar de uma boa taça de champanhe ou de sidra. |

Em Santa Catarina não pode faltar um bom prato a base de camarão 7 barbas, branco ou rosa, ainda que não chegue nem perto da celebração de Cantão, na China, onde são consumidas toneladas de camarões.
Se você tiver a oportunidade de prová-los amanhã, durante a ceia de Ano Novo, reflita: o que você tem diante de si são criaturas únicas para a humanidade.
E são únicas por um motivo muito simples. Não existe outra espécie que criamos em larga escala, nem mesmo as galinhas.
Algumas estimativas apontam que aproximadamente 51% de todos os animais que temos em "fazendas"' são precisamente decápodes, especialmente camarões.
Se nestes dias (que sorte a sua!) você tiver a oportunidade de saborear um bom prato de camarões, deve saber algumas coisas.
Primeiro, existem dois tipos, dependendo da sua origem: camarões selvagens, pescados no oceano e ao longo da costa; e camarões de cultivo, que vêm de fazendas especializadas e desempenham um papel crucial no abastecimento do mercado.
Essas fazendas de peixes também são interessantes por outro motivo: elas representam as maiores fazendas do mundo, pelo menos se considerarmos o número de animais vivos que abrigam.
Elas possuem muito mais animais do que fazendas especializadas em galinhas, porcos, vacas ou mesmo insetos e peixes.
Mas será que existem tantos assim? Um estudo de 2023 sugere que sim. O relatório estima que as fazendas de peixes em todo o mundo abrigam, em média, cerca de 230 bilhões desses animais em qualquer momento.
Para ser mais preciso, entre 150 e 370 bilhões, superando qualquer outra estimativa conhecida para animais de criação. Esse número inclui até mesmo insetos, esclarecem os autores.
- "A cada ano, 440 bilhões (300-620 bilhões) de camarões de cultivo são abatidos, número muito superior ao dos vertebrados mais numerosos criados para a produção de alimentos, como peixes e frangos", afirma o artigo. - "O quadro se completa com os camarões que chegam às nossas mesas provenientes da pesca extrativa."
Existem mais números? Sim. E são impressionantes. Embora os autores reconheçam que hoje só existem "dados parciais", estudos indicam que centenas de milhares de decápodes, principalmente camarões, que representam mais de 80% do total, são cultivados em carcinicultura em todo o mundo a cada ano.
O relatório geralmente se refere a "camarões", mas ao aprofundarem os problemas que envolvem a aquicultura dessas espécies, os autores fornecem alguns detalhes adicionais.
Por exemplo, ao listar as espécies com o maior número de abates, mencionam especificamente o camarão-branco (Litopenaeus vannamei) e o camarão-tigre ou pistola (Litopenaeus monodon).
Os números da indústria da aquicultura são impressionantes, mas tornam-se mais compreensíveis quando comparados aos de outros setores dedicados à criação de animais em cativeiro para consumo.
Em geral, independentemente da época do ano, os camarões representam 51% de todos os animais criados em fazendas.
Eles são seguidos, a uma distância considerável, por peixes (23%), insetos (19%), frangos (7%) e suínos e outros animais de criação (menos de 1%).
Traduzindo para números, isso significa que, em comparação com os 230 bilhões de camarões que (em média) vivem em fazendas de peixes, existem "apenas" 779 milhões de porcos, 1,55 bilhão de cabeças de gado, 33 bilhões de galinhas e 125 bilhões de peixes de cultivo.
Como se o número não fosse suficientemente claro, o artigo destaca que 440 bilhões desses decápodes são abatidos para consumo a cada ano, mais de quatro vezes o número de humanos que já caminharam sobre a Terra.
Por que isso é importante? Porque o objetivo não é tanto responder à pergunta de quantos camarões vivem nas fazendas do mundo, mas sim chamar a atenção para as condições em que são criados.
O problema é de uma escala maior do que a da criação de insetos, da pesca ou de qualquer vertebrado para consumo humano, segundo alertam os pesquisadores.
Os camarões são comumente abatidos pelo método de imersão em gelo e água com o objetivo de induzir choque térmico. No entanto, organizações de bem-estar animal têm manifestado preocupação com o fato desse método ser frequentemente ineficaz, levando, em vez disso, à morte por asfixia e sofrimento prolongado.
Em resposta às crescentes preocupações éticas, alternativas mais humanas têm sido exploradas. O atordoamento elétrico é atualmente considerado o método de pré-abate mais humano disponível para camarões, pois os deixa inconscientes de forma significativamente mais rápida e eficaz do que a imersão em gelo.
Foi assim que a criação de camarão deixou de ser uma atividade tradicional de pequena escala para se tornar uma indústria global.
Os avanços tecnológicos permitiram o cultivo de camarão em densidades cada vez maiores, e os reprodutores são enviados para o mundo todo. Praticamente todos os camarões cultivados pertencem à família Penaeidae, e apenas as duas espécies citadas acima, o camarão-branco e o pistola representam cerca de 90% de toda a produção de camarão.
Ainda que outras espécies, como o camarão-rosa (Farfantepenaeus brasiliensis ou paulensis), tenham bom potencial para se desenvolver em cativeiro, eles apresentam um obstáculo técnico ("gargalo") indesejável na carcinicultura: a baixa reprodução em cativeiro.
Os maiores produtores de camarão em cativeiro do mundo são Equador, China, Índia, Vietnã, Indonésia e Brasil, com destaque para o Nordeste.
Ceará e Rio Grande do Norte lideram a produção nacional, com várias cidades no Nordeste se destacando, como Aracati, o maior produtor de camarão do Brasil.
Estes países se beneficiam do clima favorável para a carcinicultura, que permite avançar tanto em áreas costeiras de maior salinidade quanto em regiões de água com baixa salinidade.
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