![]() | Do Loong chinês ao Bakunawa filipino, do Beithir escocês à Hidra grega, os dragões inflamam a imaginação há milênios. Sua ubiquidade na mitologia mundial levou muitos estudiosos a ponderar sobre suas possíveis origens. É possível que os dragões sejam uma das primeiras manifestações culturais ou mitos criados pela humanidade. Será que contos de dragões foram criados para dar sentido a eventos climáticos violentos, como tempestades ou tornados? |

Os povos antigos interpretavam erupções vulcânicas ou a descoberta de ossos de aparência estranha como evidência de que bestas cuspidoras de fogo espreitavam nas proximidades?
Questões como essas são centrais para a geomitologia, que examina as conexões entre mitos e a geologia das regiões de onde se originaram. Baseia-se na ideia de que as lendas são mais do que apenas ficção; elas também são registros preservados do passado.
E essas histórias podem conter insights valiosos sobre a compreensão de nossos ancestrais do mundo natural. Além de questionar as origens de bestas míticas, assim como grifos, minotauros e dragões, a geomitologia pode ser um catalisador para descobertas científicas.
Na Austrália, por exemplo, pesquisadores seguiram as pistas de uma antiga lenda indígena do Tempo do Sonho, que narra a queda de uma estrela em um poço d'água, para localizar um local de impacto de meteoro até então desconhecido.
E o campo também ajudou a corrigir cronogramas geológicos. Histórias de Pele, a deusa havaiana dos vulcões, por exemplo, levaram cientistas a repensar a história natural do vulcão Kīlauea.
Após os eventos da jornada da deusa, eles recalibraram quando se acredita que o vulcão entrou em colapso pela primeira vez, formando a vasta caldeira ativa ainda presente hoje.
Então, o que a geomitologia descobriu sobre dragões? Até onde sabemos, criaturas reptilianas que cospem fogo nunca existiram. E embora seja improvável que esse conjunto diverso de criaturas compartilhe uma única origem, acredita-se que alguns contos podem estar ligados aos fósseis de animais pré-históricos.
Uma dessas histórias é o mito grego de Cadmo, que, segundo a lenda, derrotou um feroz dragão aquático e cravou seus dentes afiados no solo. Sabe-se que os restos de mastodontes, incluindo seus molares grandes e pontudos, estão abundantemente espalhados pela Europa.
Isso levou alguns a sugerir que antigos contadores de histórias podem ter criado o conto de Cadmo após desenterrar esses fósseis de mastodontes.
Paleontólogos também desenterraram ossos de mastodontes em Quios, uma ilha grega que se diz ter sido aterrorizada por outro dragão de dentes afiados. O que é ainda mais convincente é que as características físicas distintas de dragões de diferentes regiões frequentemente espelham achados fósseis locais.
Os chifres do auspicioso e celebrado Loong chinês podem ter sido influenciados por crânios fossilizados de veados do Plioceno, que são comumente encontrados no norte da China.
Nas Colinas Siwalik, no Paquistão, lendas de dragões com cristas únicas e adornadas com joias podem ter sido inspiradas pelos cristais de calcita frequentemente incrustados em fósseis locais, como a Sivatherium, uma espécie extinta de girafa.
Outras características bestiais, como o sopro de chamas, podem ter sido conectadas a características geotérmicas, como vulcões e fontes termais.
Veja a Quimera, um híbrido de leão, cabra e dragão, supostamente originário do que hoje é a Turquia. Segundo a lenda, a fera foi morta pelo herói Belerofonte, que enfiou um bloco de chumbo em sua garganta flamejante, sufocando-a.
Alguns estudiosos levantam a hipótese de que as saídas de gás natural que cospem fogo, no sul da Turquia, podem ter desencadeado histórias sobre essa fera que cospe chamas.
Da mesma forma, as paisagens aparentemente queimadas do oeste da Turquia, que são o resultado de antiga atividade vulcânica, podem ter despertado histórias do confronto épico de Zeus e Tifão de cem cabeças.
De fato, alguns relatos dizem que a própria terra foi queimada pelos raios de Zeus durante seu duelo mortal. E mais pode ser descoberto a partir dos mitos sobre dragões do que apenas suas possíveis origens.
Na China, os paleontólogos frequentemente planejam escavações em regiões bem conhecidas por seus supostos depósitos de ossos de dragão. De fato, uma das áreas mais ricas do mundo para encontrar pegadas de dinossauros é chamada Huanglonggou, que se traduz como Vale do Dragão Amarelo.
Portanto, embora essas bestas míticas possam nunca ter rondado nossas cavernas, céus ou mares, suas histórias continuam a ser uma fonte de inspiração, tanto na fantasia quanto na ciência.
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