Por que as bandeiras dos países praticamente não usam a cor roxa?

Existem 196 países reconhecidos no mundo hoje e praticamente nenhum deles tem roxo em sua bandeira nacional. Ao longo da história, o roxo nunca foi usado para representar um reino, civilização ou império. Então, o que diabos há de errado com a cor roxa? É uma cor tão popular hoje em dia. Por que nenhum país a usa em sua bandeira? Não, o roxo não faz parte de uma minoria estigmatizada ou discriminada péla sociedade. A explicação posta é bem simples: o roxo costumava ser caro demais.

Nenhum país tem roxo em sua bandeira porque, até o século XIX, o roxo valia mais do que seu peso em ouro.

A cor roxa tem sido associada à realeza, poder e riqueza por séculos. Aliás, a Rainha Elizabeth I proibiu que qualquer pessoa, exceto membros próximos da família real, a usasse.

O status de elite da cor púrpura deriva da raridade e do custo do corante originalmente usado para produzi-la. O corante, inicialmente utilizado para criar a púrpura, vinha da cidade comercial fenícia de Tiro, que hoje fica no Líbano.

Comerciantes de tecidos obtinham o corante, chamado púrpura-de-Tiro, a partir das secreções de diversas espécies de moluscos marinhos, principalmente do gênero Murex, encontrados apenas na região do Mediterrâneo.

Os principais moluscos utilizados pertenciam à família Muricidae, e as espécies específicas mais utilizadas incluíam o Bolinus brandaris, conhecido popularmente como búzio-canilha; o Hexaplex trunculus, que produzia uma tonalidade mais azulada, e o Stramonita haemastoma, que produzia uma tonalidade avermelhada.

Esses moluscos, que são caramujos marinhos predadores, liberam um fluido de uma glândula hipobranquial que, quando exposto ao ar e à luz (oxidação), se transforma na cobiçada tintura púrpura.

A produção do corante era trabalhosa, pois eram necessários mais de 10.000 caracóis para criar apenas um grama de púrpura.

Como somente governantes ricos podiam comprar e usar a cor, ela passou a ser associada às classes imperiais de Roma, Egito e Pérsia.

A púrpura também passou a representar espiritualidade e santidade, pois os antigos imperadores, reis e rainhas que usavam a cor eram frequentemente considerados deuses ou descendentes dos deuses.]

No entanto, o corante era caro demais até mesmo para a realeza. O imperador romano Aurélio, do século III, notoriamente, não permitiu que sua esposa comprasse um xale feito de seda púrpura, pois custava literalmente três vezes o seu peso em ouro.

Um único quilo de corante custava três libras de ouro, o equivalente a duzentos e noventa e sete mil reais hoje.

Portanto, devido ao preço exorbitante, o roxo era uma cor tão astronomicamente cara que ninguém, nem mesmo as nações mais ricas, podiam se dar ao luxo de tê-la em suas bandeiras.

A tonalidade tornou-se mais acessível às classes mais baixas há cerca de um século e meio, em 1856, quando o químico inglês William Henry Perkin, então com 18 anos, criou acidentalmente um composto sintético roxo enquanto tentava sintetizar quinina, um medicamento antimalárico.

Ele percebeu que o composto poderia ser usado para tingir tecidos, então patenteou o corante, fabricou-o e ficou podre de rico.

O corante roxo passou a ser produzido em massa, tornando-se acessível a praticamente todos.

Mas todos sabem o que acontece quando a oferta é maior do que a procura: a elite deixou de valorizar o roxo e o símbolo de status desapareceu, mas as bandeiras dos países permaneceram as mesmas desde 1900.

Hoje apenas duas bandeiras nacionais usam a cor, ainda assim em pequenos detalhes sutis dos estandartes.

Na bandeira da Dominica, está presente no papagaio-de-bico-vermelho ao centro, e na bandeira da Nicarágua, é um pequeno detalhe dentro do arco-íris em seu brasão.

Desafiar seus amigos e familiares com curiosidades sobre vexilologia (estudo das bandeiras) pode ser bem divertido. Por exemplo, qual bandeira de país não é retangular? Nepal, cuja bandeira é composta por duas flâmulas.

Existe apenas um país entre os quase 200 existentes no planeta que não possui vermelho, branco ou azul em sua bandeira. Aliás, essas três cores são tão populares que 29 nações ao redor do mundo utilizam as três em seus desenhos.

Então, qual país é o ponto fora da curva? O único país cuja bandeira não possui vermelho, branco ou azul entre suas cores é - rufem os tambores- a Jamaica.

De fato, a bandeira desta ilha caribenha é composta por um X dourado no centro, ladeado por dois triângulos, um em tons de preto e outro em verde. Este desenho foi oficialmente adotado como a bandeira nacional da Jamaica em agosto de 1962.

O vermelho, o branco e o azul realmente são as cores mais comuns nas bandeiras nacionais. Segundo o Guinness, o vermelho aparece em 74% das bandeiras, seguido pelo branco (71%) e pelo azul (50%).

E quanto aos 29 países mencionados acima que usam todas as três cores? Além dos Estados Unidos, eles incluem o Reino Unido, a Islândia, a França, a República Tcheca, a Costa Rica, a Líbia, a Tailândia e a Coreia do Norte.