![]() | Com um maravilhoso tom azul-médio e ótimas possibilidades de mistura, não é difícil entender por que o ultramarino, ou "azul verdadeiro", faz tanto sucesso entre artistas do mundo todo. Hoje, é uma cor essencial para muitos, mas nem sempre foi tão acessível. Mais precioso que o ouro, o ultramarino genuíno já foi privilégio apenas dos patronos mais ricos. Em 1824, uma versão sintética chamada ultramarino-francês tornou a cor mais acessível. Mas o azul-ultramarino feito de lápis-lazúli verdadeiro pode ser vendido por mais de R$ 11 reais a grama hoje em dia. |

O lápis-lazúli é uma pedra semipreciosa azul brilhante extraída principalmente nas minas do Afeganistão, cujo futuro é incerto devido a retomada do país pelo grupo fundamentalista islâmico Talibã.
Então, como é produzida a cor mais cara do mundo e por que as pessoas estão dispostas a pagar por ela?
Para muitos artistas, o azul ultramarino é a primeira escolha, independentemente da técnica utilizada. É um azul versátil, que oferece uma cor brilhante por si só, mas que demonstra ainda mais diversidade em misturas.
As origens do ultramarino remontam às profundezas da terra, com o mineral semiprecioso lápis-lazúli. O principal componente do lápis-lazúli é a lazurita, mineral que lhe confere sua cor azul característica. Antes do século XIX, essa pedra era a fonte do pigmento ultramarino.
O lápis-lazúli é apreciado há muito tempo por sua cor intensa. Aliás, antes de ser usado como pigmento, ele adornava objetos decorativos, esculturas e joias.
Os exemplos mais antigos do pigmento lápis-lazúli encontram-se em pinturas rupestres em Bamiyan, no Afeganistão, datadas dos séculos VI e VII d.C. É no Afeganistão que começa a jornada da tinta ultramarina.
Burros e camelos transportavam pepitas de lápis-lazúli afegão ao longo da Rota da Seda, na época, a rota comercial mais movimentada e influente do mundo.
Da Síria, as pedras seguiam de navio até Veneza. Artistas de toda a Europa sabiam que podiam encontrar o ultramarino da mais alta qualidade em Veneza. Assim, sua popularidade se espalhou por todo o continente.
Criar pigmento ultramarino a partir de lápis-lazúli era um processo demorado e caro. O lápis-lazúli é repleto de impurezas. Extrair lazurita pura dessas impurezas é uma tarefa árdua, e quaisquer impurezas residuais resultariam em um pigmento acinzentado indesejável.
O mineral moído era inicialmente misturado com resinas, óleos e ceras antes de ser aquecido para formar uma massa. Essa massa era revirada e, em seguida, colocada em uma solução de soda cáustica.
Nessa solução, flocos azuis se separavam, afundavam e secavam, criando um pó azul fino. Os trabalhadores repetiam esse processo diversas vezes, com cada amassamento subsequente extraindo qualquer resíduo de cor. O amassamento final extraía um pigmento acinzentado e pálido conhecido como "cinza ultramarino".
Como dizíamos, o ultramarino já foi mais caro que o ouro devido ao seu longo e complexo processo de produção e à dificuldade de obtenção da matéria-prima.

Lápis-lazúli.
Seu alto preço refletia-se em seu uso e os artistas o utilizavam com parcimônia. A partir do século XV, era comum vê-lo como esmalte em pinturas religiosas, especialmente sobre as vestes da Virgem Maria, para realçar suas cores e simbolizar sua divindade.
A cor não era apenas um símbolo de pureza e divindade, mas também um símbolo de status para os mecenas ricos o suficiente para encomendar seu uso.
Às vezes, os abastados compravam o pigmento, liberando-o para o artista contratado apenas quando necessário. Os artistas também costumavam faturar separadamente as viagens a Veneza para as encomendas, o que lhes permitia obter o pigmento. Uma das obras de arte mais notáveis que utilizam ultramarino genuíno é "Baco e Ariadne", de Ticiano, mostrada no topo deste artigo.
Devido a sua raridade, o Colégio Real de Arte iniciou a busca por um ultramarino sintético e ofereceu um prêmio para a primeira formulação.
Um prêmio maior foi oferecido pelo governo francês e conquistado em 1826 pelo químico francês Jean-Baptiste Guimet.
Sua fórmula incluía argila, soda, carvão, quartzo e enxofre, e produzia uma cor com a mesma estrutura química e intensidade do ultramarino genuíno.
Com a introdução de um novo ultramarino mais acessível, a tinta de lápis-lazúli genuína perdeu popularidade. Na década de 1870, o ultramarino-francês tornou-se o pigmento ultramarino padrão.
Alguns fabricantes ainda produzem tinta genuína de lápis-lazúli, sendo que a maioria obtém o mineral de minas no Chile e na China.
O azul ultramarino-francês é um azul médio feito a partir de um único pigmento, o PB29. Diferentes tons de ultramarino estão disponíveis em diferentes marcas, então você pode encontrar ultramarino-verde, ultramarino-claro, ultramarino-profundo e outros. No entanto, todos usam o mesmo pigmento.
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