![]() | No extremo leste da ilha japonesa de Shikoku, há uma vila montanhosa conhecida como Nagoro prestes a desaparecer. Tal como muitas outras cidades pequenas em todo o Japão, a sua população vem diminuindo todos os anos, com pessoas falecendo ou migrando para as grandes cidades em busca de uma vida melhor. Para combater a solidão, uma mulher mais velha chamada Ayano Tsukimi criou centenas de kakashis (espantalhos) para repovoar a área, dando a Nagoro o apelido de "Aldeia das Bonecas". |
![Vila japonesa está repleta de centenas de bonecos posando como pessoas reais e todos feitos por uma mulher](https://imagens.mdig.com.br/japao/bonecos_nagoro_01.jpg)
Essas bonecas em tamanho real são feitas de palha, jornal e roupas velhas. Embora sejam bastante detalhados, foram suas colocações em toda a vila que chamaram a atenção mundial. Ayano os posiciona pela cidade em poses realistas, sejam eles fazendo reparos, estudando muito na escola, esperando o ônibus ou simplesmente relaxando após um dia de trabalho. Se você passasse rapidamente, poderia facilmente confundi-los com pessoas reais.
![Vila japonesa está repleta de centenas de bonecos posando como pessoas reais e todos feitos por uma mulher](https://imagens.mdig.com.br/japao/bonecos_nagoro_02.jpg)
O projeto de Tsukimi começou em 2002. Depois de passar parte de sua vida em Osaka, ela voltou para Nagoro. Para proteger um campo de pragas, ela fez seu primeiro espantalho: um boneco gigante parecido com seu pai. Depois que sua criação chamou a atenção dos vizinhos, ela decidiu fazer mais para homenagear aqueles que partiram ou morreram. É por isso que cada boneco tem um nome e sua personalidade, idade e história estão catalogadas.
![Vila japonesa está repleta de centenas de bonecos posando como pessoas reais e todos feitos por uma mulher](https://imagens.mdig.com.br/japao/bonecos_nagoro_03.jpg)
Embora Nagoro seja o lar de cerca de duas dúzias de residentes, agora tem mais de 300 bonecos. Os kakashis inspiraram visitantes de todo o mundo a viajar durante várias horas pelas estradas sinuosas do Vale Iya para vislumbrar este lugar único, depois que o cineasta Fritz Schumann lançou um pequeno documentário sobre Ayano e Nagoro.
![Vila japonesa está repleta de centenas de bonecos posando como pessoas reais e todos feitos por uma mulher](https://imagens.mdig.com.br/japao/bonecos_nagoro_04.jpg)
As bonecas ainda têm sua própria festa no primeiro domingo de outubro de cada ano. Para alegria de Ayano, muitos visitantes estão ansiosos para dar uma olhada em sua oficina.
![Vila japonesa está repleta de centenas de bonecos posando como pessoas reais e todos feitos por uma mulher](https://imagens.mdig.com.br/japao/bonecos_nagoro_05.jpg)
Fritz disse que havia guardado em suas lembranças a notícia de uma senhora que fabricava bonecos e os espalhava pelo vilarejo. Quando morou no Japão em 2009, ele leu pela primeira vez em um blog sobre a história de Ayano e resolveu ir pra lá.
Uma de suas motivações para visitar o vilarejo e fazer o documentário, foi sua própria avó, com mais de 80 anos que falava constantemente sobre a morte e já tinha visto muito de seus amigos e familiares passarem para o outro plano, por isso, resolveu conversar com Ayano para entender o sentimento de sua avó.
Ayano voltou para Nagoro para ficar perto de sua mãe, hoje já falecida. Ela ainda tem marido e filha que vivem em Osaka. De tempos em tempos ela visita sua família, mas prefere ficar em Nagoro cultivando seu jardim e sua horta, mantendo uma vida sustentável e criando seus bonecos.
Ela diz não temer a morte ou pensar sobre o assunto, mesmo com o hospital mais próximo ficando a 90 minutos de distância. Afirma que viverá eternamente através de sua boneca inspirada em seus traços.
Se você estiver no Japão e quiser visitar este lugar peculiar, a agência de viagens local Shikoku Tours sugere pegar um táxi, já que o lugar é tão remoto e pequeno que é fácil passar despercebido. No caminho até lá, é provável que você veja mais desses bonecos nas aldeias cada vez menores. Desde que os kakashis alcançaram o status de forma de arte local, a área se tornou uma espécie de atração turística e agora está repleta de vida.
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